Natal é muito mais do que os presentes, mas muitas vezes esperamos a festa de fim de ano para receber aquele mimo que tanto desejamos. Para o São Paulo, seja no meio ou no final do ano, dentro ou fora de campo, Cotia foi importante inúmeras vezes e muito mais do que uma mera lembrança.
O Centro de Formação de Atletas Laudo Natel, popularmente conhecido como Cotia, foi inaugurado no ano de 2005 e sua primeira geração desde o sub-15 foi a turma de 90/91/92. Nomes como Wellington, Lucas Moura e Oscar estavam entre os primeiros formados integralmente nas novas instalações do tricolor.
Sendo assim, atletas importantes da história do São Paulo, como Hernanes (85), Jean (86) e Breno (89), até participaram parcialmente dos trabalhos no CFA, mas são de gerações anteriores a inauguração do espaço.
Veja uma lista com cinco vezes em que Cotia salvou o ano do tricolor de alguma forma:
*A lista não reflete um ranking de importância dos jogadores ou mesmo classifica os atletas mais importantes formados na base do São Paulo
Lucas Piazon – A venda que trouxe Fabuloso de volta
Em 2011 o São Paulo negociou o jovem Lucas Piazon, de apenas 17 anos, com o Chelsea e embolsou uma boa quantia em dinheiro: foram € 7,5 milhões pagos pela equipe inglesa. Na conversão de hoje o valor beiraria R$ 50 milhões, mas na época gerou cerca de R$ 20 milhões para o São Paulo.
Apesar de não ser a quantia absurda na moeda brasileira, o valor era muito alto para um atleta da base e casou perfeitamente com a contratação de um ídolo da torcida. O São Paulo havia acabado de repatriar Luis Fabiano pelos mesmos € 7,5 milhões e a venda do jovem ajudou o clube a viabilizar a volta do Fabuloso.
A carreira de Piazon não decolou na Europa. Apesar de começar muito bem nas categorias de base do Chelsea e até ser eleito o jovem do ano no time de Londres, no profissional o Made In Cotia foi emprestado diversas vezes e não chegou a ter uma sequência. Atualmente ele está no Braga, de Portugal, onde marcou na final da Taça e ajudou o time a conquistar o título da competição.
Luís Fabiano teve um bom retorno no São Paulo. Em 2012 marcou 31 gols e ajudou o time a conquistar a Copa Sul-Americana daquela temporada. O camisa 9 ficou no clube até 2015 e conseguiu chegar a marca histórica de 212 gols com a camisa tricolor.
Lucas Moura – Um título e muito dinheiro
O meia-atacante Lucas, que subiu como Marcelinho, é uma unanimidade entre os torcedores do São Paulo. Após a conquista da Copa São Paulo sobre o Santos, o jogador foi promovido aos profissionais e deu muito certo.
Ao todo ele marcou 33 gols em 128 jogos com a camisa do clube e ajudou na conquista da Copa Sul-Americana sobre o Tigre, da Argentina. Ele foi eleito o melhor jogador da competição e marcou um dos gols da grande final.
Após o título, seu único pelo profissional do São Paulo, mas que se juntou aos títulos conquistados em Cotia, como a já mencionada Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2010 e o Paulista sub-15 de 2007, Lucas foi oficialmente vendido ao Paris Saint-Germain, da França, por € 45 milhões. Na época o valor equivalia a mais de R$ 100 milhões, mas na conversão atual chegaria perto de R$ 300 milhões.
A transação, consumada de fato após a conquista, foi confirmada em agosto daquele ano e no final de setembro o São Paulo anunciou a contratação de Paulo Henrique Ganso, que se tornou o maior investimento do clube para a temporada seguinte.
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Éder Militão – Salvador da lateral
A situação do São Paulo era complicada quando Éder Militão foi promovido ao time profissional. Talvez o maior expoente de Cotia no setor defensivo, o jovem atuou como zagueiro, volante e se destacou na lateral-direita da equipe, um setor carente do elenco.
Foram 22 jogos em 2017 e 35 em 2018, ajudando o São Paulo a fugir do rebaixamento no primeiro ano e consolidando seu nome como um dos melhores do país na temporada seguinte. Com o contrato próximo do fim e sem um acordo para continuar no clube, muito em decorrência das decisões do seu empresário, Militão não gerou o retorno financeiro esperado.
O zagueiro foi vendido ao Porto por € 7 milhões, mas apenas € 4 milhões, em torno de R$ 17 milhões, ficaram com o clube e por isso o jovem se tornou uma venda um pouco frustrante para a direção e para a torcida do São Paulo.
No Porto o destaque veio rápido, Éder Militão foi um dos melhores zagueiros da liga portuguesa e acabou contratado pelo Real Madrid por € 50 milhões, gerando mais R$ 30 milhões ao tricolor, por conta do mecanismo de solidariedade e da porcentagem mantida pela equipe paulista.
Hoje, Militão é titular absoluto do Real Madrid e nome certo nas convocações de Tite para a Seleção Brasileira. Apesar de não ter sido a grande venda que o São Paulo sonhou, seu retorno dentro de campo ajudou muito o tricolor.
David Neres – A grana que salvou as contas… por alguns instantes
David Neres não chegou a dar muito retorno desportivo ao São Paulo, mas sua venda foi crucial para fechar as contas do clube. Foram apenas oito jogos no time principal, três gols marcados, mas os cerca € 15 milhões da sua venda fizeram muita diferença no balanço financeiro.
Um dos maiores destaques da geração 97 do São Paulo, Neres ajudou o clube na conquista do bicampeonato da Copa do Brasil sub-20 e também da Copa Libertadores sub-20. Além disso, ele também conquistou outras taças importantes na base, como a Copa Ouro e a Copa RS.
O dinheiro deu uma folga para o São Paulo, que já tinha suas dívidas acumulando no início de 2017 e viabilizou a chegada do atacante Lucas Pratto. O investimento não impediu o time de fazer um ano bastante sofrido, brigando contra o rebaixamento e terminando o Brasileirão em 13º lugar.
Além dos R$ 50 milhões, o São Paulo vendeu os 20% que tinha direito por uma negociação futura alguns anos depois, por cerca de R$ 32 milhões.
Brenner – o artilheiro tardio
Pode não ter sido imediato, mas não dá pra dizer que Brenner não deu retorno desportivo ao São Paulo. Com uma artilharia na conta aos 20 anos de idade, o termo tardio só se encaixa, porque Brenner subiu muito cedo e com muita expectativa.
De fato, é o jovem de Cotia que mais marcou gols em uma única temporada pelo clube. Se tivesse um início de 2021 diferente, mantendo o ritmo do final de 2020, poderia ter sido a promessa do São Paulo mais bem sucedida da história dos profissionais do tricolor, desde a criação de Cotia, inclusive, em títulos e gols (não em protagonismo), superando Lucas Moura. No entanto, o rendimento geral da equipe caiu, Brenner foi vendido e o São Paulo chegou muito perto, mas não conquistou o Brasileiro e a Copa do Brasil no início de 2021.
Precoce e maior artilheiro do sub-17, conquistando inúmeros títulos e artilharias na base, Brenner foi alçado aos profissionais pelo técnico Rogério Ceni, entrando por 14 minutos na derrota para o Athletico, em 2017 e posteriormente como titular, já sob o comando de Dorival Júnior, em jogo contra o Coritiba.
Com quatro gols em cerca de 1200 minutos em campo no time principal, sendo dois deles em clássicos contra o Corinthians, Brenner acabou sendo momentaneamente descartado pelo clube e emprestado ao Fluminense.
No tricolor carioca, o jovem também teve poucas chances e não marcou nenhuma vez, mas conheceu Fernando Diniz, que fez questão de contar com o atacante na sua passagem pelo São Paulo. De volta ao clube que o formou e com apenas 20 anos de idade, Brenner deslanchou no futebol profissional. Foram 22 gols em 44 jogos e uma das melhores médias por minuto do Brasil, com uma bola na rede a cada 136 minutos em campo.
No entanto, com a perda do título Brasileiro e a derrota na semifinal da Copa do Brasil daquele ano, Brenner acabou sendo negociado com o Cincinnati, da MLS, liga norte-americana de futebol, antes mesmo do final da temporada. Além do retorno em campo, Brenner também gerou uma renda de quase US$ 13 milhões para o São Paulo, o que na conversão de momento era equivalente a cerca de R$ 70 milhões em faturamento.
O pagamento foi programado em parcelas de US$ 2,6 milhões, algumas ainda em 2021 e outras ano após ano até 2024. Com a moeda estadunidense sendo valorizada diante do real, o valor final da transação pode ser, na conversão, maior do que no momento da venda.
Na MLS, Brenner atuou em 33 jogos e marcou oito gols pelo Cincinnati, mas a equipe sofreu muito no campeonato, terminando na última colocação, com apenas 20 pontos, em 34 jogos.