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Há dez anos, chute de Anderson Silva em Vitor Belfort ‘abriu’ UFC para o Brasil

Anderson Silva UFC

Neste dia 5 de fevereiro, serão comemorados dez anos de uma luta que fez história no UFC. Neste dia, em 2011, Anderson Silva venceu Vitor Belfort com um chute frontal que é lembrado até hoje pelos fãs de MMA.

                 

Tal duelo, considerado a ‘luta do século’ na época, não apenas entrou na história do Ultimate como um dos ‘highlights’ mais repetidos na TV e nas redes sociais. Mas também foi a ‘porta de entrada’ definitiva para a organização no Brasil.

A luta

O duelo em si aconteceu como o main event do UFC 126, em Las Vegas. Anderson vinha da história vitória nos últimos minutos em cima de Chael Sonnen e Belfort vinha de nocaute técnico sobre Rich Franklin.

A luta em si teve momentos de muita rivalidade, como na pesagem, quando o ‘Spider’ usou uma máscara na encarada contra o ‘Fenômeno’, citando uma declaração deste afirmando que o então campeão dos médios seria um ‘duas caras’. No fim, o nocaute que entrou para a história não apenas de ambos, mas do UFC e do MMA no Brasil.

Popularidade em alta

A luta tornou Vitor Belfort, já popular desde os tempos em que namorava a hoje esposa Joana Prado e até fez parte de uma das edições da Casa dos Artistas (SBT), ainda mais popular embora tenha saído derrotado e virado o ‘lado contrário’ do chute que virou meme até hoje.

Para Anderson, foi esta a luta que praticamente lhe abriu as portas para se tornar o grande ídolo brasileiro no octógono. Com seu estilo cinematográfico de lutar e as vitórias que pareciam vir de momentos que poderiam ter sido tirados de filmes ou videogames, o ‘Spider’ se tornou um dos atletas mais populares do Brasil desde então.

Mas quem mais lucrou com tudo isso foi, claro, o UFC. Naquele ano, o evento e o MMA em si, que vinham sendo ignorados pela maioria da mídia em geral, passaram a ganhar um espaço que talvez nunca pensaram ter tido, com transmissão na TV aberta mais.

UFC na TV aberta, eventos no Brasil…

Uma da consequências da ‘Luta do Século’ foi fato de que até a TV aberta se rendeu ao Ultimate. A não ser por uma luta do próprio Belfort exibida pelo SBT (muito por causa da popularidade de sua presença na Casa dos Artistas), pouco do mundo das lutas era exibido para o grande público.

Rapidamente após tal explosão, a RedeTV! comprou os direitos do Ultimate e passou a exibir programas e as principais lutas. Posteriormente, a Globo adquiriu tais direitos e também as exibiu, apesar de muitas vezes a transmissão ser em delay em relação à exibição original, o que gerou muitos protestos nestas ocasiões.

Outra consequência foi a volta do Ultimate ao solo brasileiro. Em agosto de 2011, com Anderson Silva na luta principal, o primeiro UFC em solo nacional desde 1998 (que, ironicamente, teve Vitor Belfort como a grande estrela ao nocautear Wanderlei Silva) , o UFC 134 (ou UFC Rio 1) foi realizado no Rio de Janeiro com público lotando a HSBC Arena e um show do ‘Spider’ sobre Yushin Okami. Além de vitórias de Rodrigo Minotauro, Maurício Shogun e outros.

A partir daquele ano, o Ultimate passaria a fazer uma série de eventos no Brasil, com anos em que realizaria até sete eventos (2013 e 2014). Hoje, realiza geralmente (em tempos sem pandemia) três cards por ano no país

Explosão de lutadores (e lutadoras)

Quando Anderson Silva lutou contra Belfort, Maurício Shogun (meio-pesado) e José Aldo (peso-pena) eram os únicos brasileiros campeões do UFC. Sua vitória não apenas representou a explosão do MMA para o país, mas o começo de uma ‘era de ouro’ para os lutadores e lutadoras do Brasil.

Junior Cigano, Renan Barão, Lyoto Machida, Fabrício Werdum, Rafael dos Anjos, Demian Maia, entre outros, se tornaram campeões do Ultimate em algum período dos anos seguintes. Fora isto, um número enorme de lutadores brasileiros começaram a ser contratados, muitos sem conseguir repetir as esperanças de se tornar campeões como Belfort foi e Anderson era na época da luta.

O MMA feminino, que surgiria para o Ultimate no ano seguinte, também veria uma infusão de brasileiras dispostas a tomar conta do cenário, muitas com grande sucesso no octógono. Amanda Nunes, Cris Cyborg e Jéssica Bate-Estaca se tornaram os grandes destaques pelos títulos conquistados e pelas barreiras quebradas num esporte visto ainda como ‘coisa para homem’ entre muitos brasileiros. E, por um tempo recente, Amanda foi a única representante brasileira no geral (incluindo divisões masculinas e femininas) a deter cinturões da organização.

O The Ultimate Fighter também foi uma razão da ‘invasão brasileira’ no Ultimate. Nas quatro edições do reality realizadas para o público brasileiro, diversos lutadores apareceram para o público e conseguiram contratos com a organização. Embora boa parte não tenha obtido sucesso, o TUF Brasil foi responsável por abrir um novo leque de oportunidades, assim como eventos nacionais, que começaram a ganhar mais repercussão e exibição na TV.

A ‘queda’ e o atual momento

As derrotas de Anderson Silva para Chris Weidman e José Aldo para Conor McGregor acabaram, de certa forma, iniciando uma espécie de ‘entressafra’ do MMA no Brasil. Talvez os dois mais populares campeões do Ultimate entre os brasileiros, Anderson e Aldo acabaram sendo os representantes do auge e da ‘queda’ do UFC no Brasil.

O número de eventos começou a diminuir. Chances para brasileiros conquistarem cinturões continuarm a surgir, mas não foram muitos os momentos de sucesso para o país em lutas decisivas. Junte-se isso à ascensão não apenas de lutadores de outros centros, não apenas os Estados Unidos, mas Ásia e Rússia, entre outros.

Além disto, um outro ‘fenômeno’ viria para mudar de vez o Ultimate: Conor McGregor. A explosão do irlandês, entre 2014 e 2015, levou a organização para outros patamares além daqueles conquistados naquela noite de fevereiro de 2011. E fez com que a abordagem do UFC também mudasse, começando a privilegiar estrelas boas (ou nem tanto) de briga mas melhores na questão de vendas.

Passados dez anos da ‘Luta do Século’, são dois brasileiros que detém cinturões da organização: Deiveson Figueiredo (moscas) e Amanda Nunes (galos e penas femininos). E mais dois podem vir nos futuro próximo, com Gilbert Durinho lutando no próximo final de semana contra Kamaru Usman pelo cinturão dos meio-médios. Além de Charles do Bronx, cotadíssimo para ser desafiante ao cinturão dos leves.

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