Flamengo
Em reta final de contrato, Diego Ribas convoca coletiva e se declara ao Flamengo: ‘Foram seis anos maravilhosos’
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No dia em que completa seis anos no Flamengo, Diego Ribas anunciou na manhã desta terça-feira (19) que não renovará seu contrato com o Rubro-Negro e deixará o time ao final de 2022. Em entrevista coletiva convocada pelo próprio jogador no Ninho do Urubu, o meio-campista também afirmou que ainda não decidiu se vai se aposentar, mas garantiu que não atuará por nenhuma outra equipe no Brasil.
– Hoje completam seis anos do anúncio da minha chegada ao Flamengo. Foram seis anos maravilhosos. Na renovação ano passado definimos que seria meu último ano no Flamengo e venho aqui confirmar isso. Encerrará minha passagem pelo Flamengo. Não atuo também mais em outro clube brasileiro. Minha história no Flamengo é muito rica. Vou me dar mais meses ainda daqui para decidir se me aposento ou não. Se continuar, será fora do país. É aqui que quero viver essa reta final. Queria passar isso a vocês, aos torcedores, para que possa viver os últimos meses intensamente, cada jogo, e continuar sendo feliz – afirmou Diego.
+ Diego Ribas anuncia que deixará o Flamengo ao final desta temporada
O camisa 10 rubro-negro também respondeu sobre os planos para o futuro, mas não confirmou se continuará jogando, apesar de garantir que não vestirá outra camisa no Brasil. Uma das possibilidades é assumir uma equipe como técnico depois de pendurar as chuteiras. Diego afirmou que possui outros projetos pessoais, mas que primeiro pretende se dedicar à família após encerrar a carreira como jogador.
– Não tenho certeza de onde será e nem se eu vou, mesmo tendo possibilidades. Quero me dar mais um tempo para isso, são decisões importantes. Vai ser passo a passo. Decidi ano passado que seria meu último contrato pelo Flamengo. De fora vai depender. Se surgir algo bacana para mim e minha família, vamos seguir em frente. Ou posso parar. Agora quero deixar o tempo falar um pouco, sentir essas sensações, preciso ter o brilho no olhar que o Flamengo me proporciona. Nesse momento não tenho meu futuro 100% definido – disse o meia.
– Ser treinador para mim é um possibilidade, não uma certeza. Depois que me aposentar quero ver o futebol de fora. Tenho outros projetos também, quero compartilhar minha história. Os acertos, os erros, como segui em frente. Quero transmitir isso para as pessoas, é um propósito que tenho. Farei algo relacionado a inteligência emocional para atletas. Quero dominar o meu calendário quando parar. Tenho que ter esse controle. Num primeiro momento não estará ligado ao futebol. Depois de alguns anos, se eu sentir muita falta, eu voltaria. A primeira opção é como treinador, mas tenho que estudar e aprender muito. Os planos na minha cabeça são claros, mas não quer dizer que serão fáceis. Minha família cada vez mais sente falta da minha presença, meus filhos querem viajar comigo, me querem por perto. O principal sentimento que tenho aqui hoje é gratidão. O ciclo está se encerrando e vamos em frente – completou o camisa 10.
Alvo de polêmicas e apontado por liderar uma “panela” no elenco, Diego se defendeu e negou as acusações. O meio-campista chorou ao falar sobre o assunto e afirmou que para o bem do clube é preciso deixar o ego e a vaidade.
– O dia a dia é que fala. A verdade é daqueles que nos conhecem. Só espero que essas pessoas maldosas não tratem a vida de quem eles amam com a mesma dureza. Tudo que foi feito, foi construído com muita dignidade e seriedade. Mas é claro que as pessoas às vezes pegam pesado. Minha maneira de encarar isso é com muito amor. Sempre vou me posicionar. Vejo o lado bom das pessoas, mas realmente tem hora que é difícil de entender onde querem chegar com tanta maldade. Sigo construindo minha história. Isso demonstra quem eu sou. Quem pode dizer isso é só quem me acompanha no dia a dia. Quero o bem do Flamengo acima de tudo. É difícil sair. Para querer o bem da instituição é preciso passar por cima do seu ego e vaidade. E nem todos estão dispostos a isso – declarou o jogador.
OUTROS PONTOS DA ENTREVISTA:
Sobre a torcida
– Falar da torcida é maravilhoso. São fundamentais. Jogar bem, ser reconhecido, estádio gritando seu nome…tivemos altos e baixos, momentos muitos difíceis. O que seria da minha história sem esses momentos? Tentativa de agressão, meus filhos já ouviram graça, minha esposa atacada nas redes sociais. Alguns momentos passa do tom. Nossa sociedade vive momento de descontrole, insatisfação constante. Na vitória se xinga mais o adversário do que celebrar. Eu não concordo. Em relação a nossa equipe, situações passando do limite. Arão 370 jogos, 10 títulos, entrou em campi ganhando de 4 a 0 e é vaiado. Vitnho no último jogo mal entrou e foi vaiado. É normal? Para mim não é. Amo de coração a torcida, mas vamos refletir. Vamos aplaudir mais. Não vamos ganhar sempre. Como descarta um jogador como Arão, Vitinho? Ser persistente é quase uma afronta.
Pensou em desistir do Flamengo?
– Pensei. Mas minha vontade e coragem foram sempre maiores. Mas claro, sou ser humano. Tive momentos pesados. Você citou alguns (críticas, lesão na Libertadores 2019), mas tiveram outros. A eliminação para o Athletico ou quando eu quebrei a perna quando tudo estava dando certo. Eu pensei: ”será que não é pra dar certo?”. Jesus nos dá várias aulas e eu decidi sempre seguir em frente. Às vezes parecia que nada fazia sentido. Mesmo assim eu continuei. Depois fui presenteado de entrar na final da Libertadores. Nessa caminhada sim eu tive esses sentimentos, chorei demais, pensei que não era para ser, mas logo em seguida vem um sentimento maior da persistência. E cada gota de suor valeu a pena.
Ser o camisa 10 do Flamengo
– A camisa 10 inspira graças a jogadores como Zico. Sou um privilegiado. Vesti a camisa 10 do Pelé no Santos. Fui campeão brasileiro lá. Fui 10 da Seleção, campeão da Copa América e a 10 do Flamengo. Prazer muito grande, enorme. Cada vez que vejo a camisa 10, a camisa do Flamengo, tenho um orgulho muito grande, respeito muito grande. Eu peguei ela numa situação e estou entregando numa situação melhor. Que o próximo continue nessa caminhada, que continue inspirando jogadores. Cada vez com mais títulos e representatividade.
Relação de amor com o clube
– Foi maravilhosa. Difícil até explicar em palavras. Cheguei aqui realizado, mas a etapa do Flamengo foi como se tudo que eu passei nas experiências anteriores eu tivesse que colocar em prática aqui. Gestão, liderança, força mental, técnica. Fui campeão brasileiro com 17 anos de meia ofensivo. Aos 36 anos fui campeão novamente, no mesmo estádio, mas como volante. Minha relação com o Flamengo foi assim, de alegrias, mas me trouxe dificuldades e ensinamentos. Meu filho já me viu ser ovacionado, já me viu ser vaiado, já me viu sair do estádio chorando. Mas nunca me viu desistir. Eles participaram dessa jornada e isso é muito rico. E foi o Flamengo que proporcionou tudo isso. É um privilégio vestir essa camisa. Estou alegre e feliz para esses últimos jogos.
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Contratado em julho de 2016 Diego Ribas se tornou o jogador que está há mais tempo no Flamengo com a saída de Willian Arão. O meio-campista já participou de 273 jogos, marcou 44 gols, deu 32 assistências e conquistou dez títulos: Campeonato Brasileiro (2019 e 2020), Campeonato Carioca (2017,2019,2020 e 2021), Copa Libertadores (2019), Supercopa do Brasil (2020 e 2021) e Recopa Sul-Americana (2020).
Com Diego à disposição, o Flamengo se prepara para enfrentar o Juventude nesta quarta-feira, às 20h30, no estádio Mané Garrincha, em Brasília, pela 18ª rodada do Campeonato Brasileiro.