Desde o fim da parceria do Coritiba com o Toledo para o projeto do futebol feminino, o Esporte News Mundo buscou escutar todas as partes envolvidas para esclarecer a situação do fim da equipe feminina. Desta vez, o ex-presidente Samir Namur comentou sobre o inicio da parceria e situações envolvendo o repasses financeiros -, também em contato com a diretoria do Coritiba, Paulo Mossimann confirmou ao ENM que o Coritiba recebeu ao menos três propostas para continuar com o futebol feminino, porém, conforme já adiantado por Glenn Stenger, vice-presidente, na posse da presidência de Juarez Moraes e Filho, o Coritiba não terá em 2021 um time feminino.
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Para entender toda a situação
Para que o Coritiba pudesse cumprir a Lei de Licenciamentos dos Clubes, da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o Coxa iniciou uma parceria em fevereiro de 2020 com a equipe do Toledo, mediada pelo coordenador, Jaime Lira Leal Filho, do Ouro Verde Futebol Clube, para reativar a equipe feminina após o término da parceria com o Foz do Iguaçu, no fim de 2018. Mas a Lei em que a CBF estipula para todas as equipes, tem-se por base a obrigatoriedade de todas as equipes que estão atuando na Série A do Campeonato Brasileiro, logo, quando o Coritiba descendeu para a Série B, o time não teve por base na Lei a obrigatoriedade de manter o time feminino.
Por conta dos altos valores – valores que nunca foram apresentados de maneira oficial, porém, o técnico Jaime Lira Leal e pessoas ligadas aos clubes declararam que estavam entre R$25.000 e R$30.000 -, o Coritiba não conseguiria manter a parceira com o Toledo para o futebol feminino. O vice-presidente, Glenn Stanger, declarou em entrevista:
“Futebol é dinheiro. O Coritiba perdeu cerca de R$80 milhões de 2020 para 2021 (…) Teremos, com o acesso à primeira divisão, a obrigatoriedade de montar um time feminino para 2022. Já temos contatos, alianças para isso, mas, para 2021 não haverá o futebol feminino.”
Declarações de Glenn Stanger na posse da presidência de Juarez Moraes e Filho, no inicio de julho de 2021.
No dia 15 de Julho, o ENM esteve em contato com o chefe de imprensa e relações públicas do Coritiba, Paulo Mossimann e nos foi informado que quando a nova diretoria assumiu em janeiro de 2020, a situação do clube era complexa e ao fim do enquadramento da lei da obrigatoriedade, os novos dirigentes optaram por não continuar o processo, adentrar nas ‘entrelinhas da parceria’ e por isso não houve nenhuma divulgação do fim da parceria, maio de 2021. Referente aos valores repassados, por questões de politica e ética do clube, não há como ter a divulgação dos valores que iriam para o Toledo.
Paulo Mossimann ainda informou que o Coritiba recebeu três contatos para continuar a parceria e o investimento do futebol feminino; ao que foi repassado pela diretoria, houve contato do próprio Toledo, de um clube da capital paranaense e de um clube de Foz do Iguaçu. O próprio técnico Jaime Lira Leal confirmou ao ENM que existia o contato com o Coritiba para a continuação da parceria, porém, dessa vez, sem o contato com o Toledo – apenas com o time do próprio Jaime Lira, o Paranaense Futebol Clube.
Samir Namur
O Coritiba já iniciou duas parcerias em sua história para a formação da equipe feminina; em 2017 com a gestão Rogério Bacellar, com o Foz do Iguaçu e em 2020 com a gestão Samir Namur. O ex-presidente Samir comentou sobre o inicio da parceria e sobre o porquê da realização de um time por meio de parceria e não a formalização de um time próprio como o Athletico PR: ” — Na nossa gestão, sempre houve a vontade do time feminino próprio. No entanto, a realidade financeira ainda é impeditiva, infelizmente, o que condiciona o curto prazo do Clube, que acaba sendo ter o time feminino por meio dessas parcerias.”.
Em todos os contatos com a diretoria do Coritiba ou com o presidente do Toledo, Carlos Alberto Dulaba, ambos não quiseram divulgar as formas que eram feitos os repasses dos valores para o mantimento da parceria; pessoas ligadas ao clube e o técnico Jaime Lira comentaram uma suposta defasagem nos repasses. Samir informou a forma que foi realizado os contratos e repasses dos valores para os devidos pagamentos: ” — Foi assinado um contrato e os repasses eram realizados pelo financeiro do clube, como quaisquer outros pagamentos. Fica tudo registrado na contabilidade, balancetes e é fiscalizado pelo Conselho Fiscal, que é independente.”.
Ao que ficou no questionamento sobre os possíveis repasses não realizados, foi a questão da falta de fiscalização dos valores, uma vez que a imagem e o nome do Coritiba estavam ligados diretamente a qualquer que seja a situação que pudesse envolver o projeto. O ex-presidente informou que os valores eram repassados para o Toledo e eram de responsabilidade de aplicação do clube do interior e por isso não houve questionamentos no momento sobre as aplicações dos valores: ” — Os valores eram repassados ao Toledo, de clube para clube. Os contratos com as atletas (tanto de formação, quanto profissionais) eram responsabilidade do Toledo, sem qualquer vínculo com o Coritiba. Como não houve reclamação à época, também não houve questionamento sobre a aplicação dos valores. Cabe lembrar que praticamente toda a parceria ocorreu já na pandemia, com longa paralisação das atividades, além de uma série de dificuldades financeiras para todos os clubes, de todas as modalidades.”.
A última partida do Coritiba com a equipe feminina, foi em fevereiro de 2021, na goleada por 5 a 1, contra o Bahia, na Copa do Brasil Sub-18. Desde então, algumas atletas pediram desligamento do Coritiba/Toledo, outras continuam nos treinamentos do Ouro Verde FC para a disputa do Paranaense Feminino de 2021 e algumas atletas já foram negociadas para equipes como Internacional e Palmeiras. Para o ano de 2022 e com o acesso confirmado, o Coritiba deve anunciar logo no inicio do ano a outra forma de parceria para se enquadrar na Lei de obrigatoriedade da CBF.