Vasco
Pressão política fez Jorge Salgado ceder e deixar convicção de lado em primeira grande crise de sua gestão no Vasco
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A primeira grande crise da gestão de Jorge Salgado no Vasco fez o presidente acertar, na última quinta-feira, as saídas do diretor executivo de futebol Alexandre Pássaro e o técnico Fernando Diniz. Enquanto tentava segurar os dois ao menos até o fim da Série B, para poder fazer uma análise da temporada, o mandatário viu a pressão interna de setores da própria gestão e da política do clube aumentar, principalmente após as duas recentes goleadas sofridas em pleno São Januário. Assim, não viu outra saída que não fosse a saída dos dois principais nomes do futebol do clube: o diretor e o treinador.
Há duas semanas, após a derrota para o CSA por 3 a 1, em casa, a pressão começou a aumentar. Com aquele resultado a situação do time na Série B já ficava muito delicada. Poucos dias depois, as falas do presidente Jorge Salgado na coletiva de imprensa que tinha como objetivo apresentar o importante acordo do clube com a PGFN também não foram bem recebidas. Na ocasião, o mandatário até fez algumas leves críticas ao futebol do clube, mas mais exaltou o trabalho de Alexandre Pássaro do que reconheceu erros ou fez alguma auto-crítica. E, para muitos, falar que o clube estava se planejando para um possível cenário de permanência na Série B e que poderia subir no ano seguinte passou uma imagem de conformismo.
As primeiras reações mais fortes de dentro do clube já acontecem alguns dias depois da coletiva. No dia seguinte da dura derrota por 1 a 0 para o Guarani, que deixou a situação da equipe ainda pior, a “Sempre Vasco”, que tem 30 cadeiras no Conselho Deliberativo do clube, publicou uma nota em que pedia a renúncia de Jorge Salgado.
Goleadas em casa aumentaram pressão
Naquele mesmo período a pressão de membros da própria gestão sobre Salgado, cobrando providências sobre o departamento de futebol, também aumentaram. No domingo, após a humilhante derrota por 4 a 0 para o Botafogo em pleno São Januário foi praticamente uma pá de cal nos sonhos do Vasco na Série B. E a entrevista coletiva de Alexandre Pássaro após a partida não foi bem recebida pela torcida e membros da diretoria, que não gostaram do diretor de futebol ter mencionado os rebaixamentos anteriores do clube e da falta de reconhecimento dos erros da gestão do futebol durante o ano. Na coletiva, Pássaro mostrou muita confiança no próprio trabalho.
Na última terça-feira, em nota divulgada à imprensa, a diretoria administrativa do clube informou que já havia iniciado a planejamento para 2022, mas que só iria se pronunciar após o fim da Série B. Este silêncio de Salgado e inércia no departamento de futebol irritaram a torcida. Alexandre Pássaro seguia prestigiado pelo presidente, que gostaria de esperar o fim da Série B para fazer uma análise sobre o trabalho do diretor.
Mas a goleada sofrida por 3 a 0 para o Vitória fez o caldo entornar e Salgado não conseguiu mais segurar o antes prestigiado diretor de futebol. Depois de mais uma humilhação em São Januário, alguns grupos políticos que compõe a “base” da Mais Vasco, chapa de Jorge Salgado eleita no pleito de 2020, chegaram a dar um prazo para o presidente fazer mudanças no futebol do clube. Caso contrário, poderiam sair da gestão. Alguns conselheiros eleitos junto com a chapa fizeram críticas abertas a administração do clube em redes sociais. Além disso, grupos políticos de oposição, como Identidade Vasco, Fuzarca, Time da Virada e Imortal, começaram recolher assinaturas em um abaixo-assinado para pedir a destituição de Salgado e toda a diretoria administrativa, além dos presidentes e vice do Conselho Deliberativo do clube. O objetivo, de acordo com o “GE”, conseguir entre 2.500 e 3 mil assinaturas para convocar uma Assembleia Geral Extraordinária.
Depois disso, as mudanças, enfim, vieram. Alexandre Pássaro e Fernando Diniz foram demitidos na última quinta-feira. Mas o silêncio de Salgado ainda incomoda. A promessa de um pronunciamento na “Vasco TV” nesta sexta-feira mais uma vez não foi bem recebida. A falta de abertura para questionamentos da imprensa chamou a atenção negativamente. Agora, em silêncio ou não, a diretoria administrativa já começa a trabalhar pensando na próxima temporada. Algumas mudanças devem fortalecer o departamento de futebol e descentralizar a responsabilidade sobre a gestão do carro-chefe do clube, que durante 2021 ficou praticamente apenas nas mãos de Pássaro. Um vice-presidente de futebol deve ser escolhido dentro da gestão e um CEO pode ser contratado para o futebol, além de um novo diretor de futebol. Assim, 2022 deve começar mais cedo na Colina.
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