Aos poucos, a bola volta a rolar nos gramados ao redor do mundo. No entanto, com uma grande diferença: as arquibancadas estão vazias e os únicos sons escutados são os apitos do árbitro e os gritos de jogadores e técnicos.
Esse novo cenário praticamente elimina a vantagem de jogar em casa e ainda causa grande prejuízo aos cofres dos clubes, que contavam com a renda obtida por meio da bilheteria.
Para amenizar esse prejuízo técnico e financeiro, alguns clubes inovaram e adotaram soluções criativas para conectar torcedores e atletas durante as partidas.
TORCIDA DE PAPELÃO
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Na Alemanha, um dos primeiros países a permitir a volta do futebol, o Borussia Mönchengladbach resolveu ocupar as cadeiras do estádio com as fotos dos torcedores em papelão.
Por 19 euros (cerca de R$ 120), os sócios-torcedores do clube podem garantir “presença” nos jogos no Borussia-Park nesse período de portões fechados. Até o momento, mais de 20.000 papelões já foram produzidos e distribuídos nas arquibancabas.
A iniciativa também contempla os torcedores visitantes, que podem ter sua imagem num setor reservado do estádio. Parte do lucro está sendo destinada a instituições que combatem a Covid-19 e a outros projetos beneficentes do clube.
Apesar de criar uma sensação de estádio lotado, o silêncio permanece e os papelões nada podem fazer para alterar o andamento das partidas. Em dois jogos em casa desde o retorno da Bundesliga, o Borussia Mönchengladbach perdeu para o Bayer Leverkusen (1-3) e venceu o Union Berlin (4-1).
Outros clubes na Europa, como o Grasshopper (Suíça) e o Elche (Espanha) já anunciaram que vão adotar a mesma estratégia. Apesar de não proporcionar grande vantagem esportiva, a iniciativa é capaz de reaproximar a torcida e gerar um respiro financeiro em meio à crise causada pela pandemia.
REUNIÃO VIRTUAL NOS ESTÁDIOS
O Aarhus, da Dinamarca, foi além e ofereceu uma experiência mais imersiva à torcida. O clube fechou uma parceria com o Zoom – um dos aplicativos de videoconferência mais baixados no mundo durante a pandemia -, e permitiu que os torcedores apoiassem o time por meio de uma reunião virtual.
Um telão de 40 metros de comprimento foi instalado à beira do gramado, para transmitir a reação dos torcedores do Aarhus que se reuniram em casa. Além desse, outros dois menores foram disponibilizados para torcedores visitantes e neutros que quisessem participar da experiência.
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O clube não cobrou pelo acesso e, no total, estima-se que mais de 10.000 pessoas estiveram “presentes” nas duas últimas partidas no Ceres Park. Uma hora antes do jogo começar, um link é enviado aos torcedores que se cadastraram, junto com uma lista de regras de conduta.
Na partida de inauguração da iniciativa, um gol nos acréscimos do segundo tempo garantiu o empate do Aarhus por 1 a 1, contra o Randers. No segundo jogo, contra o OB, o time da casa venceu por 1 a 0 e causou o delírio virtual nos torcedores do outro lado das telas.
FUTEBOL DRIVE-IN
Também na Dinamarca, outra ação ganhou destaque na última semana. O Midtjylland, líder da competição, decidiu criar uma maneira de levar os torcedores fisicamente para perto da partida e, ao mesmo tempo, manter um distanciamento seguro entre eles.
A ideia foi transformar o estacionamento do estádio em um típico drive-in. Vários telões foram montados e 2.000 vagas foram disponibilizadas para os torcedores acompanharem o jogo de dentro dos carros, criando uma atmosfera diferente com um festival de buzinas.
Antes da partida contra o Harsens, os jogadores do Midtjylland foram até um espaço reservado agradecer a presença dos torcedores, que saíram de casa e lotaram o estacionamento para torcer pelo time.
Em entrevista exclusiva ao Esporte News Mundo, o meia Evander, ex-Vasco da Gama, afirmou que, pelo alto nível de concentração, não era possível escutar as buzinas durante a partida. Apesar disso, ele garantiu que essa iniciativa inédita deu um ânimo a mais à equipe.
“Sensação muito boa de saber que os torcedores fizeram o possível para nos incentivar e motivar. Ficamos muito empolgados ao ver o tanto de pessoas que, em meio à pandemia, foram nos apoiar da maneira que podiam.”
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No entanto, o apoio da torcida não foi suficiente para impedir a derrota do clube por 1 a 0. Mesmo com o resultado negativo, o Midtjylland se manteve na primeira colocação do Campeonato Dinamarquês e promete repetir a ação nas próximas rodadas.
APLICATIVOS E ROBÔS: O FUTURO DO FUTEBOL?
Pensando na importância de criar uma atmosfera de torcida durante as partidas, outras organizações estudam a possibilidade de disponibilizar aplicativos de celular para facilitar a interação dos torcedores.
No Japão, a empresa Yamaha está desenvolvendo o aplicativo “Remote Cheer”, que estará associado aos sistemas de som dos estádios no país.
Com ele, os torcedores japoneses poderão reproduzir remotamente sons de aplausos, músicas e até mesmo vaias, dependendo do desempenho da equipe. A tecnologia já foi testada e será inaugurada oficialmente no dia 4 de julho, data que marca o reinício da J-League.
Já na Espanha, a empresa Idemm Farma foi além e propôs uma solução mais inovadora ainda. Ao invés do sistema de som, o aplicativo de celular estaria conectado a um robô instalado em cada assento do estádio.
O projeto “Player 12” ainda está em fase de desenvolvimento e não tem previsão de lançamento, mas promete resolver o problema de ambas as partes. Os jogos teriam uma atmosfera de estádio lotado, com sons e avatares representando o público. Já os torcedores além de interagirem no app, poderiam ver e sentir a partida como se estivessem fisicamente naquele assento.
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