Na última quinta-feira (22) o ex-jogador Edu, que atuou pelo Santos FC entre 1965 e 1976, participou de uma live da Arquibancada Alvinegra, realizada pelo Grupo Tribuna. Entre os temas abordados pelo ídolo santista estiveram a atual fase do clube, as tendências do futebol moderno e os momentos de sua carreira no Peixe e na Seleção Brasileira.
Após ser derrotado pelo Barcelona de Guayaquil na terça-feira (20), o alvinegro terminou a primeira rodada da fase de grupos na última colocação do grupo C. Mas com outras cinco partidas pela frente, Edu segue acreditando no potencial do Peixe, que foi vice-campeão da Libertadores em 2020. “Estou torcendo para que essa garotada se encontre. Esse jogo que nós perdemos foi bom para que tenhamos a cabeça no lugar. É saber que não vai ser tão fácil e que não vamos encontrar moleza, de jeito nenhum”, declarou.
Para ele, a agressividade dos atletas estrangeiros na principal competição sul-americana é natural e sempre existiu. “Libertadores é pancada, não só é cair e pedir a falta. Nós jogamos vários e vários anos contra argentinos, uruguaios e paraguaios e eles são assim, vão dar pancada. Você só tem que saber como sair delas”, alertou o ex-jogador.
Edu revelou ainda que nos anos 60 e 70 a Libertadores não era tão viável para os clubes como nos dias atuais. “O Santos poderia ter muito mais. Veja bem, eu nunca disputei uma Libertadores, e nós éramos campeões toda hora. Ela não rendia tanto e o Santos preferia fazer as excursões”, recordou.
Mas um fator negativo que preocupa o ex-ponta é a sequência de partidas no calendário desta temporada, com jogos na terça, na sexta e no domingo. “Estão pensando mais neles (Federações), e não nos atletas. Perder um Luan Peres, um Marinho ou um Soteldo no Santos vai ser um desastre, e corremos esse risco”.
Em janeiro, Edu acompanhou a final da Libertadores 2020 no estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro. Durante essa experiência, teve contato com a nova geração do Santos. “Há um respeito muito grande, eles nos reconhecem. A história está ali e eles sabem disso”, considerou, se mostrando favorável aos jovens no elenco santista, como o atacante Ângelo, de apenas 16 anos. “Ousadia e personalidade, isso é o mais importante nele”, acrescentou.
Futebol Moderno
Para Edu, aquilo que a mídia trata como novidade tática já existe desde a sua época nos gramados. “Em 1968 eu era ponta e fazia exatamente o que se tem hoje. Você corta para dentro, o ângulo fica maior para bater no gol”, detalhou.
Como não poderia ser diferente, a função que mais atrai sua atenção nos dias atuais é a do ponta que parte para cima dos laterais adversários. “Aquele jogador que vai para cima, que dribla, tem uma vantagem enorme sobre qualquer zaga. Vejo isso no Marinho, no Soteldo, no próprio Ângelo. Hoje o caminho mais fácil para o gol são as laterais. E depois de muitos anos você tira os pontas e abre espaço para os laterais avançarem. Aí é brincadeira. Quem tem mais habilidade, o lateral ou o ponta?”, questionou.
A onda de treinadores estrangeiros também incomoda Edu. “Sou totalmente contra. Eu acho que o treinador tem que comandar os times de seu país. Não vejo porque trazer treinadores de fora para o Brasil, afinal de contas nós somos penta campeões!”.
Carreira no Santos
Edu, que na juventude já tinha irmãos no futebol, chegou ao Santos com a ajuda indireta de Pelé. “Minha irmã foi à Bauru e conheceu a irmã dele. Por sorte, o Pelé estava lá naquele dia e conversando com a minha irmã, ele perguntou se tinha mais alguém (da família) que jogava. Ela falou que tinha um garoto, ponta-esquerda, que diziam jogar bem. Assim eu vim, nas férias de julho de 1964, e estou aqui até hoje”, relembrou.
A relação do Rei com Edu sempre foi boa, tanto dentro quanto fora de campo. “As coisas saíram tão bem que começou o ataque Pelé e Edu. Muitas assistências dei para ele, muitas recebi. Isso daí se tornou uma coisa tão linda que eu cheguei a seleção rapidinho”.
Seleção Brasileira
Já na Seleção, o craque santista participou de três Copas do Mundo: 1966 (Inglaterra), 1970 (México) e 1974 (Alemanha). “Eu tive a oportunidade de jogar uma Copa do Mundo quando estava no meu melhor momento, em 1970. Em 1974 eu também estava lá e, de repente, o treinador Zagallo resolvia colocar o Dirceu, o Paulo César… Mas quando precisamos de uma vitória, contra o Zaire, ele me colocou e nós vencemos”.
No jogo seguinte, contra a Alemanha Oriental, Edu esperava entrar a campo como titular, mas não foi o que aconteceu. “Eu achei que ia continuar jogando, e aí ele colocou o Dirceu. Então eu não aguentei mais, apelei. Já não tinha mais vontade de voltar à Seleção Brasileira, à Copa do Mundo, porque você às vezes quer uma coisa e aquilo não acontece”, esclareceu.
Naquela época, o banco de reservas era composto por apenas cinco jogadores, um deles goleiro. Com isso, a dificuldade de estar entre os selecionados para as partidas era ainda mais difícil. E assim, Edu encerrou sua participação em Copas do Mundo pela Seleção Brasileira.
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