O Draft da NFL é o maior evento da offseason. Todos os anos, no fim de abril, jovens espalhados pelas universidades de todo os EUA dão o primeiro passo de sua carreira profissional no futebol americano. De lendas aos grandes fracassos, a grande maioria dos jogadores que pisaram em um campo da liga passou por essa experiência.
Este ano não será diferente. O recrutamento, que ocorrerá em Las Vegas, começa nesta quinta-feira às 21h (de Brasília). Na sexta-feira, segundo dia, tem início às 20h e no sábado, às 13h. Embora o sistema de seleção seja simples, alguns termos e jargões podem causar confusão para aqueles que estão assistindo pela primeira vez. Mas não se preocupe, estamos aqui para ajudar.
O draft é divido em sete rodadas, com no mínimo 32 escolhas cada, sendo uma para cada franquia, em ordem inversa a sua classificação da temporada anterior (por exemplo, o Jaguars, time de pior campanha e portanto, último colocado, será o primeiro a escolher). Ainda há as escolhas compensatórias. Elas são distribuídas pela NFL para os times que perderam jogadores significativos na free agency do último ano. Equipes quais tiveram técnicos ou executivos que façam parte de alguma minoria assinando como GMs ou HCs também são bonificados, recebendo múltiplas picks de fim de terceira rodada, que é o lugar mais alto que esse tipo de seleção pode se posicionar.
Assim, o número de escolhas varia de ano a ano e depende das compensatórias. Este ano, por exemplo, serão 262 seleções. Estas podem ser trocadas entre si ou então por jogadores. Por esta razão é comum vermos times escolhendo mais de uma vez por rodada, enquanto outros ficam sem a oportunidade. Temos, por exemplo, o caso do Rams, que trocaram sua escolha de primeira rodada (e mais outras escolhas) para os Lions pelo QB Matthew Stafford.
Quanto mais alta a escolha, maiores as chances de captar uma estrela. Porém, o draft não é uma ciência exata. Muitos jogadores talentosos saem todos os anos depois da primeira rodada. Nesse processo temos diferentes jargões que acabam julgando as seleções. Um steal, por exemplo, é quando um atleta muito bom é selecionado numa escolha baixa, de pouco valor. Reach, é justamente o contrário. Essas expressões são usadas quase de imediato após a decisão da equipe, contudo, as opiniões só se consolidam ou se quebram temporadas depois.
Tom Brady, por exemplo, foi convocado apenas na 6ª rodada, sendo seu nome apenas o 199º a ser chamado. Ninguém àquela altura esperava que o calouro de Michigan se tornaria o maior jogador de todos os tempos. Outra expressão que será bastante ouvida é a de bust, sendo este o jogador que não cumpriu as expectativas e fracassou, seja dentro ou fora de campo. É um termo subjetivo, para alguém, jogador X pode ter sido um bust, para outro, não. O QB Josh Rosen, selecionado em 2018 pelo Arizona Cardinals na 1ª rodada, é um exemplo recente. Historicamente temos como um dos destaques, negativos, o QB Jamarcus Russell, ex-Raiders.
Cada jogador possui um valor acumulado baseado em alguns fatores. Dentre eles podemos citar idade, extra-campo, mentalidade, fisicalidade, posição, chances de adaptação a NFL, e, é claro, desempenho do College (que pode ser questionado caso sua universidade seja de um nível mais baixo). Esses quesitos compõe o draft stock, e são capturados principalmente nos vídeos que as equipes assistem de forma incansável no processo de avaliação e pelo Combine, evento promovido em março de cada ano pela NFL, em que os atletas passam por testes físicos de velocidade, força, salto, entre outros. Dependendo do quão talentoso um calouro possa ser, a equipe pode ignorar se ele faz parte de uma necessidade do elenco ou não, e selecioná-lo por ser o BPA (Best Player Avaliable), melhor jogador disponível.
O valor de uma escolha é determinado por quão alta ela é, mas, mesmo que haja uma tabela que defina este preço, ele acaba não sendo objetivo. Assim, para uma troca, cada franquia é que irá definir o que quer por sua escolha e poderá usar as leis de oferta e demanda para elevar suas exigências. Soma-se portanto, o seu desejo de ficar com a seleção, o número de demandantes e o nível de desespero deles (que aumenta de forma significativa na briga por um QB).
Quando um time sobe no draft, o chamado trade up, ele pode acabar envolvendo múltiplas escolhas valiosas para convencer o outro a descer no draft, ou seja, dar o trade down. Nesse processo, podem ocorrer os smokescreens, que são os blefes dados pelas equipes enganando os concorrentes para conseguir draftar alguém improvável ou então capital de draft, que nada mais é que a soma de seus ativos de recrutamento. No filme A Grande Escolha, dirigido por Ivan Reltman, esse mundo é bastante explorado e muito bem colocado em evidência, com o personagem de Kevin Costner enfrentando a pressão enorme que um general manager enfrenta no dia do draft.
O Draft da NFL, acima de tudo, é um evento divertidíssimo de assistir, podendo trazer emoções da primeira a até a última escolha. São três dias caóticos de alegrias e frustrações, mas cima de tudo, muitas surpresas e expectativas, que só irão se confirmar, contudo, no futuro.