Duas equipes, dois gigantes e duas ideias e ideais completamente oposto. O ‘ranzinza’ Abel Ferreira confronta o ‘sortudo’ Renato Gaúcho em uma das maiores finais de Libertadores dos últimos anos. Não há favoritos, não há apostas que dignificam quem irá vencer, mas um sintoma claro entre Palmeiras e Flamengo é que o encontro poderá entrar para a história como uma final do tamanho de dois treinadores históricos por si só. Segundo informações do futdados, as campanhas dos dois times já flertam com as melhores das histórias de cada time superando, inclusive, campanhas do título. Campeão em 2020, o Verdão de Abel teve 82.05% de aproveitamento enquanto o atual possui 75% de índice. Já Renato foi vencedor em 2017 com o Grêmio e teve 76,19%, um número abaixo comparado com a campanha rubro-negra desta temporada com 83,33%.
Abel Ferreira chegou no Brasil em 2020 sob olhares de desconfiança do torcedor. Um técnico com certa experiência, mas que carecia de competições e times de maior peso. Outro fator que acendeu um sinal de alerta foi a falta de títulos. Em quatro anos como treinador profissional, o português não tinha levantado nenhum caneco e isso incomodou parte da torcida que buscava um nome que pudesse resolver e conquistar competições. O que esses palmeirenses em especial não imaginavam é que Abel mudaria esse jogo de uma maneira simples, um pouco conturbada, mas vitoriosa.
Logo em seu primeiro ano, o técnico embalou uma Libertadores contra um rival e uma Copa do Brasil diante de um dos maiores campeões do torneio. Apesar de irregularidades no meio do caminho, Abel Ferreira potencializou jogadores, evoluiu aqueles que já eram bons e deu mais espaço para que jovens da base crescessem e fossem cruciais para seu estilo de jogo. Se alguns questionamentos pudessem ser feitos quanto ao tamanho do treinador, o seu modo de treinar e o jeito que tem o elenco na mão é algo importante e que vem dando resultado significativo. Mesmo com todas as pressões da torcida por ainda mais, os resultados, as finais e o trabalho de Abel precisam ser valorizados como o de um cara que está há mais tempo na posição.
Esse cara, Renato Gaúcho, é um nome da posição com trajetória de sucesso como jogador, mas que demorou para colher os primeiros frutos. As primeiras experiências do “boleiro” foram ainda em 1996, mas o primeiro troféu só veio em 2007 com a Copa do Brasil conquistada pelo Fluminense. Curiosamente, Renato só veio, de fato, virar um grande nome do mercado nacional da categoria quando retornou ao Grêmio, clube em que mais jogou na carreira como jogador.
O “grande” Renato Portaluppi só veio aparecer em 2016, ao reformular seu estilo de jogo, ter uma posição quase única de defender seus comandados e saber como poucos proteger o vestiário e entregar a pressão totalmente para os adversários. Apesar das fracas campanhas em pontos corridos, o Tricolor “copeiro”, faturou a Copa do Brasil em 2016, o tetra gaúcho entre 2018 a 2021, além da Libertadores em 2017 e a Recopa Sul-Americana de 2018. Durante os mais de cinco anos sob o comando do Grêmio, o treinador conseguiu extrair de seus comandados o melhor tanto de jogadores novos como de veteranos, mesmo que questionados em seu momento de contratação, mas que renderam frutos até o fim da temporada passada.
No Flamengo, Renato pareceu retomar sua melhor forma no começo de sua passagem, impressionou principalmente na Libertadores, mas oscilou no Brasileirão e foi eliminado na Copa do Brasil. Um trabalho bom, mas que ainda carece de ajustes, mas que pode render muitos frutos para clube e torcida. Desejado por muitos antes da chegada, Gaúcho sofre do mesmo mal que Abel Ferreira passa “do outro lado do muro”. O ódio de parte da torcida, que deseja um futebol melhor, mesmo estando na segunda final em três anos da maior competição sul-americana.
A final deste sábado, reúne dois treinadores históricos e folclóricos por si só, em busca de cada vez mais e com elencos na mão. Se parte da torcida rejeita seus comandantes, os vestiários aprovam, jogam juntos e vão até o final com as ideias e ideais propostos por cada um. Felizes ou não, a Glória Eterna da Libertadores terá apenas um dono na temporada 2021. Palmeiras bicampeão no mesmo ano ou Flamengo no posto mais alto do pódio? Façam suas apostas porque os dados estão aí para apagarem completamente tudo o que foi feito até aqui e premiar o mais provável dos improváveis heróis do campo e dos bancos de reserva.