São Paulo

Análise: O irreconhecível São Paulo que nós já conhecemos

Rubens Chiri / saopaulofc.net

O São Paulo soma apenas três pontos em 18 disputados, uma campanha de lanterna, que só não abraçou definitivamente o último lugar, porque o Grêmio conseguiu ser pior. Nenhuma vitória em seis rodadas do Brasileirão e não vence um jogo desde que goleou o 4 de Julho por 9 a 1, na Copa do Brasil, em 8 de junho.

O cenário não é novo para o torcedor são-paulino, que remonta na sua cabeça momentos traumatizantes, como a queda de rendimento do 2º turno de Diego Aguirre ou o início de 2021 de Fernando Diniz. Situações que fazem o torcedor pensar: por que com Hernán Crespo será diferente? A torcida do São Paulo já está esgotada quanto a essa situação. Não é sobre essa temporada, é sobre os últimos anos e é totalmente compreesível que o torcedor tenha essa ansiedade misturado com medo e decepção.

Ninguém tem a resposta para essa pergunta, que até Crespo deve fazer hoje em dia. Será que eu serei como os outros? Depois de tudo o que aconteceu, depois do título, de ser elogiado, será que vou ser como os outros?.

O título que daria a calma para trabalhar veio, mas junto com ele, está um claro esgotamento físico e talvez até mental da equipe, tão esgotada quanto seu torcedor, que não aguenta viver essa situação novamente.

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O jogo contra o Cuiabá, mais um pra lista de resultados péssimos do São Paulo no Brasileirão, deixou isso mais claro do que qualquer outro. O São Paulo já chega em campo totalmente desfalcado: Luan, Miranda, Luciano, Hernanes, William estão lesionados. Luciano na sua terceira lesão muscular em menos de dois meses. Éder acabou de voltar de lesão, assim como Benítez e Dani Alves, que fez seu retorno após mais de um mês fora por conta de uma lesão. Só se fala nisso e só se tem isso: lesão, lesão, lesão. Arboleda com a Seleção. Reinaldo e Igor Vinicius suspensos. São nove desfalques e três jogadores que certamente ainda não estão na sua melhor forma, mais do que um time completo.

E o jogo foi símbolo de como o São Paulo sente o ritmo e a intensidade nestes primeiros meses de Campeonato Brasileiro.

O primeiro tempo do São Paulo teve alguma criatividade, teve Benítez e Rigoni construindo. Diego Costa subindo muito e ajudando na construção pelo lado direito. Mas ao mesmo tempo, teve falhas grosseiras na recomposição, sinal claro de quem não consegue mais voltar com a mesma velocidade de outrora. Até assim saiu o gol da virada do time cuiabano, que aproveitou a dificuldade do tricolor em recompor o sistema defensivo após um escanteio.

A segunda etapa, por outro lado, foi gritante quando o assunto é ritmo. O São Paulo diminuiu muito a intensidade, não conseguiu chegar com grande perigo ao gol adversário, exceção feita a um lindo lançamento de Liziero, que encontrou Vitor Bueno em velocidade e o camisa 12 acertou a trave. Em relação ao primeiro tempo, trocou mais passes, teve mais a bola, mas chegou e se movimento muito menos. Rigoni saiu sentindo a coxa, com milhões de são-paulinos torcendo para que seja apenas um desconforto comum ao jogo. Gabriel Sara saiu em uma entrada dura do jogador do Cuiabá, com o mesmo número de pessoas orando para que não seja mais uma baixa e um árbitro incapaz de ver uma falta clara.

Para Hernán Crespo faltam opções. Quem deveria solucionar, trouxe mais problemas, como Orejuela, que fez mais um jogo para esquecer. Custou caro, veio como solução pra uma posição difícil do tricolor, mas ainda não se encontrou. Precisa melhorar e tomara que melhore, pois como falado, é uma posição em que o São Paulo precisa de uma solução.

Quem um dia esteve bem, hoje teve e tem falhas no seu jogo. E quem nem vinha jogando, deve ter ficado assustado com o complemento que encontrou no companheiros em campo. Mas quem são esses jogadores? Cadê o time que me deu suporte quando fomos campeões?

Luan faz falta e muita falta, mas vai muito além da perda de um jogador. São várias perdas, é o desgaste, é o medo de repetir toda a história que já foi contada algumas vezes. Alternativas para Luan talvez ajudem, como um teste com Diego Costa como volante, ele não tem convencido parte da torcida defensivamente, mas ajudou muito nos passes na região intermediária. Diego Costa já fez a função no sub-20, embora tenha sido zagueiro a maior parte da sua formação. Na base, os volantes mais marcadores eram Marcos Junior, hoje na Ponte Preta e Gabriel Falcão, que recentemente se recupero de uma grave lesão, além de Cássio Junior, hoje no Leganés B, da Espanha.

Pessoalmente, acho as críticas a Diego e Bruno Alves exageradas, como sempre digo, o coletivo vale mais do que o individual, um time coletivamente mal derruba jogador e um time coletivamente bem levanta. Diego teve bons momentos em 2020, mesmo com Crespo, já em 2021, assim como Bruno Alves também teve seus bons momentos e não é porque rendem menos, junto com todo o time, que não prestam. Esse linear de presta ou não presta, baseado em meia dúzia de jogos em que o time vai mal, na minha opinião é extremamente perigoso.

Porém, voltando a falar do time coletivamente mal, o resumo é que o São Paulo é irreconhecível quando comparado ao time do mês passado. Como no início de 2021, era irreconhecível em relação ao final de 2020. Como no 2º turno do Brasileirão de 2018, era irreconhecível em relação ao time do 1º turno. O torcedor, infelizmente, já conhece esse São Paulo irreconhecível, mas ele também conhece outro São Paulo, um vencedor, aguerrido e criativo e é esse que ainda há esperança de que Crespo traga de volta.

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