Futebol Internacional

Irwing de Freitas comenta preparação e expectativas da China para Copa da Ásia

Irwing de Freitas, preparador físico do Shanghai Shenhua e da seleção chinesa (Divulgação/Shanghai Shenhua)

Preparador físico do Shanghai Shenhua e da seleção chinesa fala sobre adaptações e impressão ao encarar desafio no outro lado do mundo

Divulgação/Shanghai Shenhua

Irwing de Freitas é preparador físico e, apesar dos 37 anos, teve e ainda tem alguns privilégios em sua trajetória profissional. Nascido no Maranhão e com carreira iniciada no Sampaio Corrêa, Irwing trabalhou com atletas conhecidos do futebol internacional, como o italiano Stephan El Shaarawy, o eslovaco Marek Hamšík e o meia belga Yannick Carrasco. Além da preparação individual, trabalhou em locais de cultura diferente da brasileira, como Arábia Saudita e China.

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Hoje em Xangai, está presente na comissão técnica do Shanghai Shenhua e da seleção chinesa. A principal responsabilidade é modernizar a função na Associação Chinesa de Futebol. O grande objetivo é a Copa da Ásia, a ser disputada no Qatar no entre janeiro e fevereiro de 2024. Em entrevista exclusiva ao Esporte News Mundo, Irwing de Freitas comentou sobre a evolução em sua carreira, as diferenças no trabalho entre o Brasil e a Ásia e suas projeções para o futuro.

Esporte News Mundo – Quais as principais dificuldades de um preparador físico brasileiro ao trabalhar no exterior?

Irwing de Freitas – Uma das principais dificuldades é a questão cultural. Já trabalhei na Arábia Saudita, Coreia do Sul e estou na China há alguns anos. Cada país tem sua cultura, crenças e tudo isso acaba inserido no futebol. A preparação física brasileira é bem aceita mundo afora, especialmente na Ásia. Além disso, o brasileiro tem facilidade para se adaptar.

ENM – Como é trabalhar em dois países com aspectos culturais bem diferentes do Brasil como Arábia Saudita e China? Quais as dificuldades de adaptação nesses lugares?

IF – Adaptar-se à cultura local. Na Arábia Saudita, a maioria dos treinos é realizada à noite por conta das altas temperaturas. Só pelo fato de ser na parte noturna, algumas mudanças já precisam ser feitas. O atleta vem de um dia inteiro em casa e chega no fim do dia para treinar. Já os sul-coreanos, creio eu que, pelo país ter passado por algumas guerras, são mais lutadores, necessitam de treinos mais intensos. E há algo interessante na China. Eles são muito bons em esportes individuais. Nos coletivos, há uma dificuldade maior. Penso eu que a razão é o fato de os pais terem filhos únicos em sua maior parte e isso podem torná-los pessoas um pouco mais individualistas.

ENM – De que maneiras o fato de haver muitos brasileiros na Arábia Saudita e na China facilita o teu trabalho e abre portas para outros profissionais?

IF – O Brasil é um país multicultural e isso acaba por facilitar a nossa capacidade de se adaptar a outros lugares. O fato de já haver um brasileiro no clube logicamente ajuda muito na implementação do trabalho.

ENM – Qual a principal diferença no teu trabalho aqui no Brasil e nos outros lugares em que você trabalhou?

IF – Nosso país é imenso, de dimensões continentais. Trabalhei em clubes das Séries B, C e D do Brasileiro e enfrentei vários obstáculos em razão das longas viagens. A China também é muito grande, mas possui malhas ferroviária e aérea bastante extensas. Na Coreia sempre dormimos em casa, mesmo após jogar fora, e isso facilita muito.

ENM – Você tem licença de treinador na CBF a fim de entender melhor o trabalho de um técnico para poder desempenhar melhor a preparação física. Quando você teve essa ideia? O quanto ter o certificado e participar do curso interferiu diretamente na tua profissão?

IF – O futebol hoje não permite mais aquele trabalho isolado, restrito à parte técnica, tática ou física. Tudo tem que ser integrado. Como preparador físico, eu preciso entender a filosofia e o modelo de jogo do treinador. A partir daí, vou inserir a minha ideia de trabalho físico dentro do estilo de atuação da equipe. Não adianta eu intensificar uma determinada valência física que não será explorada pelo time em campo. O objetivo é que o trabalho seja sistêmico e una todas as áreas. A Licença A da CBF te dá um norte para desenvolver um trabalho.

ENM – Quando você chegou para fazer parte da comissão técnica da China, qual foi a principal necessidade e como foi a recepção do teu trabalho por parte dos atletas?

IF – Quando iniciei meu trabalho na Federação Chinesa em meio às Eliminatórias à Copa do Mundo no Qatar, senti falta da integração entre federação e equipes. Não havia informações detalhadas vindas dos clubes a respeito dos atletas. Ainda estamos evoluindo nesse aspecto, mas já melhoramos bastante.

ENM – Quais são os próximos passos até a disputa da Copa da Ásia e como vem a seleção de uma forma geral para a disputa do torneio?

IF – É o principal torneio da região. Começamos a preparação há pouco, com uma nova comissão vinda da Sérvia. A ideia é utilizar as datas Fifa para nos prepararmos. Estamos procurando enfrentar seleções que possuem estilo semelhante àquelas que vamos ter pela frente na Copa da Ásia. Em dezembro, teremos um camping, um período mais longo de treinos.

ENM – Diante de uma trajetória nacional e internacional, com a oportunidade de trabalhar em seleções e com grandes atletas, quais são os próximos passos na tua carreira a médio e a longo prazo? Você pensa em retornar ao Brasil?

IF – A saída do meu país para o exterior envolveu alguns aspectos, como o familiar e o financeiro. Hoje, para mim, a prioridade número um é a familiar. Tenho um filho de sete anos e uma filha de 20 meses. Meu filho já está no colégio. A educação deles é o mais relevante e esse ponto é muito bom na China. Desejo permanecer aqui por bastante tempo. Quero disputar até o fim o título da Super Liga Chinesa e, pela seleção, fazer uma ótima Copa da Ásia.

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