O São Paulo começou a temporada de 2024 com altos e baixos. Apesar de alguns resultados interessantes, o desempenho da equipe comandada por Carpini não agradou o torcedor até aqui. Não seria nenhum absurdo afimar que a má fase do Tricolor coincide com a de Luciano, visto que o camisa 10 esteve presente em praticamente todos os bons momentos do clube nos últimos anos. Sendo assim, há como explicar o futebol ruim apresentando pelo atacante nesse começo de ano?
PARTICIPAÇÃO NO JOGO
De acordo com dados apurados por Guilherme Mirra, do portal Vamo São Paulo, Luciano vem participando menos com bola que o normal em 2024. Dentre os 5 treinadores que comandaram o camisa 10 desde que ele chegou ao São Paulo, Carpini vem sendo o segundo que menos dá liberdade para o atacante se movimentar. Veja os números abaixo:
- Diniz: 49,5 ações/jogo e 0,82 participações em gol/jogo
- Crespo: 42,4 ações/jogo e 0,38 participações em gol/jogo
- Ceni: 47,6 ações/jogo e 0,56 participações em gol/jogo
- Dorival: 53,3 açõe/jogos e 0,54 participações em gol/jogo
- Carpini: 42,5 ações/jogo e 0,16 participações em gol/jogo
Luciano tem como uma de suas principais características a leitura de espaços e movimentação em campo. Mesmo sendo um segundo atacante de ofício, o recuo para o meio de campo a fim de receber a bola e construir o jogo de trás sempre foi uma marca registrada do atleta. Por orientação de Carpini, a ausência desse tipo de movimentação pode ser um dos motivos da queda de rendimento do jogador. Veja o que disse o técnico são-paulino após o empate com o Red Bull Bragantino:
“É uma coisa que eu tenho cobrado muito do Luciano, de ele ter um pouco de paciência e estar mais próximo da área. É um cara com um poder de definição, uma capacidade técnica de ser decisivo em determinados momentos do jogo. Mas às vezes ele tem uma ansiedade quando a bola não passa por ele de vir próximo do volante, e aí ele fica muito distante dessa aproximação [da área adversária].”
Essa orientação para que Luciano fique mais próximo da meta adversária faz parte de como Carpini pensa o São Paulo para a temporada. O treinador prefere explorar os lados do campo e os cruzamentos, algo que necessita de atletas atacando a área, movimento que o camisa 10 são-paulino vem fazendo por mais vezes neste início de ano.
De maneira oposta ao que muitas vezes é repetido (em geral quando o jogador está em má fase), Luciano não vem atuando como meio-campista em 2024. Pelo contrário, ele vem sendo mais atacante do que nunca tendo em vista que o atleta vem sendo posicionado de maneira mais avançada e tendo menos recuos para buscar o jogo.
As bolas longas da defesa para o ataque também vem minando o jogo do camisa 10. Com um futebol mais direto e de velocidade, a bola acaba passando menos pelo meio de campo, lugar onde Luciano geralmente gosta de se movimentar e buscar o jogo.
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DEMORA PARA ENGRENAR
Algo que torcedores são-paulinos vêm notando é a demora que Luciano tem para “pegar no tranco”, o que de fato vem acontecendo com o camisa 10 nos últimos anos. O atacante não esteve em alta em nenhum início de temporada em que esteve no São Paulo. Confira abaixo os números do atleta nos primeiros 9 jogos das últimas temporadas:
- 2021: 1 gol e 0 assistências
- 2022: 1 gol e 0 assistências (foi reserva na maior parte dos jogos)
- 2023: 2 gols e 1 assistência
- 2024: 1 gol e 0 assistências
FALTA DE VERSATILIDADE
O fato de não ser um jogador polivalente prejudica Luciano, que poderia contornar a má fase atuando em outra função. Em um esquema de 4-2-3-1 que vem sendo adotado por Carpini, o camisa 10 não se sente confortável em nenhuma outra posição que não seja como um meia centralizado na linha de 3 meio-campistas.
O atleta foi testado por Dorival atuando mais pelo lado direito do campo em 2023, mas seu desempenho foi longe do esperado. Ele também foi testado em alguns momentos como um camisa 9, em especial sob o comando de Rogério Ceni, mas também não rendeu. Ceni inclusive revelou em entrevista que Luciano pediu para não atuar como “9” por não gostar de jogar na função.
PROJEÇÃO PARA A TEMPORADA
Apesar de um estilo de jogo que parece não acomodar o camisa 10 de maneira ideal, é indiscutível que Luciano tem boa parcela de culpa em seu mau momento. O atacante vem desperdiçando muitas chances nesse início de ano e pecando em fundamentos como passes longos e finalizações.
Além disso, como um jogador que tem o respeito de boa parte da torcida (e que tem seu nome gritado com frequência no Morumbis), é dever do atleta se esforçar ao máximo para compreender o modelo de jogo de Carpini e se adaptar a ele, mesmo não estando plenamente confortável.
Tendo iniciado 2024 como titular, não será nenhum absurdo ver o artilheiro da equipe em 2023 no banco de reservas ao longo do ano, já que a disputa por posição com Lucas Moura, James Rodríguez e Rodrigo Nestor promete ser dura.
Vale lembrar que o próximo gol de Luciano pelo São Paulo deve ser especial, já que seu 69° gol com a camisa são-paulina fará com que ele empate com França na terceira colocação entre os artilheiros do clube no século XXI. Após isso, faltará para o camisa 10 ultrapassar “somente” Rogério Ceni (112) e Luis Fabiano (212) para tornar-se o maior goleador tricolor neste século.