Cruzeiro: ‘Pressa’, mau jogo de pontas e excesso de cruzamentos acendem alerta logo em estreia na Série B

O primeiro encontro entre o Cruzeiro e a Série B do Campeonato Brasileiro por pouco não terminou em desastre. Em sua estreia no segundo escalão do futebol nacional, a Raposa sofreu, mas com um gol de Jean os 42 minutos do segundo tempo, pouco depois de ter sofrido o empate, venceu o Botafogo-SP por 2 a 1, na noite deste sábado. O time de Ribeirão Preto, porém, não foi o único adversário da equipe celeste no Mineirão. Outro rival atrapalhou e deve acompanhar os comandados de Enderson Moreira ao longo das próximas rodadas: o senso de urgência.

Por punição da Fifa devido a uma divida com o Al-Wahda, dos Emirados Árabes, relacionada ao volante Denilson, o Cruzeiro iniciou a Série B com seis pontos a menos. Com a vitória neste sábado, o time agora figura com “-3” na tabela. Mesclada à obrigação de retornar à elite do Brasileiro, a nítida ansiedade para vencer e começar a quitar o débito na pontuação foi a tônica do Cruzeiro no gigante da Pampulha – como descreveu Marcelo Moreno, ao “Grupo Globo”, na saída para o intervalo.

PONTAS COM ‘PÉS ABERTOS’ NÃO FUNCIONAM

Com a repetida opção de Enderson Moreira por escalar nas pontas o canhoto Maurício na esquerda e o destro Stênio na direita, o ataque do Cruzeiro ficou mais uma vez engessado e abusou dos cruzamentos. Foram 27 bolas alçadas na área do Botafogo-SP, com apenas sete (26%), convertidas em finalização. Apesar de uma delas ter sido o cabeceio de Cacá, que abriu o placar no Mineirão, o repertório curto preocupa para a sequência da competição.

À esq., o mapa de atuação de Maurício, que conseguiu movimentar-se um pouco mais. À dir., Stênio, totalmente preso à ponta direita. (Dados: Sofascore)

A opção por Maurício na nova posição, em que o próprio afirmou nunca ter atuado antes, é colocada ainda mais em xeque visto o desempenho do jovem de 19 anos atuando pela direita, “cortando” para o centro do campo, antes da pandemia. Foram três gols, duas assistências (líder em ambos fundamentos) e jogador de linha com mais minutos jogados. Com Enderson, chegou a marcar um gol protocolar de cabeça contra a Patrocinense, na semifinal da Copa Inconfidência, mas ainda não conseguiu uma atuação de destaque.

O caso de Stênio é de nota ainda mais negativa. Até o momento, o garoto não justificou a confiança do comandante da Raposa. Contra o Botafogo-SP, o terceiro jogo seguido como titular, foram 15 bolas perdidas pelo jovem – líder em campo na estatística. A pouca movimentação, em conjunto com o físico ainda em maturação, encaixotaram no lado direito o jogador – que aos 17 anos, tem tempo de sobra para evoluir.

À parte a ansiedade em virtude da estreia em uma nova competição, preocupa a dificuldade na criação de jogadas do Cruzeiro, dentro de casa, ante a um adversário que não figura entre os favoritos ao acesso à Série A. Apesar de ter chegado à final do Troféu do Interior, em que perdeu para o Red Bull Bragantino, o Botafogo-SP foi o último colocado do Grupo B Paulistão, com 11 pontos conquistados em 12 jogos, e lutou contra o rebaixamento.

Após abrir o placar com Cacá, apenas aos 17 minutos do segundo tempo, neste sábado, a equipe mineira teve três volantes em campo e limitou-se a defender até levar o empate com o gol do bom Wellington Tanque. A vitória viria logo depois, mas permaneceram as rugas de preocupação ao torcedor cruzeirense apesar dos três pontos.