Automobilismo

‘Salvou minha vida’: veja outros momentos que o Halo evitou tragédias na Fórmula 1

Acidente entre Hamilton e Verstappen colocou Halo em evidência.

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Foto: Divulgação/F1
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O acidente entre Max Verstappen e Lewis Hamilton no domingo (12), em Monza, teve um grande impacto na luta pelo título do Campeonato de Pilotos. Em uma pista que favorecia as Mercedes, com ambos os pilotos fora, o holandês manteve os cinco pontos de vantagem para o rival.

Divulgação/F1

Mesmo assim, o contato entre a Red Bull e a Mercedes na curva 2 poderia ter sido muito mais grave, se não fosse por uma composição recente nos carros da Fórmula 1: o Halo. O carro de Verstappen passou por cima do cockpit de Hamilton, tendo contato com o assoalho e com o pneu traseiro passando diretamente por cima da cabeça do britânico.

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A proteção evitou que o carro caísse diretamente em cima de Hamilton, e ainda assim a roda chegou a ter contato com o capacete do heptacampeão. Em entrevista, disse ter sido muito ‘sortudo’:

— Graças à Deus pelo Halo, que no fim do dia, eu acho que salvou minha vida, e salvou meu pescoço. Eu acho que nunca fui atingido na cabeça por um carro antes, e foi um choque pra mim, porque eu não sei se você viu a imagem, mas minha cabeça está bem pra frente. E eu venho correndo por um bom tempo, e eu sou tão grato por ainda estar aqui.

Divulgação/F1

Em sua origem, o Halo foi amplamente criticado. Sua aparência estranha para um carro clássico de Fórmula 1, o fato de poder atrapalhar a visibilidade dos pilotos ao conduzirem a mais de 300km/h, ou mesmo que não ajudaria tanto na proteção, como no caso do acidente de Felipe Massa em 2009, quando foi atingido por uma mola, foram argumentos dos críticos.

A realidade, no entanto, mostrou que essa nova peça de segurança seria muito necessária nos anos seguintes. Adicionado ao mundo da F1 em 2018, o Halo tem uma estrutura de titânio grau 5 (muito utilizado na indústria aeronáutica), pesa apenas sete quilos, mas consegue suportar cerca de 12 toneladas em sua estrutura, algo semelhante a um ônibus londrino de dois andares. É a peça mais resistente do atual carro da categoria.

Assim, vamos ver abaixo algumas situações na Fórmula 1 em que o Halo foi importante para manter a integridade física dos pilotos, e evitar potenciais acidentes graves:

O primeiro teste – Spa-Francorchamps 2018

Na primeira temporada com a novidade em segurança, já ocorreu também seu primeiro ‘teste de campo’. Logo após a largada no GP da Bélgica em 2018, Hulkenberg bateu na traseira de Fernando Alonso e lançou a McLaren do espanhol por cima da Alfa Romeo de Charles Leclerc.

Quase como numa manobra de skate, o carro de Alonso deslizou por cima do monegasco, com uma das rodas batendo diretamente no Halo. Apesar do forte impacto e de sair sem a asa traseira de seu carro, Leclerc saiu ileso do acidente, tido como o ‘ponto final’ na discussão se a presença da proteção seria ou não necessária.

GP do Canadá – 2019

Reprodução/F1

Semelhante ao acidente de Felipe Massa, Romain Grosjean quase foi atingido por uma peça de um dos carros do grid após a largada na corrida de Montreal, em 2019. Na disputa inicial por espaço, Kimi Raikkonen e Alexander Albon se chocaram, e uma peça da asa da Toro Rosso foi diretamente no carro do francês. 

Mesmo tendo um espaço considerável entre o carro e a parte superior do Halo, a peça do carro do tailandês voou e ficou presa na Haas de Grosjean, evitando que o detrito se chocasse diretamente com o capacete do piloto.

GP da Toscana – 2020

Divulgação/F1

Em uma corrida marcada por um acidente múltiplo na relargada que resultou em quatro abandonos, o Halo também teve uma participação na proteção de Carlos Sainz. O espanhol, assim como outros pilotos, acelerou para a bandeira verde, porém, alguns carros frearam novamente. Assim, o número 55 levantou o carro de Giovinazzi, da Alfa Romeo, que foi amparado pela proteção de titânio.

GP de Emilia-Romagna – 2021

Reprodução/F1

Valtteri Bottas e George Russell disputavam a décima posição no circuito italiano, até que o britânico, ao tentar a ultrapassagem, derrapou na grama e fez contato com a Mercedes de Bottas.

Em alta velocidade, a Williams de Russell subiu no carro do finlandês, com o Halo evitando que a roda e o chassi do número 63 tivessem contato direto com o capacete de Bottas. A proteção segurou o carro e ambos os pilotos saíram sem ferimentos do acidente. Russell, que ná época já era especulado na vaga do próprio Bottas, ainda saiu do carro para cobrar diretamente o piloto ‘rival’ na Mercedes.

A prova definitiva – GP do Bahrein – 2020

Na primeira volta do circuito do Bahrein, todos que acompanhavam de alguma forma a corrida viram um carro ir na direção do guard rail da pista, na reta após a curva três.

A Haas de Romain Grosjean bateu de frente com a proteção lateral da pista e foi dividida ao meio. Com a colisão, o carro rapidamente pegou fogo com o piloto francês ainda dentro das ferragens, mas o Halo salvou o francês de diversas maneiras.

A batida em alta velocidade produziu uma força de 67 Gs, ou seja, a pressão no piloto foi 67 vezes o peso de seu próprio corpo. No ângulo de batida, sem o Halo, o capacete poderia ter tido um contato direto com o guard rail, que foi cortado pelo carro. Além de evitar uma cena fatal, o Halo ‘cortou’ a proteção no contato, e possibilitou que Grosjean não desmaiasse, algo que potencialmente também seria fatal devido ao incêndio.

Apesar do susto e de queimaduras nas mãos, Grosjean voltou aos treinos na Indy depois de cerca de três meses de seu acidente na Fórmula 1. O fato ainda levou o francês a se “desculpar” com o equipamento: 

— Eu era totalmente contra a introdução do Halo. Como eu fui idiota. O Jules salvou minha vida, salvou a vida de outros pilotos. Serei grato a ele para sempre.

Divulgação/F1

“Jules” que Romain Grosjean cita na entrevista à TV francesa Canal Super é Jules Bianchi, piloto francês que faleceu por decorrência de um acidente no GP de Suzuka em 2014. Na época, o piloto da Marussia escapou da pista e bateu num trator que retirava o carro de Adrian Sutil do circuito. Pela altura do carro, Bianchi acertou diretamente o capacete no trator, o que resultou na primeira morte em decorrência de acidente na Fórmula 1 desde Ayrton Senna em 1994.

Durante o GP da Hungria de 2017, o diretor de segurança da Federação Internacional de Automobilismo, Lauren Mekies, explicou como foi realizado o processo de adoção do Halo, um elemento pesquisado principalmente após a morte do piloto francês.

Divulgação/F1

Mekies explicou que a sua equipe fez numerosas simulações de alguns tipos de colisão: carro com carro; carro com objeto; e fatores externos, como pneus ou detritos. Apesar do acidente de Bianchi ter saído com uma análise neutra na simulação com Halo, considerando que não há certeza absoluta que o equipamento teria salvo o piloto, outros acidentes a FIA tem segurança de que o sistema poderia evitar uma fatalidade.

O primeiro é o acidente de Henry Surtees, jovem que faleceu aos 18 anos em 2009, quando pilotava pela Fórmula 2. Em um acidente em Brands Hatch, o capacete de Surtees foi atingido pela roda de Jack Clarke, que cruzava a pista após uma batida. Outro caso foi o de Justin Wilson, que morreu em 2015, quando pilotava na Indy e foi atingido no capacete pelo carro de Sage Karam.

Apesar de não ser uma garantia de total segurança, ou não ser mais fechado como o aeroscreen adotado pela Indy a partir de 2020, o Halo é, desde sua estreia, uma importante peça para manutenção da integridade física dos pilotos, principalmente em acidentes que poderiam ter consequências trágicas.

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