Rebecca Meyers, tricampeã olímpica, esclareceu que não vai mais participar das Paralimpíadas de Tóquio 2020. Em nota, a nadadora afirmou que a organização da competição barrou a presença de sua mãe nas acomodações por conta das restrições contra o novo coronavírus, no Japão. Depois da Rio 2016, a mãe de Becca se tornou acompanhante oficial da paratleta, aprovada pelo Comitê Americano. Rebecca Meyers, 26, tem deficiência visual e auditiva.
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A nadadora emitiu um comunicado oficial para informar sobre sua desistência da competição:
— Tive que tomar a angustiante decisão de me retirar da Paraolimpíada de Tóquio 2020. Estou com raiva, estou decepcionada, mas, acima de tudo, estou triste por não representar meu país. O USOPC negou uma acomodação razoável e essencial para que eu, como atleta surda-cega, pudesse competir em Tóquio, dizendo-me repetidamente que não preciso de um assistente de cuidados pessoais (PCA) “em quem confio” porque haverá um único PCA no staff disponível para ajudar a mim e 33 outros nadadores paraolímpicos, 9 dos quais também são deficientes visuais — diz trecho da nota.
Rebecca Meyers consegue escutar em ambientes com pouco ruído, utilizando um implante coclear. Ela também consegue dialogar ao fazer leitura labial, porém isso seria dificultado com o uso de máscaras, por conta da Covid-19. A nadadora também é acometida por retinite pigmentosa, o que tem feito com que sua visão piore progressivamente.
O comitê organizador de Tóquio 2020 acabou limitando o número de integrantes das delegações que não são atletas. Com isso, casos como a de Meyer podem ocorrer, e as delegações terão que, eventualmente, reduzir significativamente o número de membros das equipes.
A nadadora Rebecca Meyers acumula três medalhas de ouro, conquistadas nos Jogos Olímpicos do Rio 2016, e uma prata e um bronze em Londres 2012. Em Tóquio 2020, a paratleta era favorita a mais quatro medalhas.
CONFIRA A ÍNTEGRA DO COMUNICADO OFICIAL DE REBECCA MEYERS:
— Tive que tomar a angustiante decisão de me retirar das Paralimpíadas de Tóquio 2020. Estou com raiva, estou decepcionada, mas, acima de tudo, estou triste por não representar meu país.
O USOPC negou uma acomodação razoável e essencial para que eu, como atleta surda-cega, pudesse competir em Tóquio, dizendo-me repetidamente que não preciso de um assistente de cuidados pessoais (PCA) “em quem confio” porque haverá um único PCA no staff disponível para ajudar a mim e 33 outros nadadores paraolímpicos, 9 dos quais também são deficientes visuais. O USOPC aprovou que eu tivesse um PCA de confiança (minha mãe) em todos os encontros internacionais desde 2017, mas desta vez é diferente. Com o COVID, existem novas medidas de segurança e limites de pessoas não essenciais em vigor, com razão, mas um PCA confiável é essencial para que eu possa competir.
Então, em 2021, por que, como pessoa com deficiência, ainda estou lutando pelos meus direitos? Estou defendendo as futuras gerações de atletas paraolímpicos, na esperança de que eles nunca tenham que sentir a mesma dor que passei. Basta.