No último sábado, o Cruzeiro anunciou a contratação do técnico Felipe Conceição para comandar a equipe celeste na temporada 2021, em que a Raposa buscará novamente o acesso para a Série A. O treinador estava no Guarani, onde fez uma boa campanha com o time alviverde no returno da Segunda Divisão.
O novo técnico do Cruzeiro tem 41 anos e já treinou seis clubes no seu currículo como treinador. Felipe Conceição é de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, mas já passou não só por times cariocas, mas também do interior paulista. Agora na Raposa, é a segunda vez que ele comanda uma equipe da capital de Minas Gerais.
Pensando em trazer mais informações para o torcedor do Cruzeiro conhecer melhor o técnico, montamos um perfil de Felipe Conceição, com todos os seus números ideias e o que os cruzeirenses podem esperar de seu novo treinador para a temporada.
Carreira
Felipe Conceição começou sua carreira como treinador em 2012, quando tinha apenas 32 anos, no São Gonçalo-RJ, onde foi campeão da Terceira Divisão do Campeonato Carioca. No ano seguinte, o técnico foi transferido para o Botafogo, onde treinou o sub-15 e em seguida o sub-17.
Em 2017, Felipe Conceição foi promovido para treinar o time profissional do Botafogo, no lugar de Jair Ventura, porém, com apenas sete partidas, o treinador foi demitido. Com o Fogão, o técnico teve duas vitórias, três empates e duas derrotas, dando um aproveitamento de 42%. Dentre esses jogos teve a eliminação precoce na Copa do Brasil para o Aparecidense e a derrota para o Flamengo, por 3 a 1, na semifinal da Taça Guanabara.
Após a demissão precoce, Felipe Conceição comandou o Macaé, onde teve um aproveitamento parecido com o do Botafogo. Em oito jogos, o treinador acumulou três vitórias, dois empates e três derrotas, dando em um aproveitamento de 45%. Vale destacar que o Leão foi o único representante do Rio de janeiro que avançou no mata-mata da Série D, sendo eliminado pelo Novorizontino (SP).
Já em 2019, Felipe Conceição teve seu melhor trabalho da carreira. Após ser promovido de coordenador técnico para o comando do América-MG, no lugar de Maurício Barbieri, recuperou a equipe mineira, tirando-a da zona do rebaixamento e colocando na quinta colocação. Vale lembrar que o Coelho precisava apenas de um empate sobre o já rebaixado São Bento, para subir para a Série A, mas terminou com a derrota por 2 a 1. O aproveitamento do treinador pelo time mineiro foi de 65%, vencendo 16 jogos, empatando nove e perdendo cinco.
Com a boa campanha em Belo Horizonte, Conceição foi chamado para treinar o Bragantino, onde teve a melhor campanha geral no Campeonato Paulista de 2020, conquistando o troféu do interior. Porém, sua campanha no Brasileirão não agradou, somando apenas cinco pontos em seis jogos (uma vitória, dois empates, três derrotas) e o técnico ficou sem o cargo.
Em outubro do anos passado, Felipe Conceição chegou ao Guarani com a missão de tirar o time paulista da luta contra o rebaixamento. O treinador levou o time alviverde para a sexta colocação da Série B, mas após um surto de Covid-19, a equipe teve uma queda de rendimento e acabou o campeonato na 13ª colocação da Segunda Divisão, com 48 pontos. No interior de São Paulo, o técnico disputou 24 jogos, sendo 11 vitórias, quatro empates e nove derrotas.
Números
Comparando com os números de Felipão na Série B, Felipe Conceição tem um rendimento um pouco abaixo. Com o Cruzeiro, Scolari fez 21 jogos, venceu nove, empatou oito e perdeu quatro, dando em um aproveitamento de 55,5%. Já o ex-treinador do Guarani fez 24 partidas e somou 11 triunfos, empatou quatro vezes e perdeu nove, dando em um aproveitamento de 51%.
Fato é que o Guarani teve um surto de Covid-19 em seu elenco e perdeu seis dos últimos sete jogos.
Estilo de jogo
Felipe Conceição é pós-graduado em Administração pela Fundação Getúlio Vargas, teve a licença pró da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e diz que lê muito sobre metodologia de treinos. Sua filosofia é baseada no ataque, que precisa ter volume de jogo na parte ofensiva, algo que não acontece no Cruzeiro há um bom tempo.
Porém, o treinador tem suas ressalvas quanto a seu estilo de jogo. No América, por exemplo, o time era o 19º colocado quando Felipe Conceição chegou, com uma das defesas mais vazadas. Portanto, o técnico se viu na obrigação de melhorar a parte defensiva e parar de sofrer gols. Nas três primeiras partidas do treinador com o Coelho, a equipe mineira sofreu paenas um gol.
Portanto, seu estilo de jogo varia de acordo com o contexto, geralmente quando pega uma equipe no meio da temporada. No Cruzeiro, Felipe Conceição terá a oportunidade de implementar suas ideias de futebol, pois começará um trabalho com o clube.
Possivelmente, o que será visto no Cruzeiro é um time que constrói jogadas a partir do seu sistema defensivo, com jogo apoiado, com os jogadores postados em linha alta. Por isso, dificilmente os zagueiros darão o famoso chutão para frente.
As equipes de Felipe Conceição são concentradas por terem um meio de campo intenso e de transições rápidas, através de toque de bola, não de força física. Então, o treinador fará trabalhos com os jogadores defensivos de se acostumarem a armar jogadas.
Conceição tem como base o 4-2-3-1, que foi utilizado no América-MG durante a Série B de 2019, e também o 4-1-4-1, aplicado no RB Bragantino e no Guarani. São duas formas de jogar do treinador, que prioriza o ataque e volume do jogo.
Gestão de Grupo
Em maio de 2020, Felipe Conceição deu entrevista para o podcast do Footure, dizendo que prioriza a gestão de grupo, algo que faltou muito para o Cruzeiro na temporada 2020/21.
Naquela entrevista o treinador disse que prioriza o jogo coletivo, que trata todo mundo igual e, com o tempo, o grupo vai entendendo a importância desse tipo de jogo.
Aproveitamento de jovens jogadores
Felipe Conceição participou da formação de jogadores das categorias de base do Botafogo por três anos, tendo como maior destaque o volante Matheus Fernandes, que atualmente atua pelo Real Valladolid e pertence ao Barcelona.
Como técnico do Bragantino, Felipe Conceição disse que gosta de trabalhar com jovens atletas, principalmente pela sua filosofia. Assim, o treinador evolui o jogador com o molde de sua proposta de jogo.
O principal legado que o Felipe deixou no Guarani foi o olhar com a base. Ele pegou o time de Campinas com muitos jogadores experientes e resolveu apostar nos garotos. Por exemplo, o lateral-esquerdo Bidu se tornou ainda mais titular. Na direita, o treinador utilizou um jovem atleta que disputou a Copa Paulista em novembro, com três jogos como profissional, e virou titular, chamado Mateus Ludke (fez gol no clássico contra a Ponte Preta). Na defesa, colocou o Victor Ramon e sua estreia foi justamente contra o Cruzeiro, acabou falhando nos três gols sofridos, mas, mesmo com críticas da torcida, Felipe seguiu apostando no menino, importante na vitória contra a Chapecoense, marcando até um gol. Na lateral-esquerda ele foi o responsável por lançar Eliel, de 19 anos, substituto do Bidu. No meio vinha analisando Pedro Acorci, que foi bem na Copa São Paulo de 2019 e pediu para reintegrar o garoto. No ataque, foi o principal legado deixado. Deu espaço para o Renanzinho, que até a briga pelo G4 antes da Covid-19 era titular absoluto e o Mateus Souza, reserva do Bruno Sávio, jogou o derby como titular e também ficou de fora devido a Covid. São todos criados na base.
*Colaboração de Lucas Rossafa