Uma das maiores bombas da história dos bastidores do futebol brasileiro estourou essa semana. Com a divulgação da operação envolvendo mais de cinquenta jogadores profissionais acusados de estarem envolvidos em esquemas de manipulação de resultados em eventos esportivos, a credibilidade das casas e grupos de apostas fica em sérios riscos. Apostadores acreditam que os mais prejudicados são os clubes e as empresas.
A Operação Penalidade Máxima II, realizada pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO), foi a responsável por descobrir um grande esquema de fraudes de resultados esportivos envolvendo as principais competições do futebol brasileiro. Jogadores bastante conhecidos e de clubes grandes são suspeitos, como é o caso de Eduardo Bauermann (Santos), Richard (Cruzeiro), Vitor Mendes (Fluminense), Alef Manga (Coritiba), Pedrinho (Athletico-PR), Nino Paraíba (América-MG), Victor Ramos (Chapecoense), entre muitos outros.
A divulgação dos esquemas de apostas está repercutindo bastante entre os torcedores dos clubes e apostadores, que começaram a desconfiar de diferentes lances “bizarros” que aconteceram nos últimos anos. Nas redes sociais, é possível ver a propagação cada vez maior de muitos vídeos de jogadores levando cartões “bobos”, fazendo gols contra e cometendo pênaltis “inexplicáveis”.
Essa repercussão negativa tende a diminuir a credibilidade das casas de apostas, mas para Kayque Gonzaga, apostador desde 2021, elas são as principais vítimas dos esquemas.
“Sempre suspeitei de manipulação porque é fácil. Acho que isso influencia em zero por cento para quem aposta, mas se você parar para pensar, quem foi traído de verdade foram as casas de aposta. A Betano, por exemplo, patrocina a Copa do Brasil, a competição que mais dá dinheiro na América do Sul. Então, isso acaba com a imagem da casa de aposta que vai ter que provar que é honesta. Outro exemplo importante também é a Blaze, casa que patrocina o Santos, time do Eduardo Bauermann.”
Para um representante do Guia das Apostas, um dos principais grupos de dicas para apostadores do país, as fraudes prejudicam principalmente na perda de credibilidade, não só das casas, como também de quem trabalha produzindo e vendendo conteúdo sobre o tema. Ele acredita que até mesmo quem tem um nome de reputação vai ser afetado pelo escândalo.
Gabriel Andrade, que representa o grupo de dicas Aposta Mestre, mostra preocupação em relação à imagem das apostas esportivas na sociedade após o escândalo.
“Quem entende um pouco de aposta sabe que a gente é vítima disso tudo. Agora, quem não entende pode achar que as casas de apostas e os apostadores estão matando futebol e matando os esportes. Na minha concepção, isso não é real porque as apostas estão no mundo desde que o mundo é mundo, desde os gladiadores de Roma já existiam apostas e combinações, essas coisas todas.”
Pedro Garcia, que aposta desde 2018, acredita que o divulgado na mídia agora é apenas a ponta do iceberg e que há mais envolvidos.
“Credibilidade nunca existiu, principalmente nos campeonatos menores e estaduais. Muitos apostadores grandes que dão dicas pareciam estar envolvidos. Eles mandavam nos grupos apostas em lugares desconhecidos e distantes, que ia acontecer mais de sete gols em um jogo, que no primeiro tempo estaria 3×0 para um time e no outro tempo 5×3 para o adversário. Resultados muito estranhos e que fazem isso parecer apenas a ponta do iceberg.”
Com o andamento das investigações, é possível que o Ministério Público intervenha em relação às casas de apostas. Por isso, Gabriel Andrade levanta a hipótese das apostas passarem a sofrer limitações.
“Pode ser que diminua os mercados nas casas de apostas, o que afeta diretamente a gente que sobrevive disso e tem uma banca sólida que trabalha valores mais altos. Então, pode ser que prejudique sim, mas eu acredito que não porque já teve escândalos assim no mundo todo e eu não vi isso alterar.”
Os jogadores suspeitos estão sendo investigados por recebimento de cartões amarelo ou vermelho, número de escanteios, gols contras, pênaltis cometidos, etc.
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O que diz o Estatuto do Torcedor?
Art. 41-C: “solicitar ou aceitar, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem patrimonial ou não patrimonial para qualquer ato ou omissão destinado a alterar ou falsear o resultado de competição esportiva ou evento a ela associado”.
A pena para esse crime é a reclusão de dois a seis anos e multa.
A Operação Penalidade Máxima investiga grupos criminosos que pagavam jogadores, com propostas de até R$ 100 mil, para interferirem nas partidas a fim de resultar no lucro de apostadores em sites de apostas.