George Russell é uma das maiores surpresas positivas na temporada 2022 da Fórmula 1. Mesmo estando em um ambiente completamente novo e com um carro que no início do ano era extremamente difícil de lidar, o inglês faz um trabalho para ninguém botar defeito. George sabe aproveitar as oportunidades que aparecem e, mesmo dividindo a garagem com Lewis Hamilton, o brilho de seu talento não foi ofuscado.
Hoje Russell é um dos pilotos mais regulares do grid, e porquê não dizer que ele está entre os melhores? Após 13 etapas disputadas o piloto do carro #63 conseguiu 5 pódios, 1 pole position e em todas as corridas que cruzou a linha de chegada, terminou pelo menos em 5º.
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O britânico tem muito mérito em tudo isso, é claro, mas também devemos dar alguns créditos à Mercedes, que soube trabalhar muito bem para moldar o piloto confiante que George se tornou.
Apadrinhado pela marca germânica desde as categorias de base, Russell foi campeão da Fórmula 2 em 2018 e promovido à Fórmula 1 no ano seguinte como titular da Williams. E é muito importante relembrarmos também o período que ele passou pelas garagens de Grove, já que aquele tempo foi essencial para a formação do #63.
Ao chegar na Fórmula 1, todo piloto almeja estar em um time de ponta para brigar por pódios e vitórias, mas para isso é preciso estar preparado. Quantas vezes não vimos competidores talentosos tendo suas carreiras ‘queimadas’ por falta de maturidade para brigar no pelotão da frente? – Pierre Gasly e Alexander Albon são exemplos bem recentes disso.
Russell até tinha o desejo de ser promovido para a Mercedes o mais rápido possível, e os jornais do mundo inteiro sempre cravavam durante a silly season da Fórmula 1 que ele seria o susbstituto de Valtteri Bottas. O que fazia sentido, já que o inglês mostrava bons resultados enquanto o finlandês oscilava bastante ao longo do ano.
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Mas a Mercedes percebeu a imaturidade de seu prodígio. Nos tempos de Williams Russell cometeu alguns erros bobos – o que é comum para quem ainda é novo – e jogou fora boas oportunidades de pontuar com o carro capenga da escuderia de Grove.
Imagine se a falha durante o Safety-car (em Ímola 2020) ou o acidente com Bottas no mesmo circuito, mas desta vez em 2021, tivessem acontecido enquanto brigava pela liderança? Erros são erros, é verdade, mas cometê-los em uma equipe de ponta na Fórmula 1 parece que tem um peso muito maior e, quando acontecem, uma pressão gigantesca cai em cima do piloto.
Algo parecido aconteceu com Carlos Sainz pela Ferrari esse ano. Apesar de ter superado Charles Leclerc em 2021, o espanhol começou a temporada 2022 muito mal e constantemente cometia erros, o que o fez ser bastante questionado.
Se algo semelhante acontece com Russell – ainda mais tendo Hamilton como companheiro de equipe – ele certamente seria apedrejado e seu talento seria colocado em cheque. Que bom que isso não aconteceu!
Russell acumulou quilometragem na Williams e aprendeu a deixar de ser o piloto afobado, característica muito forte de quem ainda é inexperiente. Somado a isso, ele soube trabalhar junto ao time para buscar melhorias e, assim, alcançar o tão sonhado primeiro ponto.
A série Drive to Survive, da Netflix, mostrou como o #63 era determinado. Mesmo passando anos com um carro de fundo de grid ele não se mostrava para baixo e entregava o máximo de dados para a escuderia trabalhar em alguma forma de evolução. Elas acabaram chegando e ele aproveitou, tanto que pontuou no GP da Hungria, Bélgica, Itália e Rússia.
A maturidade somada aos resultados sólidos foram o suficiente para convencer o Toto Wolff de que estava na hora da promoção. E agora eles colhem os frutos por saberem esperar a hora certa.
Ao lado de Hamilton, Russell forma a dupla mais forte do grid da Fórmula 1. No início da temporada a equipe pode usar a experiência do heptacampeão para testar acertos diferentes e entender melhor o W13, enquanto George seguia por um caminho mais seguro e, com sua habilidade, maximizava os pontos para a garagem alemã.
Sabendo exatamente o que fazer, o jovem inglês aproveitou as chances e conseguiu subir ao pódio inúmeras vezes. Algumas graças ao tropeço das rivais, é verdade, ele também estava no lugar certo na hora certa, imprimindo sempre um ritmo forte.
Somado a isso, raros foram os vacilos cometidos ao longo do ano. No Canadá e na Áustria, etapas em que errou durante a classificação, foi capaz de reduzir os impactos durante a corrida e cruzou a linha de chegada em 4º nas duas oportunidades. Abandono ele teve apenas um, em Silverstone, em que se envolveu em um acidente na largada onde não teve culpa alguma.
Além dos bons resultados, o #63 tem mostrado maturidade nas disputas na pista. Em Barcelona brigou roda a roda com Max Verstappen durante algumas voltas e na Áustria fez uma excelente corrida de recuperação após ser punido por um toque com Sergio Pérez.
Fato é que a Mercedes e Russell estão colhendo os frutos por saberem esperar o momento certo até decidir que era a hora da promoção. Hoje o inglês é um piloto completo e a primeira vitória é apenas uma questão de tempo.