São Paulo

Treinador pressionado, torcida irritada e atuações ruins: o Racing que enfrenta o São Paulo

Reprodução/Racing

Nesta quarta-feira (05), Racing e São Paulo fazem um duelo de opostos pela Libertadores. Se de um lado o tricolor é líder do grupo, está invicto há nove jogos e a maior parte da torcida está encantada com o trabalho de Hernán Crespo, do lado do time argentino o cenário não poderia ser mais diferente.

Embora também esteja invicto na competição, com um empate no último lance contra o Rentistas e uma inesperada vitória sobre o Sporting Cristal, o Racing não convence dentro de campo há muito tempo e a situação só piorou com a derrota para o Central Córdoba, no último domingo.

Juan Antonio Pizzi tem seu trabalho questionado por dirigentes, torcedores, imprensa e até pelos próprios jogadores. Após a derrota para o Arsenal de Sarandí, no mês passado, o treinador reclamou da falta de atitude do time, criando certo desconforto com os atletas. A imprensa reporta, que em off, jogadores já falaram do descontentamento e da falta de clareza na identidade de jogo aplicada por Pizzi. Talvez até tentando apaziguar a situação, na derrota para o Córdoba o discurso foi oposto, Pizzi assumiu a atuação ruim do time, mas disse que não faltou vontade.

A realidade é que há pouco segurando seu cargo, o contrato com duração até o fim de 2021, a condição financeira, que deixa a direção receosa em pagar a multa para encerrar o vínculo imediatamente e a tabela de classificação, afinal, jogando bem ou mal, o Racing ainda tem chances de se classificar em praticamente tudo o que disputa no momento. O que torna tanto o duelo contra o São Paulo, quanto o clássico com o San Lorenzo, no próximo domingo, dois jogos extremamente decisivos para o futuro do time argentino.

A última atuação contra o Central Córdoba foi classificada como sonolenta pela imprensa argentina e uma das piores do time desde a chegada de Pizzi. Verdade seja dita, o Racing só fez uma partida realmente boa nesse período: a vitória por 2 a 1 sobre o Colón, em uma grande atuação do jovem Juan Cáceres. A vitória sobre o Sporting Cristal foi inesperada, mas até pela expulsão, um retrocesso em questão de qualidade de jogo.

Porém o que é realmente questionável, é a mudança tática que Pizzi fez entre às partidas.

Contra o Colón, o treinador trabalhou bem a variação entre o 3-5-2 e o 5-3-2, dependendo da situação do jogo, a mesma tática utilizada na Libertadores. Eis que vem o jogo contra o Córdoba, uma partida decisiva, que poderia colocar o time na zona de classificação e nele, Pizzi abdica da formação, entra com um 4-1-4-1 e acaba com qualquer movimentação ofensiva do time.

O Racing é uma equipe que consegue atuar melhor pelas suas alas, nas boas participações de Mena (sim, aquele Mena), Lovera e Cáceres. Outros dois que atuaram bem no esquema são Enzo Copetti e Tomás Chancalay, mas ambos se recuperam de lesões e não estão 100% para enfrentar o São Paulo. Porém o que se vê ofensivamente, é um Racing com muita dificuldade de criar. Posse de bola? Tem. Troca de passes? Tem. Agressividade, profundidade? Isso está em falta na maior parte das atuações.

Até por essa dificuldade de criar, o Racing se tornou forte na jogada aérea e na bola parada. Dos seus últimos cinco gols, quatro saíram em jogadas pelo alto, sendo três em bolas paradas. Só que ao mesmo tempo que consegue atacar bem dessa forma, sofre muito para se defender nessas jogadas, em especial na hora de disputar a sobra.

No provável esquema para enfrentar o São Paulo, Pizzi deve retomar o seu 5-3-2 e isso implica em variações entre o 5-3-2 e o 3-5-2, com uma formação tática, ao menos no posicionamento dos atletas, bem parecida com a utilizada por Hernán Crespo. 

O torcedor que chegou até esse ponto do texto já deve ter feito a ligação: treinador pressionado, time em má fase, crise, possibilidade de demissão e o 3-5-2 de Crespo sendo espelhado. Sim, são exatamente os mesmos fatores do jogo contra o Corinthians, no último domingo. 

Apesar da semelhança, algumas diferenças são vitais.

A primeira diz respeito ao próprio São Paulo, que enxerga esse jogo com no mínimo a mesma importância do adversário. Dessa vez é com o time titular, sem poupar, afinal, é jogo decisivo para colocar o tricolor com cinco pontos de vantagem na liderança e pavimentar o caminho de uma classificação antecipada.

A segunda é sobre o Racing, que não tem o mesmo poder de marcação apresentado pelo Corinthians com Fagner, Gabriel, Ramiro e Piton, que fecharam totalmente as linhas de passe do meio de campo e forçaram a ligação direta da defesa são-paulina. O Racing dificilmente vai subir a sua linha e exercer uma pressão constante na saída de bola, como vimos no último domingo.

Será mais um teste para Crespo e mais aprendizado para o São Paulo. O momento é tão bom e tão sólido, que esquecemos que o trabalho começou há pouquíssimo tempo e muito ainda vai ser descoberto sobre as possibilidades dessa equipe, sobre as dificuldades que ela vai enfrentar e as saídas que vai encontrar para elas.. 

Enfrentar um adversário desesperado, espelhando seu esquema tático e fora de casa? Segunda chance do time provar para o torcedor que tem uma saída para essa situação.

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