Danilo foi o primeiro atleta da seleção brasileira a comentar as condenações de Daniel Alves e Robinho por estupro. Antes, na última quinta-feira, a chefe da delegação, Leila Pereira, disse que os casos representam “um tapa na cara de todas nós mulheres”. O lateral-direito refletiu sobre o machismo na sociedade e o papel dos jogadores, além de propor à CBF um trabalho de conscientização de jovens futebolistas.
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– Entendo que na minha posição, como jogador há mais tempo na Seleção, exercendo o papel que exerço, é importante que eu fale. Acho, sim, que é importante passar por conscientização dentro da seleção brasileira, nas categorias de base, mas também gostaria de fazer a reflexão de que a gente não faça o julgamento que isso acontece só no futebol, é reflexo da sociedade e vem a se espelhar no futebol. Enquanto atletas de alto nível temos que entender o lugar que a gente ocupa, nosso papel, entender que nossas ações tem um poder maior de influenciar positivamente e negativamente. Está na hora de entender melhor que nosso papel é jogar futebol, representar os clubes e a seleção brasileira, mas também servir de exemplo de comportamento e de forma de lidar fora de campo para a juventude – iniciou.
– Eu procuro muitas vezes me dissociar da figura de jogador de futebol porque a vida continua. Ser jogador de futebol é uma parte da minha vida, mas eu tenho outra parcela que também é importante. Dentro dessa parcela cabe aprendizado, crescimento pessoal, é o que eu busco. Temos que entender que temos mães, irmãs, filhas, esposas, namoradas e que essas mulheres passam por provações e pensamentos que nós, enquanto homens, não passamos. Como pensar em que roupa vai sair por um julgamento ou por abrir um suposto precedente para qualquer coisa. Conversando com uma pessoa outro dia ela me disse: “Se tem um caminhão parado na rua, eu não passo atrás porque tenho receio que ali tenha alguém que me faça mal”. Nós, enquanto homens, não temos esse tipo de receio – prosseguiu Danilo.
– É importante, falando mais uma vez para o Rodrigo (Paiva, diretor de comunicação) que está aqui representando a direção da CBF, poder iniciar essa conscientização, trazer conversas e debates, principalmente para a juventude, que é onde a gente consegue ir formando de modo mais genuíno esse pensamento reflexivo, se colocando no lugar das mulheres de forma empática, para que elas possam ter mais liberdade para ocupar os lugares que merecem ocupar – concluiu.
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Atualmente com 33 anos, Danilo está na seleção brasileira desde 2021. O lateral-direito disputou as últimas duas Copas do Mundo, sendo titular no Catar. Em 2002, o jogador criou o projeto Voz Futura, com o objetivo de promover conhecimento, debates e questionamentos.
O Brasil faz o primeiro amistoso da Data-Fifa neste sábado (23), contra a Inglaterra, às 16h (de Brasília), em Wembley. Depois, na terça-feira (26), enfrenta a Espanha, no Santiago Bernabéu.