Campeonato Brasileiro

Red Bull Bragantino e Cuiabá se consolidam nas gestões empresariais; entenda

Red Bull Bragantino
Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino

Protagonizando um “confronto empresarial”, Red Bull Bragantino e Cuiabá estarão frente a frente na noite desta quarta-feira, pela 30ª rodada do Campeonato Brasileiro, no estádio Nabi Abi Chedid, em Bragança Paulista. Mesmo que as SAFs venham ganhando ainda mais espaço no futebol brasileiro neste ano, principalmente depois da venda de gigantes como Botafogo, Cruzeiro e Vasco, o Massa Bruta e o Dourado já estão sendo comandados por este modelo de gestão consolidado há um tempo.

No Brasil, o primeiro time que passou a funcionar como uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF) entre os componentes da Série A foi a equipe do Dourado, que já era um clube-empresa desde que foi fundado em 2001, e apenas esperava pela aprovação da nova legislação do futebol brasileiro, que passou a valer a partir do mês de agosto de 2021.

Em 2009, a família Dresch comprou o clube e, até hoje, é municiada pelos investimentos feitos pela Drebor, que fabrica material utilizado por recapeadores de pneus. Os irmãos Alessandro e Cristiano Dresch estão à frente da gestão das áreas administrativas e também do futebol.

“A SAF é o grande movimento dos últimos anos no futebol brasileiro. Essa lei veio para conseguir salvar os clubes mais tradicionais que estavam à beira da falência e é o ‘motor’ que vai transformar o Campeonato Brasileiro em uma Liga. Acredito que, se a maioria das equipes se tornarem SAF, vai haver uma pressão maior para que a Liga saia do papel. Foi uma lei que chegou no momento certo e que vai nos colocar em uma posição muito melhor do que já temos hoje”, afirmou o vice-presidente do Cuiabá, Cristiano Dresch.

No caso do Red Bull Bragantino, a fusão com a empresa austríaca Red Bull, marca de bebidas energéticas, e o time de Bragança Paulista teve início em 2019. No primeiro ano de parceria, o resultado imediato veio com o acesso da equipe do interior de São Paulo para a elite do Brasileirão. Além de conseguir se firmar na primeira divisão, chegou na final da Copa Conmebol Sul-Americana, mas acabou sendo derrotado diante do Athletico Paranaense pelo placar magro de 1 a 0 na grande na decisão. Em 2022, disputou a Libertadores pela primeira vez na sua história.

A Red Bull também adquiriu outras agremiações e hoje administra times como o Salzburg, da Áustria, desde 2005. Quatro anos depois, a multinacional expandiu os seus negócios, indo a Alemanha em 2009 e comprou o SSV Markranstädt, que estava na quarta divisão. Logo na sua primeira temporada de Bundesliga, conseguiu rivalizar com o Bayern de Munique, a maior potência do futebol alemão, foi o vice-campeão do campeonato nacional e conquistou a vaga para a Liga dos Campeões da Europa.

Com o tempo, os investimentos da empresa começaram a ir além do âmbito futebolístico, já que também marcam presença em esportes radicais, como Red Bull Racing na Fórmula 1. Fundada em 87, a Red Bull usa os jovens como o seu público-alvo para consumir os seus produtos. Uma forma de justificar o seu lucro, vem sendo depositado no mundo esportivo.

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Trabalhando como executivo há mais de 20 anos em diretoria de empresas e de marketing e novos negócios do esporte, Renê Salviano destaca que o conceito e estratégia da Red Bull sempre foi algo evidente.

“Não passa de uma estratégia bem feita e de muito estudo. Fizeram tudo com planejamento e se apoiaram em ações com uma força de mídia, e muitas das vezes, mídia espontânea. Eram ações exclusivas e inéditas mundo afora e isso trouxe força para marca. Trouxe também essa paixão porque as ações realmente foram impactantes. É óbvio que chegariam no futebol, o esporte mais praticado no mundo inteiro para poder ganhar escalabilidade”, falou.

Até a temporada passada, somente Cuiabá e Red Bull Bragantino estavam sendo geridos no modelo de clube-empresa na elite do Brasileirão. Hoje, Botafogo e Cruzeiro, que foram recentemente comprados, entram no grupo das Sociedades Anônimas do Futebol. Na segunda divisão, quem também está entrando neste mesmo cenário das SAFs é o Bahia, que briga pelo acesso à Série A do Campeonato Brasileiro de 2023.

Na visão dos torcedores do clube, a venda de uma SAF significa uma esperança em dias melhores no futebol. Entretanto, tal investimento não garante que o clube conquistará títulos e terá resultado imediatos que os adeptos pensam. Pensando nisso, há especialistas que dizem que a expectativa não deve ser maior do que a razão em ocasião como essa. Armênio Neto, um especialista em negócios do mundo do esporte, diz que é necessário que todas as partes se entendam, e que a torcida precisa ter certa paciência.

“As mudanças não vão acontecer de um dia para o outro, embora esse seja o cenário ideal na cabeça do torcedor. Basta ver os exemplos na Europa, de que o sucesso muitas vezes pode ser a médio ou longo prazo, de acordo com a realidade e situação de cada clube. Para as equipes que são compradas por investidores e possuem altas dívidas acumuladas, esse processo de reconstrução pode ficar ainda mais demorado. Ou seja, para alcançar uma gestão profissional é preciso esse equilíbrio”, falou ele.

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