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Conselheiro do Cruzeiro rebate ataque de Perrella e critica Pedrinho: ‘Não precisamos de mecenas’

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Foto: Reprodução/Esporte News Mundo
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Luiz Carlos Rodrigues é empresário e conselheiro do Cruzeiro. Ele herdou seu nome e o vínculo com a Raposa de seu pai, a quem define como “uma pessoa ilustre”. Candidato à presidência do Conselho Deliberativo do clube nas eleições que ocorreram no ano passado, Luiz forma hoje uma frente de resistência e oposição à atual gestão celeste.

Na última semana, ele entrou na Justiça pedindo uma liminar para que a reunião que viria a definir o projeto de SAF no Cruzeiro fosse suspensa e postergada para o mês de setembro. Apesar da tentativa, a votação ocorreu normalmente no dia 3/8 e foi instituído o projeto, o qual definiu em entrevista ao Esporte News Mundo como ilegal:

— Convocação estapafúrdia e açodada para aprovação da constituição da SAF Cruzeiro, ‘inovada’ com votação híbrida, remota, de forma a assoalhar o voto e nos intimidar. E feita por obséquio. Sem valor de mercado. Ilegal, pois tramada de forma a não responsabilizar solidariamente a dívida do futebol à SAF, tornando o clube inexequível. A receita dos associados não pagaria todo o ônus trabalhista, tributário, previdenciário e tantos outros. Será a falência do Cruzeiro. Sua insolvência. O patrimônio da instituição desaparecerá, pois já está dado em garantia.

Luiz Carlos Rodrigues

Motivação por trás da liminar

Em busca de mudanças na estrutura do Cruzeiro, Luiz Carlos faz parte do chamado ‘Grupo Independente’, órgão de conselheiros celestes responsável pela tentativa de impedir a reunião que aprovou o projeto clube-empresa. Ele atribui os seguintes pontos como motivação da liminar:

— Estatuto não cumprido; reuniões canceladas; denúncias; renúncias; interesses financeiros, políticos e empresariais; acordos; compromissos; pagamentos; mágoas…

Rodrigues relata também que o Conselho celeste fora terceirizado ao assessor Rogério Nunes de Oliveira, o ‘Rogerinho’, a quem atribui vínculo com a família Perrella. O empresário afirma que “calam” os conselheiros com promessas de promoção ao cargo de conselheiro nato ou pelo que define como “esdrúxula fidelidade”, devido à indicações.

Forte opositor a Sérgio Santos Rodrigues, atual presidente do Cruzeiro, Luiz pretende levar para frente um requerimento que busca destitui-lo do cargo:

— Tenho sido crítico ferrenho à gestão Sérgio/Perrella/Família União. Não vejo condição moral e ética para permanência desta diretoria e da presidência do Conselho, por isto, apresentei requerimento para levar o impedimento destes ao plenário. Pretendo obter adesão de pelo menos 160 conselheiros.

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O que é o ‘Grupo Independente’?

— O grupo se formou no início de 2020 para, no pleito, trazer ao debate a independência entre o ‘clube social’ e o ‘futebol SAF’, além do necessário resgate do ‘patrimônio moral’ do Conselho. Éramos em quatro conselheiros; hoje, somos eu e Roberto Magalhães. André Fernandes se reelegeu pela chapa do Sérgio / Nagib (Simões) e o (André Helian) Martins não o permitiram na chapa única – disse Luiz, que ressaltou a busca do Grupo Independente pela democratização do estatuto celeste.

Entre as medidas propostas pelo coletivo, estão as seguintes mudanças:

  • Fim do voto valorado na assembleia geral;
  • Implantação do quociente eleitoral para a eleição dos efetivos (redução para 120 efetivos e sem suplentes);
  • Redução do número de conselheiros “natos”, aos existentes;
  • Eleição “direta” dos membros do Conselho Fiscal, que não representariam nenhuma chapa;
  • 2º turno nas eleições (presidência e mesa diretora), prevista a “maioria simples” dos votos (50% + 1).

SAF Cruzeiro

Apesar de seus integrantes terem votado contra o projeto na comissão realizada no início de agosto, o Grupo Independente não é contra a SAF no Cruzeiro. Luiz Carlos explica como seria o modelo de sociedade anônima ideal em sua visão:

— A SAF Cruzeiro seria cedida por tempo determinado, sendo 50% das ações destinadas a PF (sócio torcedor) e outros 50% à PJ (empresas). Teríamos a proteção e sustentabilidade exercida pelo Sócio do Futebol, com pronta capitalização, feita por 50.000 sócios torcedores (PF), que viabilizaria a quitação dos compromissos imediatos – FIFA, acordos, salários – e como contrapartida, a mensalidade da ‘cadeira cativa’, viabilizando um elenco de nível de Série A. Com a capitalização dos outros 50% (PJ), se investiria em centro de treinamento, em jovens jogadores e em outros compromissos. A contrapartida mensal da PJ seria destinada ao consórcio de credores
(trabalhista) e a parcela mensal do litígio junto a Fazenda Pública, de natureza tributária e não tributária, desonerando a instituição, que estaria preservada com seu patrimônio social e protegida a ‘marca Cruzeiro’.

O empresário também afirma que não há saída para a crise senão pela torcida e a independência do clube social do futebol empresa.

Irmãos Perrella

Em entrevista ao ENM, lançada na última sexta-feira (6), Alvimar Perrella fez críticas a Luiz Carlos Rodrigues. Na ocasião, ele o definiu como uma pessoa “sempre do contra” e “fracassada politicamente dentro do clube”. Perguntado a respeito das declarações, o empresário respondeu o ex-presidente celeste:

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— Não procuro espaço no clube, não sou candidato a nada e não tenho este perfil. Cumpro com responsabilidade meu dever de conselheiro. Vivo o clube há 61 anos, sou independente, selo por princípios éticos e institucionais. Alvimar tenta desqualificar as pessoas que votaram contra, mas preciso relembrar: um desembargador, um delegado, um advogado, um cineasta e três empresários. Todos com relevantes serviços prestados ao Cruzeiro.

Rodrigues também diz entender Alvimar e Zezé Perrella como os grandes responsáveis por toda a derrocada da instituição. “Desqualificaram o Conselho. Confundiram seus interesses pessoais e políticos com interesses da instituição. Usaram o Cruzeiro“, complementa.

Quem foi o pai de Luiz Carlos, ‘grande dirigente’ do Cruzeiro?

Descrito por Alvimar Perrella na entrevista como “um grande dirigente do Cruzeiro”, o pai de Luiz Carlos Rodrigues foi presidente do Conselho celeste e teve um vínculo de décadas com a Raposa. Seu filho conta um pouco de sua história no clube:

— Meu pai, Luiz Carlos, cujo o nome herdei, foi uma pessoa ilustre. Nasceu na Rua dos Guajajaras, em frente ao clube. Frequentou, ‘todos’ os dias de sua vida, o bairro do Barro Preto. Foi atleta, jurídico, presidente do Conselho. Redigiu o estatuto do Cruzeiro, que depois foi desvirtuado por interesses dos Perrella. Com isto, fez seu último – sempre brilhante – discurso e não participou mais da vida política.

Leia também: Em entrevista, jornalista Rodrigo Capelo reflete sobre clubes-empresa no Brasil e possível refundação do Cruzeiro

Críticas a Pedro Lourenço, do Supermercados BH

Outro grande nome dos bastidores do Cruzeiro criticado por Luiz Carlos é Pedro Lourenço, dono da rede Supermercados BH e principal patrocinador do clube:

— Não precisamos de mecenas, e sim de investidores. Pedrinho diz que não empresta dinheiro ao clube, mas não é o que se entende da prestação de contas do clube. Tem sido recorrente a interferência inapropriada na gestão do futebol, que expõe mais ainda a fragilidade do presidente Sérgio e sua já combalida gestão. Pedro passa dos limites. Mesmo que haja algum passivo, algum adiantamento de contrato, mesmo tendo sua ‘marca’ estampada ou vinculada em nossa camisa, é imperdoável sua intromissão.

Saída para a situação do Cruzeiro

Ao fim da entrevista, o conselheiro explica qual seria, em sua visão, a saída ideal para a atual situação política do Cruzeiro:

— Penso em um pacto. Nele, o presidente nomearia um Conselho ‘interventor’ que assumiria e viabilizaria administrativa e economicamente o Cruzeiro por um prazo determinado de cinco meses, até a efetivação da reforma do estatuto e novas eleições gerais democráticas. Estas, imperativas à pacificação… Nele, presidente e mesa (diretoria) não perderiam seus cargos, embora demissionários. Seus membros poderiam até se candidatar novamente. A reforma do estatuto contemplaria a separação do clube social do futebol empresa e na sequência seria convocada uma assembleia geral para eleição de um novo Conselho de Efetivos, além de conduzir à eleição da mesa diretora do Conselho, e consequente à eleição para presidente. Assim, de forma simples, estariam reestabelecidas a ordem e a democracia, com consequente pacificação.

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