Futebol

Encontro de colecionadores de camisa de time reúne torcedores no Pacaembu

Colecionadores de camisas de time reunidos no estádio do Pacaembu (Foto: Thomaz Henrique)

Evento reuniu torcedores e comerciantes do ramo, que se encontram para comprar, vender e trocar camisas

(Foto: Thomaz Henrique)

Na manhã do último sábado (24), em frente ao Estádio do Pacaembu, em São Paulo, aconteceu o segundo encontro de colecionadores de camisas de time. O evento reuniu dezenas de torcedores e comerciantes do ramo, que se encontram para comprar, vender e trocar seus mantos. 

Torcedores olhando camisas de time. (Foto: Thomaz Henrique)

O idealizador do evento, Caio Infante, contou que a ideia do encontro de colecionadores, surgiu a partir de antigos encontros menores, que já aconteciam antes da pandemia, porém não continuaram devido às restrições sanitárias da época. Além disso, Caio percebeu que havia uma demanda forte no mercado por um evento como este, que não vinha sendo atendida. Esse foi o segundo encontro pós pandemia, o primeiro aconteceu em 2023. 

Caio, que também é o fundador de uma plataforma online de troca de camisas de time, explicou um pouco sobre o funcionamento do colecionismo de camisas e das diferenças entre trocas presenciais e online. 

Não existe lugar mais simbólico para o torcedor paulista, do que o Pacaembu. Com um pouco de boa vontade e iniciativa, eu fui atrás de algumas pessoas e aqui estamos na segunda edição do encontro em parceria com o Museu do Futebol. Isso que é legal do online, possibilitar essa troca entre torcedores do Brasil todo, no presencial você tem que esperar um ou dois anos por um evento, o online te possibilita fazer essa troca quando quiser. O presencial é muito legal também, tem gente que se conhece por causa do colecionismo. Aqui tem gente de Belo Horizonte, de Pelotas, do Rio de Janeiro, etc. Aí o pessoal vem pela resenha também – explicou.

Caio Infante durante o encontro de colecionadores de camisa de time. (Foto: Thomaz Henrique)

Sobre realizar o encontro de colecionadores em outros lugares, Caio disse que recebeu demandas de cinco estados diferentes, mas que hoje ele não tem condições de atendê-las. Entretanto, confirmou que na cidade de São Paulo haverá encontros em outros lugares e que, mais uma vez no estádio do Pacaembu, terá outro encontro em Junho. 

Um dos destaques do encontro, ficou por conta de Gabriel Campos. Natural da capital paulista e morador de São José dos Campos, Gabriel é artista e produz camisas personalizadas, pintadas à mão. Ele contou que a ideia de produzir essas camisas, veio da junção entre o amor pelo futebol, passado pelo pai, a influência da mãe, que sempre gostou de estar elegante além de seu talento natural para a arte. 

O artista de 27 anos falou sobre as peças que produz e a dedicação que cada peça precisa para atingir o resultado esperado.

É difícil escolher uma só camisa que eu goste mais. No fim do ano passado eu lancei uma coleção chamada ídolos BR, que reúne os doze maiores times do Brasil com cada camisa trazendo um momento marcante de um ídolo, de cada um desses times. Eu gosto muito dessa do Cássio, da defesa que ele fez na libertadores de 2012. Eu demorei o ano todo para fazer essa coleção, cada peça demorou uns vinte dias, mais ou menos, para ser produzida. Eu pintei no estilo realista, então é um trabalho muito minucioso. Também gosto muito dessa do Raí, dele batendo a falta em 1992. Eu me dedico muito para fazer esse trabalho, faço de corpo e alma – explicou Gabriel.

Gabriel mostra camisa que pintou com imagem do goleiro Cássio. (Foto: Thomaz Henrique)
Gabriel mostra camisa que pintou com rosto de Ronaldo Fenômeno. (Foto: Thomaz Henrique)

Dentre os colecionadores de camisa de time, aqueles que trabalham com isso, o fazem como uma segunda renda. Enrico Barbosa, de 30 anos, que é profissional de marketing explicou como é trabalhar com camisas de time e como o colecionismo mostra o lado “humano” do futebol. 

– Eu coleciono camisas desde moleque, é bom que quando você fica adulto você pode ir na fábrica de chocolates e comprar o bombom que você quiser. Eu e meu amigo temos uma loja, mas o foco aqui hoje é a troca, é muito legal isso da história que tem por trás de cada camisa. É um hobby onde a gente pode demonstrar a nossa paixão e ainda ganhar uma graninha extra.  Esse encontro mostra que as pessoas podem ser civilizadas. Aqui tem gente vendendo camisas só do Corinthians e você não vê nenhum palmeirense indo tacar fogo nas camisas. É muito positivo ver todos os torcedores aqui apenas promovendo a cultura futebolística.  

Enrico exibe a coleção de camisas de sua loja. (Foto: Thomaz Henrique)

Os amigos Gabriel Salazar e Victor Rios não estavam no evento somente pelas camisas. Eles trabalham com produção audiovisual e foram ao encontro para produzir um documentário sobre a inserção das camisas de time na cultura streetwear. Gabriel explicou que o pai trabalhava com futebol e que ele, desde pequeno, está inserido nessa cultura . Já Victor seguiu o caminho oposto. A família não acompanhava futebol e depois de assistir um jogo do Corinthians ele começou a assistir futebol e se apaixonou pelas camisas de time. 

Gabriel (camisa branca) e Victor (camisa roxa) com seu equipamento de gravação durante o encontro de colecionadores. (Foto: Thomaz Henrique)

Os amigos explicaram que não são daqueles torcedores que investem tanto dinheiro em suas coleções. 

– Eu nunca paguei muito, sempre consegui fazer bons negócios. Como meu pai trabalhava com futebol eu conseguia falar com uma pessoa aqui, outra ali, fazendo uns rolos para conseguir as camisas. O máximo que eu já gastei foi com uma da seleção do Japão em parceria com um artista japonês, paguei R$350 na promoção – contou Gabriel.

– Eu também sou do garimpo. Acho que o mais caro que eu já paguei foi R$280 em uma do Corinthians de 2016. Logo depois do título brasileiro. Mas eu sou assim, de procurar, ir atrás em brechó para conseguir o melhor preço.

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