Automobilismo

Ecclestone defende GP da Rússia e elogia Putin: ‘honesto e honrado’

Ex-chefe da F1 defendeu Putin e a continuação do GP da Rússia em 2022.

Foto: Divulgação / Kremlin.ru / Wikimedia Commons

A invasão da Rússia na Ucrânia chegou nesta terça-feira, 1º de março, ao sexto dia de conflito entre os países vizinhos. De acordo com números da Agência da ONU para Refugiados, o número de pessoas que já deixaram território ucraniano chegou a 660 mil. Enquanto isso, na sexta-feira, 25, no segundo dia de invasões, o ex-chefão da Fórmula 1, Bernie Ecclestone, foi entrevistado pela rádio britânica Times, onde defendeu Putin e a continuação da corrida em Sochi, na Rússia.

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O rei do Bahrein Hamad bin Isa Al Khalif, Vladimir Putin e Bernie Ecclestone no GP de Sochi em 2014 (Divulgação / Kremlin.ru / Wikimedia Commons)

Questionado primeiramente se era favorável à corrida no circuito russo mesmo depois das primeiras ofensivas à Ucrânia, Ecclestone diminuiu o efeito que uma decisão favorável da F1 sobre o evento teria na visão internacional:

— Eu acho que depende muito em qual é o estado entre a Ucrânia e Rússia. Não vai fazer nenhuma diferença, se tiver uma corrida da Fórmula na Rússia, para o que está acontecendo no resto do mundo. […] Eu suponho que são as pessoas que estão envolvidas no evento que vão decidir sobre isso (não correr sendo um simbolismo de que o mundo não tolera a invasão) porque talvez têm outras pessoas que pensam que foi algo que era certo a Rússia fazer. Então, como qualquer um pode julgar exatamente o que está acontecendo hoje e se [a realidade] está perto disso?

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Bernie Ecclestone e o então ‘segundanista’ Max Verstappen em 2016 (Divulgação / F1 Official Website)

Se a Fórmula 1 concordasse e continuasse com o GP de Sochi (algo que não fez), no entanto, teria algumas ausências, a principal sendo o atual campeão Max Verstappen. O holandês afirmou que ‘não é correto’ correr num país em guerra. Apesar disso, para Ecclestone não faria diferença. Quando perguntado pela jornalista Jenny Kleeman se a F1 poderia acontecer sem seu campeão mundial, o britânico foi direto, afirmando que “sim, claro que sim. Ele é só uma pessoa no evento. Cabe à FIA e ao grupo da Fórmula 1 decidir se eles vão fazer parte ou não da corrida”.

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Sobre o conflito em si, o ex-chefe executivo do grupo da Fórmula 1 declarou que ainda será necessário as leis internacionais julgarem esse caso e que, na realidade, o mundo também deve analisar a posição da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN):

— Nós teremos que ver o que a lei internacional fala sobre isso. […] Eu não estou completamente esclarecido sobre os ‘quês’ e ‘comos’. Eu entendo que tudo isso começou porque ele [Putin] sugeriu que não queria que a OTAN ocupasse, ou participasse, do país que eles estão supostamente invadindo. Eu acho que foi isso que aconteceu. Se eles tivessem concordado que não aconteceria e a OTAN não estivesse lá, não teria esse problema. Então realmente é um caso de como o mundo enxerga toda essa posição com a OTAN.

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Divulgação / F1 Official Website

Ainda segundo a entrevista para a Times, Ecclestone defendeu o posicionamento de Putin, dizendo que o considera “honesto e honroso” e que fez “exatamente o que disse que iria fazer”, referenciando à invasão. Perguntado sobre uma fala de Putin, dizendo que não iria invadir o país, o britânico relevou e afirmou que “as circunstâncias mudam”.

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Finalizando, repetiu que considera responsabilidade do grupo da F1 e da Federação Internacional do Automobilismo (FIA) julgar o caso russo, mas que não deveria apenas seguir outros esportes, já que a UEFA retirou a final da Champions League de São Petersburgo:

— Eu acho que cabe totalmente ao grupo da Fórmula 1 e à FIA decidir se acham correto ou não. Não há nada que eu possa fazer sobre isso. Se eu acho que danifica a imagem do esporte? Eu não vejo porque um esporte deveria seguir outro. Imagina se a F1 decide correr lá, isso significaria que todo mundo deveria fazer igual ou vice versa se eles decidissem não ir? Todos os esportes não deveriam então?

Outras polêmicas de Ecclestone

Essa no entanto não é a primeira entrevista polêmica de Bernie Ecclestone. Em 2016, antes do GP de Sochi, na Rússia, declarou ao Sovetsky Sport que a democracia na Fórmula 1 tinha sido negativa, pois levou ao domínio de Mercedes e Ferrari, e o esporte tinha que voltar aos velhos tempos, quando ele “era o ditador” e tinha mais poder de decisão.

Também em 2016, num evento europeu de propagandas, o britânico afirmou que duvida que uma mulher retorne para o grid da Fórmula 1, já que “se tivesse alguém capaz, não seria levada a sério de qualquer forma”. No mesmo evento, defendeu que Putin deveria comandar a Europa, e endossou o apoio à eleição presidencial de Donald Trump, nos Estados Unidos, reforçando a política anti-imigrante do americano, já que, segundo o britânico, os imigrantes não contribuíram para seu país, o Reino Unido.

Já em 2009, Ecclestone declarou que Hitler era “um homem que fazia as coisas acontecerem” ao jornal The Times, além de afirmar que foi um erro derrubar Saddam Hussein no Iraque, já que “era o único que conseguia controlar aquele país”. Alguns dias depois, ao mesmo The Times, se desculpou pelos comentários:

— Eu me desculpo sem reservas pelas afirmações que fiz sobre Hitler em uma recente entrevista. Estou profundamente angustiado e envergonhado que essas declarações tenham sido usadas sugerindo que eu defendesse Hitler ou Saddam Hussein. Eu nunca defenderia esse tipo de pessoa. Durante os anos 1930, a Alemanha enfrentava uma crise econômica, mas Hitler foi capaz de reconstruir a economia, construindo a indústria alemã. Isso era o que quis me referir quando disse que ele sabia fazer as coisas.

Na invasão da Rússia à Ucrânia, os dois países já tentaram um acordo para cessar-fogo na segunda-feira, 28, em Belarus. No entanto, as negociações não avançaram e o dia terminou sem um acordo, porém com a expectativa de um segundo encontro.

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