Quando o árbitro apitou para o fim do jogo na última sexta-feira, no Etihad Stadium, Diego Simeone provavelmente abriu um sorriso, ainda que tímido. Não por ser apequenar e torcer contra – isso não combina com a personalidade do argentino. Mas por ser humano. O Real Madrid, algoz do rival Atlético em quatro edições de Liga dos Campeões seguidas, entre 13/14 e 16/17, estava eliminado para o Manchester City da disputa atual.
No mesmo dia, caiu para o Lyon a Juventus de Cristiano Ronaldo, presente na sequência de triunfos dos Merengues sobre os Colchoneros, e que já com a camisa do clube italiano, tirou o Atleti da última edição da competição europeia. Caminho finalmente aberto para o competitivo esquadrão de Simeone?
Para isso, o time espanhol terá de frear a campanha já histórica do RB Leipzig, time da extinta Alemanha Oriental que chega pela primeira vez às quartas-de-final europeia. Por outro lado, sobra motivação para a equipe da capital da Espanha, que nas oitavas de final, eliminou o favoritíssimo Liverpool, dono de campanha avassaladora no Campeonato Inglês.
Ao superar os ingleses, o Atlético de Madrid contou com atuação marcante do goleiro Jan Oblak, um dos esteios da equipe, e que já era o titular na decisão da Champions em 2016, a segunda perdida pelos comandados de Simeone na última década.
Eleito o melhor goleiro do Campeonato Espanhol por quatro anos consecutivos (2016 a 2019), o esloveno é um dos responsáveis pela invencibilidade colchonera desde a retomada do futebol na Espanha. Em 11 jogos, foram sete vitórias, quatro empates e apenas seis gols sofrido.
Outros pilares do time são Koke e Diego Costa, os remanescentes da primeira das finais europeias perdidas para o Real, na temporada 2013-14. O meia-central espanhol nunca deixou o Atlético, enquanto o segundo, que conviveu com algumas lesões nesta temporada, teve período no Chelsea-ING e não esteve na outra decisão contra o rival de Madrid dois anos depois.
Números de Koke na temporada:
- 41 jogos
- 4 gols
- 5 assistências
Números de Diego Costa na temporada:
- 23 jogos
- 5 gols
- 4 assistências
TOQUE BRASILEIRO
Esqueça o tempo de adaptação. O zagueiro Felipe e o lateral-esquerdo Renan Lodi tornaram-se peças importantes do time de Diego Simeone logo na primeira temporada em Madrid. O defensor entrou para a seleção dos melhores do Campeonato Espanhol, enquanto o ex-Athletico Paranaense fez parte de uma mudança na maneira de jogador do Atleti.
Lodi e Trippier, lateral-direito adquirido junto ao Tottenham também na última janela do verão europeu, chegaram para substituir, respectivamente, Filipe Luís e Juanfran, dupla que hoje atua no Brasil.
As contratados mudaram o perfil das laterais do Atleti, que ganharam a responsabilidade de dar amplitude ao time no momento ofensivo, o que antes ficava a cargo dos meias abertos.
Na fase defensiva, Lodi também teve atuações sólidas. O ponto alto foi a primeira partida das oitavas de final contra o Liverpool, no Wanda Metropolitano, quando foi eleito pela Uefa o melhor em campo. No duelo, o brasileiro se notabilizou pela boa marcação exercida sobre Salah e Alexander-Arnold. Segudo o ‘Footstats’, o lateral foi líder da equipe colchonera em desarmes (5), interceptações (3) faltas sofridas (2) e tempo de posse de bola (14% do tempo em que a equipe tinha a bola).
Em maio, Renan Lodi ainda precisou superar o diagnóstico de coronavírus. Testado positivo logo que o Atlético voltou aos treinos, o jogador, apesar de assintomático, permaneceu em isolamento e retornou com atraso aos trabalhos com o grupo.
– Não foi fácil desde quando cheguei aqui. Passei por altos e baixos, tive o tema do coronavírus também, mas consegui superar tudo isso. Fico feliz por essa minha valorização, que aumentou muito. Tenho que agradecer aos companheiros e principalmente ao Mister (simeone), que pega duro nos treinos, mas sempre querendo meu bem e disposto a me ajudar. Seguindo esse caminho, só tem coisas boas por vir – disse, Renan Lodi, ao “Esporte Interativo”.