A temporada de 2021 está se encerrando no futebol brasileiro e é natural para todo torcedor, ao final de cada ano, começar a projetar como será o futuro de seu time na temporada que se aproxima. Para o corintiano, essa cena se repete, porém, diferentemente das últimas três temporadas ao menos, o otimismo nunca esteve tão presente.
Primeiro, para entender o porquê desse sentimento pairar sobre a gigante maioria da Fiel Torcida, que sonha com conquistas nacionais e continentais e vê a equipe dar indícios em campo de que esses objetivos são reais, é necessário voltar ao final de 2020.
Passado recente
No dia 28 de novembro de 2020, em eleições realizadas no Parque São Jorge, Duílio Monteiro Alves foi eleito presidente do Corinthians para o triênio de 2021, 2022 e 2023, representando a chapa Renovação e Transparência, que tem se reelegido ininterruptamente desde o ano de 2007.
Apesar de representar a situação, o novo mandatário do Timão tomou posse no dia 04 de janeiro apresentando um discurso de mudança de curso em relação ao seu antecessor no cargo e aliado político, Andrés Sanchez.
Duílio prometia um política de contenção de gastos no futebol do Alvinegro paulista, em meio à crise financeira que o clube se apresentava, escancarada pelo balanço financeiro de 2020 que veio a público no mês de março mostrando um déficit de aproximadamente R$960 milhões.
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E cumprindo com sua palavra, o dirigente máximo corintiano tratou de mudar os rumos das movimentações no elenco do time profissional masculino de futebol que vinha sendo realizado sob a batuta de Andrés.
Se no início do ano o Corinthians contava com uma folha salarial que se aproximava dos R$ 14 milhões, com o passar dos meses, realização de empréstimos de jogadores e liberação de atletas que tinham contratos próximos do fim e não faziam mais parte do plano esportivo do então técnico Vagner Mancini, a gestão de Duílio conseguiu diminuir os vencimentos mensais de seus jogadores em aproximadamente R$ 4 milhões em julho.
Apesar do êxito financeiro em conter os danos no calvário financeiro que o clube se encontrava, esportivamente o Timão decepcionava, uma realidade, até certo ponto, já esperada. No Campeonato Paulista, eliminação nas semifinais para o rival Palmeiras, queda na fase de grupos da Copa Sul-Americana e a desclassificação na terceira fase da Copa do Brasil para o Atlético-GO.
E mesmo com o “álibi” da contenção de recursos na equipe, o treinador Vagner Mancini não resistiu à pressão pelos resultados negativos e foi substituído por Sylvinho no final de maio.
Foi nesse contexto que Duílio fez alterações em seu plano de ação. A partir de julho, o Timão deixou de lado o fato de ainda não ter concretizado nenhuma contratação na temporada e em um intervalo de um mês e meio anunciou quatro reforços com status de titulares para seu plantel: Giuliano, Renato Augusto, Róger Guedes e Willian.
Em comum, todos esses jogadores, além do goleiro Carlos Miguel, estavam livres no mercado após se desvencilharem dos vínculos com suas antigas equipes, e somando-se a João Pedro, lateral adquirido por empréstimo junto ao Porto, de Portugal, contaram à favor de Duílio na narrativa de contenção de gastos.
No entanto, concomitante às adições ao elenco profissional de jogadores, o ambiente interno do Corinthians conviveu com atrasos dos salários dos próprios jogadores, dos funcionários do clube e dos pagamentos das ajudas de custo de atletas da base do clube, colocando em xeque à viabilidade dos negócios e a real saúde financeira da equipe.
Ainda lidando com essas questões, dentro das quatro linhas, o Corinthians conseguiu melhorar. Aos poucos, os reforços foram entrando no time, se adaptando, adquirindo ritmo de jogo e o resultado esportivo final acabou sendo o quinto lugar no Campeonato Brasileiro, rendendo uma vaga direta para a disputa da fase de grupos da Libertadores em 2022, algo que não acontecia desde 2017.
Presente
Depois da definição das competições que o Corinthians irá disputar no ano que se aproxima, o pensamento agora é na preparação do treinador e do grupo de jogadores que vão representar o Alvinegro paulista dentro de campo, e as ações já começaram.
Logo ao final do último jogo do Brasileirão 2020, frente ao Juventude, o diretor de futebol, Roberto de Andrade, tratou de garantir Sylvinho no cargo de técnico do Corinthians em 2022. Assim, já se sabe quem será o responsável por comandar os jogadores e encontrar soluções para o time em campo.
Essa primeira decisão, logo de cara, já demonstra a confiança e respaldo da diretoria com relação ao responsável por osquestrar a equipe, porém, fora do Parque São Jorge, também encontra certa resistência de parte da torcida, que não vê o treinador como a pessoa correta para o cargo.
O certo é que, em 2021, Sylvinho viveu altos e baixos. Conseguiu, com auxílio da adição de reforços ao longo da temporada, a vaga direta na Libertadores, mas em diversos momentos não teve êxito em fazer o time “vencer e convencer”, mesmo em ocasiões em que o resultado favoreceu o Timão.
A situação do treinador para a temporada que se aproxima, muito provavelmente, será uma tônica importante para o time conseguir, ou não, alcançar seus objetivos, até porque ele será o responsável por administrar um elenco que será ainda mais reforçado.
No último dia 15, o volante Paulinho foi mais um jogador a anunciar seu retorno ao clube, também se encaixando no perfil de reforços com status de titular que chegam sem custos ao time do Parque São Jorge.
O detalhe é que, diferente dos outros atletas, o meio-campo terá seus vencimentos pagos pela empresa Taunsa, do ramo do agronegócio, que anunciou uma parceria com o Timão e investimentos na equipe até dezembro de 2023.
Ainda sobre esse parceiro, a instituição está diretamente relacionada a outra questão que Duílio e a diretoria corintiana pretendem resolver e dar uma reposta à Fiel Torcida para o ano de 2022: a chegada de um ‘camisa 9’.
A adição de um atacante que resolva os problemas do Corinthians relacionados à bola na rede é, atualmente, o maior projeto interno em andamentos nos bastidores do Parque São Jorge, visto que esse nome é tratado como peça-chave para o objetivo central do Timão em 2022: voltar a levantar taças.
Futuro próximo
É seguro afirmar que, após um ano de gestão, a diretoria alvinegra projeta voltar a brigar por troféus com o investimento que vem sendo feito.
Se Duílio, há pouco menos de um ano, dizia que o Corinthians iria focar em equilibrar suas contas, a realidade agora, pelo menos pelo que suas ações demonstram, é que o panorama financeiro do Timão está controlado, permite buscar resultados esportivos, e que as possíveis premiações já entram na conta de um dinheiro que pode ser atribuído ao Timão.
No entanto, é importante ressaltar que o clube do Parque São Jorge não deve ter vida fácil para conquistar títulos como a Copa Libertadores, Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro, dado o fato que já há três times estabelecidos regendo as quatro linhas do futebol brasileiro: Atlético-MG, Flamengo e Palmeiras.
Portanto, é justo afirmar que o Corinthians, apesar da mudança de status traçada ao longo deste ano, começa 2022 como um coadjuvante, um time que tem recursos para incomodar, ao menos em uma frente, as três equipes que já têm seus projetos esportivos e financeiros — por ora — estabilizados em um alto nível.
Além disso, questões externas como o retorno das torcidas ao estádio desde o início do ano e a realização de uma pré-temporada após os últimos dois anos terem sido atípicos em relação à sua preparação colaboram para o Corinthians a corresponder com o otimismo de sua torcida, porém, a resposta para as expectativas do torcedor corintiano apenas o tempo irá dizer.