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Análise: golaços sofridos mostram fragilidade da defesa do São Paulo

Rubens Chiri / saopaulofc.net

Não é incomum nas redes sociais encontrar comentários que falem da beleza dos gols que o São Paulo tem sofrido. Somente nas três primeiras rodadas do Paulistão foram pelo menos dois lindos chutes, que encontraram o fundo da meta são-paulina: Lucão do Break, pelo Guarani e Hyoran, pelo Red Bull Bragantino.

Em conjunto com a má fase do time, o goleiro Tiago Volpi, um dos grandes investimentos do São Paulo nos últimos anos, está longe de ser unanimidade entre os torcedores e acaba sendo premiado com a maior parcela da culpa, ao menos pelos comentários irritados de muitos são-paulinos. No entanto, as jogadas que resultam nos gols e a forma como as finalizações surgem, escancaram um problema muito maior do que apenas o goleiro, em uma falha coletiva do time.

Nos dois golaços sofridos nesse Paulistão, com a bola rolando (desconsiderando o gol de falta marcado pelo Guarani), um movimento se repetiu: o jogador conseguiu puxar para dentro, com o pé direito e teve muito tempo e espaço pra finalizar, com chance de se equilibrar, olhar o gol e conseguir uma finalização praticamente perfeita.

O lance não é novidade para a defesa são-paulina. Em 2021, na derrota por 1 a 0 para o Bahia, Rossi também dominou pelo lado esquerdo, puxou pro meio e finalizou no cantinho. No mesmo ano, na goleada sofrida para o Flamengo, por 4 a 0, no Morumbi, foi Michael quem aproveitou a sobra, cortou pro meio e finalizou com maestria, a bola bateu na trave antes de entrar. Antes, em outra goleada rubro-negra, dessa vez por 5 a 1, foi Bruno Henrique quem dominou de costas para Igor Vinicius, fez o giro e acertou o ângulo.

Esses são apenas três de uma sequência de gols muito bonitos e parecidos que o São Paulo levou em um passado recente. Embora as críticas da torcida e também as ofensas recaiam sobre Tiago Volpi e em muitos pedidos para que Jandrei assuma a posição no time titular, é nítido que o São Paulo tem um problema muito maior para lidar e que a troca de goleiro, por mais que talvez realmente seja importante, é secundária.

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A pressão na linha diagonal, principalmente na bola rebatida, é pouca ou quase inexistente. Em todos os lances há em comum, além da movimentação do adversário, a distância e a fragilidade da marcação são-paulina. Os atacantes não estão sendo pressionados na hora da finalização, o que permite, obviamente, muito mais tranquilidade para que se consiga o gesto técnico perfeito e um resultado muito melhor.

No gol de Hyoran, pelo Red Bull Bragantino, o meia recebe a bola pelo lado esquerdo do ataque com a marcação de Igor Vinicius. Ele tira o lateral do lance com extrema facilidade, apenas limpando a jogada com um corte para o meio, Igor Gomes não chega a tempo e Arboleda apenas cerca, o camisa 19 não encontra desafios para finalizar no ângulo e empatar o jogo.

Hyoran acerta um grande chute. Foto: Reprodução

Estamos falando de jogadores profissionais, que treinam desde a infância e estão acostumados a tomar decisões e executar ações em milésimos de segundos. Quanto mais tempo um profissional do futebol tiver para fazer qualquer gesto técnico ou fundamento, maior a chance de que ele seja feito com muito mais precisão, beirando ou até atingindo a perfeição. É o que acontece com, ou melhor, contra o São Paulo. Com tempo, espaço e sem pressão adversária, o índice de acerto das finalizações tende sempre a ser mais alto quando são direcionadas à meta são-paulina.

O técnico Rogério Ceni pode até trocar de goleiro e dar chances para Jandrei, que foi muito bem na sua estreia, no empate em 0 a 0 contra o Ituano, em que inclusive defendeu um pênalti, atendendo aos pedidos de uma boa parte da torcida. No entanto, enquanto o problema primário não for resolvido, pode ser apenas questão de tempo para que ele sofra com o mesmo estigma que Volpi passa atualmente.

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