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Esporte Espetacular recebe acusações de que estrelas paralímpicas disputam em categorias erradas

Alex Davidson/Getty Images for International Paralympic Committee

Na sua edição de 50 anos, o Esporte Espetacular recebeu denúncias de que três atletas da seleção brasileira de atletismo paralímpico foram classificados de forma errada e, consequentemente, teriam tido vantagem esportiva em competições nacionais e internacionais na categoria para pessoas cegas (LogMAR menor que 2.6).

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Os atletas em questão são Lucas Prado, Silvânia Costa e Ricardo Costa, os três medalhistas de ouro em Paralimpíadas. Os denunciantes afirmam que o comportamento suspeito dos atletas citados é amplamente conhecido por pessoas do meio, inclusive pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB).

– Os dirigentes do CPB estão cientes de que existe trapaça de atletas que não são cegos – disse um denunciante.

– O Movimento (Paralímpico) perde muitos talentos, porque a classificação tá errada – disse outro denunciante.

O medo de represália faz com que eles prefiram o anonimato.

A apuração das denúncias pelo “Esporte Espetacular” começou em 2020. A reportagem conversou com dezenas de pessoas envolvidas com o Movimento Paralímpico Brasileiro, recebeu vídeos e monitorou o comportamento de três campeões do Brasil que teriam sido classificados de forma errada. São atletas que, segundo as denúncias, enxergam mais do que o previsto em suas categorias. Lucas Prado (três ouros e duas pratas paralímpicas), Silvânia Costa (bicampeã paralímpica) e Ricardo Costa (campeão paralímpico) são referências do atletismo nacional.

– A medalha de ouro é que faz subir a classificação do país no quadro, então é a mais importante, e todo mundo sabe. Até aí, OK. Mas que sejam medalhas de ouro limpas, né – disse um denunciante.

Quem são os atletas mencionados pelo Esporte Espetacular?

Lucas Prado, Ricardo Costa e Silvânia Costa são campeões paralímpicos do paratletismo, classificados na T11. O Olimpíada Todo Dia entrou em contato com os atletas, mas até agora eles não se pronunciaram. Se eles responderem às perguntas atualizaremos a matéria.

Lucas Prado

Venceu ouro nos 100m, 200m e 400m da T11 nos Jogos Paralímpicos de Pequim-2008 e foi prata nos 100m e 400m da T11 em Londres-2012. Além disso, Lucas Prado ganhou seis ouros em Jogos Parapan-americanos (três deles no Rio-2007, dois em Guadalajara-2011 e um em Lima-2019), e possuí cinco títulos mundiais.

Silvânia Costa

Bicampeã paralímpica no Rio-2016 e Tóquio-2020. Ela também foi campeã para-panamericana em Toronto-2015 em uma prova que juntou atletas de T11 e T12. Silvânia Costa competiu no Mundial deste ano e terminou em quinto lugar e em quarto lugar no Parapan de Santiago-2023.

Ricardo Costa

Irmão de Silvânia e venceu a prova do salto em distância nos Jogos Paralímpicos de Rio de Janeiro, no que foi o primeiro ouro do Brasil na competição. 

Silvânia foi a única que conversou com a reportagem da Globo. A atleta afirmou que “não é o atleta que escolhe a classe, mas sim sua deficiência visual comprovada em laudo, comprovada em exame”. Silvânia ainda disse que recorreram contra a classificação do T11. “Eu não queria ficar na T11, pagamos o recurso para que eu não fosse considerada T11”, afirmou a atleta.

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Comunicado do CPB

A respeito da reportagem exibida no Esporte Espetacular do domingo, 10/9, segue, a posição do Comitê Paralímpico Brasileiro.

Não é verdade que o CPB seja conivente com qualquer circunstância que não promova a justiça no esporte.

Os que afirmam, agem de má fé ou por desinformação.

O Comitê Paralímpico Brasileiro preza pela ética em todo seu processo de gestão e administração, seguindo as regras, políticas e diretrizes de classificação do Comitê Paralímpico Internacional, por meio do Código Internacional de Classificação e dos regulamentos de classificação específicos por modalidade ou tipo de deficiência.

Quem tem capacidade para estabelecer a classe de cada competidor são os classificadores, neste caso, os especialistas em classificação para atletas com deficiência visual, que submetem os competidores a exames clínicos e analisam laudos médicos.

Nem os atletas e nem o CPB têm poder de definir em qual classe cada atleta competirá.
Todos os atletas citados na reportagem passaram por diversas classificações internacionais em diferentes períodos, competições, países e bancas de classificação. Inclusive com questionamentos e protestos do Comitê Paralímpico Brasileiro contrários aos resultados das classificações internacionais.

Em 2021, por exemplo, quando recebemos o vídeo da prova disputada por Silvânia Costa, em Bragança Paulista (SP), exibimos as imagens aos classificadores, que mais uma vez confirmaram a atleta na classe T11. É importante ressaltar que Ricardo Costa e Silvânia Costa foram inscritos, por este Comitê, em suas primeiras competições internacionais na classe T12, e após avaliação em banca de classificação internacional, que, repetimos, não tem vínculo com o CPB, foram alocados na classe T11.

Apesar de afirmarem que apuram sobre o tema há três anos, os jornalistas concederam apenas 24h úteis para resposta do CPB, tempo exíguo para recuperação de todos os documentos – alguns dos quais de mais de 10 anos atrás.

Além disso, contra o que preza o bom jornalismo, solicitaram entrevista de forma genérica, com termos genéricos, de maneira tendenciosa, sem nos conceder acesso às imagens e às informações, muitas das quais só tivemos acesso quando foram ao ar neste domingo, dia 10 de dezembro.

Por isso tudo, reafirmamos que todos que acusaram o CPB de ser conivente com qualquer irregularidade o fazem de maneira irresponsável por desonestidade ou ignorância.

Seguiremos firmes com o nosso trabalho, sempre prezando pela inclusão da pessoa com deficiência e pela justiça no esporte.

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