Futebol

Maradona 60 anos: O legado do maior ídolo de seu país em Copas do Mundo

(Photo credit should read STAFF/AFP via Getty Images)

O argentino Diego Armando Maradona, um dos maiores jogadores da história do futebol, completa 60 anos nesta sexta-feira (30). Ídolo da nação argentina, Maradona coleciona gols, títulos (e um deles, a Copa do Mundo de 1986), e também muita polêmica.

Ídolo incontestável, Maradona fez 91 partidas vestindo a camisa de sua seleção, e marcou 34 vezes, sendo oito nas quatro Copas do Mundo (1982, 1986, 1990 e 1994) onde defendeu seu país por 17 anos.

A PRIMEIRA COPA DO MUNDO DE MARADONA

A Seleção Argentina era a atual campeã, vinha do título Mundial de 1978. E na edição de 1982 onde Maradona fez sua estreia em Copas do Mundo, que era considerada no papel até mais forte do que na Copa anterior,Maradona já era conhecido internacionalmente, ainda mais após a venda para o Barcelona, concretizada pouco antes do mundial da Espanha.

Mas a estreia de Maradona em Copas do Mundo não foi como seu país imaginava, derrota para a Bélgica no jogo inaugural do Mundial por 1×0. Mas no segundo jogo, Dieguito se recuperou da má estreia, e fez 2 gols na goleada sobre a Hungria por 4×1, e no terceiro jogo da fase de grupos, os Hermanos venceram El Salvador por 2×0, com Maradona passando em branco.

 A segunda fase seria decidida em quatro grupos com três países, com cada grupo conferindo uma vaga nas semifinais. A Argentina enfrentaria Itália e Brasil.

O primeiro jogo foi entre argentinos e italianos e Maradona seria caçado em campo, com uma truculenta marcação individual de Claudio Gentile, e o jogo acabou com vitória italiana por 2×1 e praticamente obrigou a Argentina a vencer os brasileiros para haver chances reais de classificação.

E no jogo decisivo diante da Seleção Brasileira, aos 40 minutos do segundo tempo quando o Brasil já dominava o jogo vencendo por 3×1, Maradona deu uma entrada dura, e foi expulso. Acabava ali de forma melancólica a Copa de Dieguito.

SEGUNDA E COPA MAIS MARCANTE DE MARADONA

Maradona foi convocado para o segundo mundial do México com algumas críticas. Alguns repórteres da mídia argentina questionavam a escolha do técnico Carlos Bilardo em chamá-lo e ainda por dar-lhe a faixa de capitão.

Maradona apanhou demais na estreia, mas jogou bem contra a Coreia do Sul, vencida por 3×1. No jogo seguinte, marcou o gol argentino no empate em 1×1 contra a campeã Itália. A classificação veio após vitória por 2–0 sobre a Bulgária. As oitavas-de-final seriam contra os rivais do Uruguai de Enzo Francescoli. Maradona teve um gol anulado e, instigado, realizou a melhor partida de sua vida, de acordo com o próprio. A Albiceleste eliminou a Celeste por 1×0, em dia em que ele afirma ter realizado bem todas as jogadas. O próximo adversário da Argentina seria a Inglaterra.

O primeiro gol da vitória argentina por 2×1 , aos seis minutos do segundo tempo, foi de Maradona, com a mão. O camisa 10 saiu correndo e comemorando, dizendo para seus companheiros fazerem o mesmo para que o árbitro não invalidasse o lance, e deu certo, mesmo com a enorme reclamação dos ingleses. 

Foto: STAFF/AFP via Getty Images)

Ao final da partida, perguntado sobre, Maradona disse: “Lo marqué un poco con la cabeza y un poco con la mano de Dios” (“Marquei um pouco com a cabeça e um pouco com a mão de Deus”). E o segundo gol, que ficou conhecido como “O Gol do Século” aconteceu poucos minutos do gol malandro com a mão. Maradona tocava a bola na defesa, quando ele foi buscar a bola na defesa, de costas para a marcação, driblou quase o time todo e fez o seu segundo gol na partida.

Na semifinal, a Argentina enfrentaria a Bélgica, seleção que derrotou Maradona e companhia na Copa do Mundo de 1982. Mas Maradona agora se vingou, e fez os 2 gols da vitória, 2×0, e a Argentina voltava a mais uma final.

O jogo seria contra a Alemanha Ocidental. Maradona, desta vez, não marcou. O técnico alemão, Franz Beckenbauer, pediu para que Lothar Matthäus marcasse de perto o argentino. Ainda assim, o primeiro gol surgiu em razão dele: Matthäus cometeu uma falta em Maradona que Jorge Burruchaga cobraria para José Luis Brown abrir o marcador. Todavia, Maradona continuou dominado por Matthäus até cinco minutos do fim do jogo. Após estarem perdendo por 0x2, os alemães haviam acabado de empatar heroicamente. Foi quando Maradona recebeu a bola e, entre dois adversários, deu belo passe para Burruchaga fazer 3×2. Ao final, como capitão, ergueu a Copa que, na opinião geral, ganhou praticamente sozinho.

TERCEIRA COPA DE MARADONA

Quando o mundial começou, Maradona, bem diferente dos dois anteriores, era um jogador totalmente consagrado internacionalmente, e carregando a seleção para o título da Copa anterior.

Em razão de sua consagração, foi caçado na estreia e a Argentina, surpreendida com o futebol talentoso mas ao mesmo tempo violento de Camarões, que teve dois jogadores expulsos, perdeu por 1×0 para os africanos. Após a partida, na coletiva de imprensa, ironizou que “o único prazer desta noite foi descobrir que graças a mim os italianos de Milão deixaram de ser racistas: hoje, pela primeira vez, apoiaram os africanos”.

No jogo seguinte, enfrentaram a União Soviética e venceram por 2×0, e Diego Maradona passava em branco mais um jogo na Copa, e, após empatar em 1×1 com a Romênia, passaram por pouco à segunda fase, apenas como um dos melhores terceiros colocados, sistema que começou a valer naquele Mundial.

A Argentina enfrentaria nas oitavas-de-final o Brasil, que havia conseguido três vitórias em três jogos. Com tantas pancadas na primeira fase, Maradona entrou em campo com as pernas e coxas cobertas de equimoses e com uma inchação permanente em seu tão chutado tornozelo esquerdo, que mais parecia uma bola. Isso obrigou-lhe a praticamente apenas caminhar em campo na maior parte de partida. Os brasileiros, melhores em campo, chegaram a acertar três vezes as traves de Goycochea quando, a oito minutos do fim, Maradona finalmente acelerou em campo com a bola nos pés. Atraiu a marcação de quatro jogadores, deixando Claudio Caniggia totalmente livre. Maradona entregou a bola a ele, que só teve o trabalho de vencer Taffarel.

O heroísmo quase deu lugar à vilania contra a Iugoslávia, nas quartas-de-final. A partida terminou em 0x0 no tempo normal e na prorrogação. Nos pênaltis, Maradona cobrou mal e Tomislav Ivković defendeu. Mesmo com Pedro Troglio também desperdiçando sua cobrança, os sul-americanos avançaram após Goycochea defender dois pênaltis, e a Argentina chegava em mais uma semifinal.

Na semifinal, a Argentina enfrentou os donos da casa, e o jogo prometia uma atmosfera tensa, pois os italianos vinham odiando Maradona. Para completar, o jogo seria em Nápoles. Uma bandeira da Argentina chegaria a ser arrancada da concentração da seleção e Maradona pediu intervenção da embaixada. Mais uma vez, ele apelou a seu público napolitano que torcesse pela Argentina. E boa parte de sua audiência contumaz realmente se sentiu incapaz de torcer contra o ídolo. Os anfitriões saíram na frente e sofreram o empate no meio do segundo tempo, era o primeiro gol que a Itália tomava na Copa. Novamente, os argentinos encararam os pênaltis na Copa. Desta vez, Maradona marcou o seu. Goycochea defendeu outra vez duas cobranças, de Roberto Donadoni e Aldo Serena, e a Albiceleste tirou a Azzurra do caminho. Mais do que nunca, os italianos sentiam um verdadeiro ódio contra Maradona, que declarou que eliminar os anfitriões foi o seu maior feito em Copas, “por todos os significados que teve, embora tenha me custado um montão de coisas depois. (…) Você não imagina o prazer”. Declarou Maradona após o jogo.

 E na final, os alemães conseguiram a revanche, vencendo com um único gol, de pênalti marcado por Brehme, a cinco minutos do fim. Os argentinos não perdoariam a marcação a penalidade, duvidosa. Ao final da partida, o estádio inteiro se alegrou quando o telão transmitiu o rosto em lágrimas do argentino, que se recusou a apertar a mão do presidente da FIFA, João Havelange, ao receber a medalha de prata.

A ÚLTIMA E MELANCÓLICA COPA DE DIEGO MARADONA

Maradona, após a suspensão de quinze meses dada pela FIFA, ficou três anos sem jogar pela Argentina partidas oficiais.

Maradona saindo de mãos dadas com uma enfermeira logo após ser escolhido para o exame de antidoping na Copa de 1994 (Foto: Michael Kunkel/Bongarts/Getty Images)

Após recuperar milagrosamente a velha forma, Maradona começou a Copa do Mundo de 1994 dando espetáculo. Marcou de fora da área contra a Grécia e, em famosa comemoração, rugiu com os olhos esbugalhados para uma câmera. Contra a Nigéria, demonstrou fôlego incansável e inspirou os argentinos a vencerem de virada. O milagre por trás da perda de treze quilos (de 89 para 76 quilos) em um tempo assustadoramente curto antes do torneio foi revelado em novo antidoping, que detectou efedrina. A droga, além de ser usada para emagrecer, era também um poderoso estimulante. Para a Seleção Argentina não ser desclassificada, Maradona teve de jurar inocência e a Associação do país teve de retirar seu nome do elenco, e Maradona fez seu último jogo oficial ali, dia 25/07/1994.

Clique para comentar

Comente esta reportagem

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

As últimas

Para o Topo