Dois torcedores do Flamengo foram detidos por serem vistos segurando a faixa com a frase “Morte aos torturadores de 1964”. A faixa foi erguida no Maracanã durante o 1º jogo da final do Campeonato Carioca contra o Fluminense, partida realizada no dia 1º de abril, data que também marca o início do regime ditatorial no Brasil.
A detenção foi denunciada pela torcida Flamengo Antifascista no Twitter, explicando que os flamenguistas foram encaminhados ao Juizado Especial Criminal (JECRIM). Segundo a postagem, foi oferecido como acordo: o banimento de todos os jogos do Flamengo em 2023; a permanência dos denunciados em residência durante as partidas, à partir de 30 minutos antes do início ao fim do 2º tempo; o uso de tornozeleiras eletrônicas até 31 de dezembro deste ano e uma Multa de 300 reais. Por rejeitarem, os torcedores seguem respondendo criminalmente e aguardam uma possível condenação. Enquanto isso, eles seguem monitorados por tornozeleiras e afastados dos estádios em medida cautelar.
Ainda em seu Twitter, a torcida fez uma crítica ao apagamento do passado e aparente fuga da própria história: “Como diz a frase exposta no Estádio Nacional chileno: ‘Um povo sem memória é um povo sem futuro’. (…) Nos sentimos contemplados com a mensagem (da faixa), que leva luz a todos os torturadores que já morreram sem a mínima punição”. A ação havia alcançado bastante repercussão quando foi realizada originalmente, recebendo apoio de torcedores de diversos times nas redes sociais e sendo repercutida em páginas como Choquei. Após a manifestação da Flamengo Antifascista, outras torcidas (além de influenciadores como Felipe Neto) vieram à público manifestar apoio na internet: Vascomunista, FluComuna e PorcoÍris (até o momento desta publicação).
Intervenção da OAB
De acordo com o jornal O Globo, a Comissão de Direitos Humanos da OAB apresentou habeas corpus, com pedido de liminar, para que se encerre o monitoramento dos torcedores flamenguistas. “Enquanto pessoas que respondem em liberdade por crimes infinitamente mais graves não usam (tornozeleira eletrônica), os torcedores estão sendo monitorados”, disse Rodrigo Mondego, o advogado da comissão da OAB. Segundo ele, não foi configurado crime no ato dos torcedores.