Neymar jogando centralizado não é uma novidade! Já tinha atuado assim inúmeras vezes no PSG, e foi escalado desta forma na própria seleção brasileira em algumas ocasiões. A questão passa por novamente nos mostrar o quanto pode ser influente para uma equipe na faixa central do gramado, mais perto da bola, participando das ações mais vezes do que quando parte do lado esquerdo.
Esse texto não se propõe a defender que o camisa 10 seja escalado somente desta maneira na Seleção de Tite. Ele já provou que pode desequilibrar saindo da esquerda em direção a área ou flutuando entre as linhas a partir do flanco. Há muitas formas de encaixe no selecionado brasileiro com as características dos jogadores de meio e ataque, mas os últimos dois jogos do PSG serviram pra mostrar que o atleta como um ”falso nove” também precisa ser considerado pelo técnico do Brasil.
A Seleção só volta aos gramados daqui a aproximadamente dois meses. Até lá uma nova temporada europeia vai começar e Neymar pode voltar a jogar como ponta ou meia partindo da esquerda, como foi na maioria dos jogos do PSG em 2019/2020. Outros atletas brasileiros podem pedir passagem na Seleção, mas dificilmente Richarlison e Gabriel Jesus deixarão de ser chamados para as Eliminatórias. Esses são dois nomes que se beneficiariam demais se Neymar jogar na função central do ataque.
Como o próprio nome já diz, a função de ”falso nove” consiste na flutuação do jogador mais avançado e central da linha de ataque. A ideia é que ele circule no espaço entre a linha de defesa e de meio do adversário, recebendo a bola nas costas dos volantes e induzindo os zagueiros a abandonarem a linha defensiva, abrindo espaços para infiltrações e diagonais dos homens de lado de campo. É justamente aí que Richarlison e Gabriel Jesus podem contribuir.
Ambos funcionam muito bem ”atacando espaços”. Esse movimento de Neymar pelo centro, atraindo a atenção de um ou mais defensores ao receber a bola entre as linhas, proporciona o cenário perfeito para que Jesus e Richarlison sejam acionados em profundidade. Logicamente esta é apenas uma das dinâmicas de movimentação pensadas a partir desta formatação.
Roberto Firmino também sabe fazer esse movimento. O executa constantemente no Liverpool, mas Neymar acrescentaria a imprevisibilidade e o talento que carrega consigo. Outro benefício é não ter que fazer adaptações no momento defensivo. Por diversas vezes Neymar foi poupado por Tite de retornar marcando pelo lado esquerdo. Ficava à frente das duas linhas de quatro ao lado do centroavante, isso obrigava alguém do meio-campo ou até mesmo algum atacante, vide Gabriel Jesus contra o México na Copa, a fazer essa função.
Rodrygo, Willian, Everton, Bruno Henrique e Gabigol são outros atacantes que apresentam essas característica de ”atacar as costas da defesa” quando escalados pelos lados do campo. Todos foram convocados recentemente por Tite na Seleção. Os ataques mais posicionais implementados na equipe a partir da Copa do Mundo ganhariam uma nova vertente e um problema constante de presença entre as linhas do adversário poderia ser resolvido.