Flamengo

‘Já estava com dor de cabeça de tanto chorar’, revela Filipe Luís ao se aposentar

Flamengo x Cuiabá pelo Brasileirão (Foto: Buda Mendes/Getty Images)
Foto: Buda Mendes/Getty Images

O ídolo do Flamengo, Filipe Luís, se aposentou do futebel na partida contra o Cuiabá e fez um balanço dessa despedida. O ex-lateral falou sobre sua carreira vitoriosa e projetou o próximo passo como treinador.

Durante mais de uma hora de entrevista, Filipe Luís lembrou momentos marcantes no Flamengo e relembou sua chegada ao clube. O futuro técnico também comentou sobre o aprendizado que teve com os diversos treinadores que passaram pelo clube. Veja as principais falas da coletiva no Maracanã.

Sobre a despedida

“Eu sonhei muito com esse dia de hoje, chorei muito essa semana, me emocionei muito esses últimos dias. Recebi mensagens de pessoas que eu nem esperava receber, praticamente todos os treinadores que eu tive, muitos ex-comapnheiros, mas eu não sabia o quê esperar do Maracanã. Ai junta tudo isso ao componente emocinal, já estava até com dor de cabeça e dor de garganta de tanto chorar, isso abala, e tem um jogo importante pra jogar”

“Eu foquei muito no jogo de hoje, queria fazer um bom jogo, queria sair com uma vitória, era a coisa mais importante pra mim. Mas aí entro em campo, vejo a foto do meu avô e eu desabo, não tem como. Eu já estou muito emociando, já estou sensível. Vi alguns companheiros chorando, mas aí já foquei no jogo e só posso dizer uma coisa: Estou muito emicionado, mas eu estou em paz.”

“Estou realizado, sei que estou parando na hora certa, sei o quê eu passei esse ano e não quero mais jogar futebol. Tenho muita vontade de dar o próximo passo”

“É o que mais me emociona (realação com o avô), porque eu sinto saudades dele, era um cara presente. Muito divertido estar com ele, e eu queria muito que ele visse essa homenagem. Mas só de ter meu pai e minha mãe e que eles possam viver isso que eu viv aqui é muito leagal. Mas assim, é tão simbólico essa foto com meu avô, ela tem tanto significado pra mim, meu tio também que me deu a carteira e me fez ser flamenguista, também faleceu. Então sou muito grato mas eu sou um cara que não olha muito pra trás não, sou um cara mais gelado. “

Sobre as dificuldades de ser jogador e tratar o futebol como prioridade

“Minha esposa me fala: o futebol é uma prioridade. E isso é uma veradade, às vezes mesmo antes do que a família. Desde que eu era pequeno, desde que eu me entendo por gente eu jogo futebol. São 35 anos jogando, 20 anos de futebol, é muito tempo e o futebol é um prioridade na nossa vida. Porque um jogador não alcança a glória sem colocar o futebol acima de tudo. E nós jogadores temos uma vida muito boa, mas a gente abre mão de muita coisa. “

“Às vezes eu estou longe do crescimento dos meus filhos, da minha esposa, muitas viagens ou até estou em casa, mas não estou, esses é o pior de todos. Porque eu estou em casa mas a minha cabeça não está lá, porque eu fico pensando na próxima partida ou no jogo ruim que fiz, que eu não consigo separar. Eu não consigo chegar em casa, deixar o futebol de lado e brincar com meus filhos, isso me afeta muitas vezes.”

Sobre o futuro como técnico

“Mas o que vem aqui pra frente, eu sou apaixonado por esse esporte, essa é a realidade. Não queria jogar futebol de campo, meu pai me obrigou, mas eu me apaixonei pelo esporte. Eu tenho uma ideia tão clara na minha cabeça e um modelo de jogo, que eu ficar e continuar no campo, então o próximo passo é fazer o curso da CBF, na licença A, em dezembro e apartir daí entrar no mercado de trabalho. Com isso o jagador Filipe Luís ficou pra trás, não vale mais (risos). E como eu não gosto de falar do passsado, vai ficar pra trás e eu vou buscar um novo objetivo: ser treinador de fuitebol. Vou ter que conquistar o respeito de vocês, como treinador e não como jogaor. Isso é um desafio pra mim.”

Qual foi o momento mais marcante da carreira ?

“Tem muitos, obviamente que a final da Libertadores de 2019, uma coisa que marcou muita gente. Mas aquilo que eu vivi, de foco e concentração total, foi a semifinal contra o Grêmio (5×0) e o primeiro jogo contra o Inter (2×0). Esse foi meu primeiro jogo na Libertadores e o 5×0 foi o mais especial pra mim”

“O estado que eu sentia antes do jogo era ‘nós vamos amassar’, eu sentia isso nos meus comapnheiros e nós sabiamso que iamos ganhar. Esse estado de espítio, de ânimo sãp poucas vezes na carreira, aconceceu comigo no Atlético (de Madrid), aconteceu aqui no Flamengo mas especialente em 2019, eu sentia que a gente era soberano. ‘Pode até fazer gol mas vamos virar’ não vai ter caos, não vai ter xingamento, eu estava no CT antes do jogo pensando: ‘hoje vai ser 3×0 ou 4×0 ?’, é mais ou menos isso.”

Qual estilo de jogo pretende ter como treinador no futuro ?

“Meu estilo é o Flamengo, é só vocês verem como a torcida quer que o Flamengo jogue, é assim que eu quero que meu time jogue. Tenho tudo planajado mas agora é colocar em prática. Como jogador eu conisgo influenciuar e influenciar alguns jogadores, mas como treinador eu não posso entrar lá no campo, então eu não sei se eu vou conseguir convercer, como é o começo, passar por esse momento… Mas vocês podem ter certeza que meu pensamento é esse”

Sobre a chega no Flamengo e o processo de convencimento de volta pro Brasil

“Bruno (Spindel) e o (Marcos) Braz foram até Madrid, a gente almçou, conversou, resenhou, falamos de ex-jogadores, jogadores atuais, quem eles estavam pensando em contratar, falamos tudo. E realmente eu senti esse carinho, minha esposa falou: ‘O Flamengo te quer, eles estão aqui te buscando’. E sentar 15 minutos com eles é um perigo, porque eles são bons em convencer. Só que eu também seguia os jogadores, eu via os protestos da torcida: ‘os jogadores tem que ter raça’ e tal. E eu não dou carrinho se não precisar. Eu não vou dar carrinho numa bola que está saindo só pra torcida falar que ele tentou até o final. Se eu estou vendo que a bola vai sair eu deixo sair, não vou lá. Então eu não sou esse jogador ‘vistoso’ que a torcida gosta, como um Cuellar por exemplo, e isso me preocupava”

Sobre o início de ano ruim em 2023 e a pré-temporada mal feita ter sido a causa dos resultados negativos com Vitor Pereira

“Eu nunca tive um pré temporada tão grande como essa de um mês, na Europa. No máximo duas semanas. Não foi um problema físico, a culpa é nossa (jogadores). O Vitor Pereira chegou só em Janeiro, nós já estavamos treinando. Um treinador novo, que tava no Corinthians, chega aqui tem que se reinventar, com quatro finais, não é facil pra ele. Deu azar na primeira (Mundal contra o Al-Hilal), o grupo já sente, recuperar um grupo que perdeu um final. Porque, assim, na europa você começa a jogar jogos e no final da temporada você joga as finais. O cara começar assim com quatro finais é interesante pra você aprender. Eu aprendei muita coisa com eles (todos os treinadores que passaram aqui), mas na minha opinião como jogador, não teve nada a ver com o tempo de treinamento.”

Quais os aprendizados de tantos técnicos no Flamengo ?

“Eu aprendei muito. Na Europa, eu fiquei 8 anos com Simeone e quando você tem um treinador como ele, você tem que entrar num sistema e se adaptar, senão você sai, fica tudo mais fácil. O treinador nunca sai. Aqui no Flamengo trocamos muito de treinador, muitos por circunstâncias e muitos eram issustentáveis que ficassem. É normal no futebol e um clube tão intenso como o Flamengo é muito dificil você aguentar a pressão midiática nesse momento. O treinador também se abala. O Jorge Jesus era pra ter ficado aqui o tempo que ele quisesse, tava tudo adaptado pro que era ele. Ele resolveu sair. O próximo que vinha, se chamava Domenec, poderia se chamar Guardiola, nunca ia dar certo. Eu pensei que sim, mas depois vendo, você compara tudo. Depois veio o Rogério (Ceni), que deu muito certo, na minha opinião, fomos campeões, o time evoluiu. Mas eu tive muito aprendizado com todos eles, mas haviam treinadores que eu achei que ia dar super certo, o modelo de jogo, mas não deram.”

Sobre sua maior qualidade como jogador

A minha maior virtude como jogador de futebol é potencializar os jogadores que estão ao meu lado. Não é o passe, não é o dominio, nada. Eu melhoro quem está ao meu lado. E se eu tiver que fazer o que eu fazia quando estava no Atlético do Madrid, eu jogava com o Arda Turan. Ele era o ponta-esquerda e eu precisava me concetar com ele. O que ele gosta muito ? religião, muçulmano. Eu fiu pra mesquita com ele, eu precisava me concetar com esse cara. Fui pra Turquia e fiz um amizade linda com ele. Se eu não me dou bem com o cara que está ao meu lado, eu nunca vou jogar bem com ele.”

“Quando eu cheguei aqui vi Arrascaeta e não me custou nada. Primeiro jogo, viagem pra Bahia, jogo emblemátioc (risos), fui no voo do lado dele e tomei chimarrão com ele. Outro cara Cuellar, não vai me custar nada. Um cara que eu vou ter dificulade: Pablo Mari. E não tive, porque o Pablo era um cara que queria aprender em todo momento, escutava, nunca respondeu.”

“Então voltando, como eu faço isso ? Eu estudo. Eu estudo o cara que eu vou jogar contra, os caras que estão do meu lado, me vejo jogando, meus vídeos, meus erros. Como eu falei, o futebol é um prioridade, eu tenho que estar sempre melhorando. Eu vejo o Ayton (Lucas) jogar hoje, e eu fiz isso essa semana: vi um jogo meu no Atlético de Madrid de quando eu tinha 27 anos, e eu cometia os mesmos erros. Não tem como você comparar um jogador de 38 anos, com um de 23,24. É como eu falar de matemática com meu filho de 10 anos, eu sei mais que ele, não tem como. São 13 anos à mais de profissional que o Ayrton e ele tem que desenvolver isso, ele vai desenvolver. Ele é um jogador de talente, eu queria contratar ele pro meu time onde eu tivesse, um cara pra desenvolver ele, trabalhar esses erros, o mental, essa parte de tomada de decisão.”

Sobre uma possível comissão técnica com Rafinha e se existem alguns nomes em mente para começar o trabalho como treinador

“Eu tenho nome de preparadores físicos, axiliares e tem alguns que são caros, então vai depender do que vai acontecer. Primeiro vou fazer o curso e vou tirar férias. Depois vou decidir bem, mas primeiramente, obviamente que eu não vou estar treinando um Bragantino no Paulista, eles não vão me contratar. Eu preciso me preparar, isso é um processo. Eu não sei se eu vou conseguir trabalhar com o Rafinha, eu olho pra ele e começo a rir. Ele é muito gente boa, muito engraçado, eu amo ele. Mas temos que ver se ele vai estar disposto à trabalhar 8 horas por dia. Se ele quiser a porta está aberta, ele Diego Alves, os caras que jogaram comigo. As portas estão abertas, mas tem que trabalhar, etnão tem que ver se eles vão querer pagar o preço ou vão tirar uns dois anos sabáticos e depois vir. O Rafinha sabe muito, seria um privilégio ter ele ao meu lado.”

Sobre a relação com Athirson e Júnior e a torcida para o Flamengo após a aposentadoria

“Quando você joga, você torce obrigatoriamente, é a sua vida. A partir do ano que vem eu vou estar na frente da televisão torcendo realmente. O Athirson não sabe a importânica que ele teve na minha carreira, o tanto que eu tentei imitar as jogadas dele, eu tentava condizir a bola igual ele, eu tentava ser ele. Depois eu vi que não dava, ele é muito melhor que eu. Ele era a bandeira de um Flamengo que não tinha poder financeiro, o melhor jogador sendo lateral-esquerdo, uma loucura. Então sou muito grato a ele, me deu muita inspiração. E ter o Júnior aqui, aliás eu mandei mensagem pra ele, queria muito ele aqui e o Leandro, que fez uma mensagem pra mim. Isso é um coisa impensável, Júnior e Leandro, os dois maiores laterais da história na minha despedida. Pra mim isso é muito importante, é muito simbólico, tem um poder dentro de mim muito grande o Júnior estar ali. Pra ele, de repente, talvez nem tanto mas pra mim que quando joguei pela primeira vez contra o Bahia: ‘Já era’, já joguei pelo Flamengo. E agora ver o Júnior na minha despedida, é só agradecer essas lendas.”

Clique para comentar

Comente esta reportagem

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

As últimas

Para o Topo