O presidente da Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj), Rubens Lopes, concedeu uma entrevista coletiva online na tarde desta sexta-feira para esclarecer dúvidas a respeito das medidas que a entidade tomará para o transcorrer da temporada 2020 do futebol carioca após a paralisação decorrente do combate ao coronavírus. Ao longo de uma hora e meia, o mandatário respondeu questionamentos de diversos veículos de comunicação.
O presidente afirmou que haverá volta sem público.
– Acredito que sim, essa é minha percepção pelo cenário do momento. Estamos com dificuldades para o retorno das atividades de um grupo pequeno, extrapolando para o início da competição, a presença de público eu penso que não ocorra tão cedo. Pelo menos na nossa competição, que deve ser a primeira a recomeçar, as partidas certamente serão com portões fechados. As demais são uma incógnita.
O presidente da FERJ também não descartou a possibilidade de ter jogos na Gávea e nas Laranjeiras, já que não terá público. Neste caso, só iria depender das emissoras de televisão definirem se terão condições técnicas para realizar a transmissão.
– Quem tem o direito de escolher onde vai realizar as suas partidas é o mandante. Todos dizem que o futebol tem que ser profissional. Se é profissional, se o jogo tem apelo para uma praça de grande público, que vai permitir recursos, não há porque realizar em outro lugar, afinal todos devem olhar sob o aspecto econômico e profissional. Ah, mas o Flamengo só joga no Maracanã. O Fluminense também. Quem quiser só jogar lá, não está proibido. Não é Centro de Treinamento de ninguém. Não há desequilíbrio técnico porque é o Maracanã.
No entanto, o mandatário não estipulou prazo para o retorno do Campeonato Carioca.
– Essa nem a Mãe Dináh vai responder. Não há quem possa fazer uma previsão, seria totalmente imprudente. Assim como tem gente que diz “isso não vai acontecer antes do mês tal”… Só se tiver bola de cristal – disse.
Rubens Lopes também sugeriu que os finais de semana tenham jogos do Brasileiro e do Estadual alegando que os clubes têm elenco para isso.
– Quanto a adentrar ao calendário de 2021, não altera em nada o Carioca. Vai ter jogo no sábado do Brasileiro? Vai ter no domingo do Estadual. Os clubes têm elenco para isso, têm número de atletas para utilizar um numa partida, um numa outra. Já aconteceu na Bahia, jogaram um dia pela Copa do Nordeste, outros pelo Estadual. No inicio do nosso campeonato, alguns usaram equipes mistas, não sua força principal. Pode ter dois mil campeonatos em janeiro e fevereiro, mas os jogos dos campeonatos estaduais vão seguir. Não vai atrapalhar em nada.
O dirigente também falou sobre os testes que estão sendo comprados pela federação. Rubens Lopes informou que vai priorizar os clubes menores da primeira divisão carioca.
– São testes aprovados pelas autoridades e serão aplicados em todos, atletas e não atletas, que estiverem envolvidos em treinamentos, quando isso for permitido. Priorizamos os 12 clubes menores da primeira divisão – afirmou.
Outras respostas:
CÁLCULO DO PREJUÍZO
Quando se fala em prejuízo o intangível é extremamente relevante. Credibilidade e conceitos são atingidos violentamente. Em termos econômicos, podemos deduzir que haverá maior concentração de renda. Os ativos perderão valor. A sua bicicleta hoje não vale mais aquilo que você acha. O direito econômico dos atletas não terá o mesmo valor. A concentração de renda é inevitável. Quem tem muitos recursos, terá mais condições. Os prejuízos serão suportados por todos. Em bilheteria, faltam 16 ou 17 partidas, se fizermos uma conta pela média de publico do campeonato, diga-se de passagem, a segunda maior do país, em termos de arrecadação possamos de uma maneira aleatória estipular 6, 7 milhões de reais na bilheteria dessas partidas. Não se tem conhecimento de cada clube, então não se pode dizer como vão suportar essas dificuldades. Elas existirão, ninguém tem dúvida. Agora, se a reserva para suportar o rombo… Cada clube sabe das suas contas, não temos acesso a elas. São informações individuais.
EXISTE A POSSIBILIDADE DE JOGADORES ATUAREM COM MÁSCARAS?
Acho difícil, nunca vi em lugar nenhum. A finalidade da máscara é um barreira mecânica à eliminação de gotículas. Você impede que isso seja eliminado num raio de ação maior. Mas isso atrapalha a respiração, não acredito que venha a acontecer. Mas é um problema que os médicos dos clubes vão decidir. Os demais que não estejam em esforço físico intenso, deverão utilizar as máscaras.
REUNIÕES COM OS CLUBES
Não estamos numa queda de braço, não é uma reunião que a decisão tem que ser por maioria. Essas reuniões são em busca de um consenso sobre qual o melhor caminho para atingir o mesmo objetivo. Todos têm o mesmo objetivo. Existem divergências nos debates? Sim, claro. Divergências sobre qual caminho melhor para que cheguemos ao ponto desejado. Mas não se decide esse querendo assim, outro assado… As discussões são relativamente longas, nossas reuniões às vezes têm duração acima de duas horas, os temas são extremamente esmiuçados e se chega a um consenso. Existe uma unidade e uma unanimidade sobre tudo que foi conversado até o momento: o campeonato acaba dentro de campo, não há hipótese de virada de mesa, de soluções mirabolantes; necessidade da criação de um protocolo médico fundamentado; discussão de vários temas com os advogados dos clubes, temas jurídicos que depois posso falar deles… Isso tudo está sendo feito dentro de uma unidade.
COMO GARANTIR A SEGURANÇA DE TODOS OS ENVOLVIDOS NOS JOGOS?
O protocolo médico elaborado e debatido por mais de 30 médicos, todos os clubes participaram disso, com uma consultoria de um grande infectologista da UFRJ, está claro e caracterizado que todos os testes… Ou seja, esse protocolo não é para apenas atletas, mas para cobertura proteção e segurança de todos que venham a estar inseridos. Atletas, gandulas, porteiros… o que posso tiver que será um numero reduzido, colocado para 40 no início. Mas os protocolos serão para todos.
Foto: Reprodução/TVFerj
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