A grave crise do Hamburgo ganhou mais um capítulo. Se até 2018 o clube era o único a ter participado de todas as 55 edições da Bundesliga, agora a tradicional equipe alemã terá que disputar a segunda divisão pela terceira temporada consecutiva. Neste domingo, o Hamburgo precisava apenas empatar, mas foi goleado em casa pelo Sandhausen por 5 a 1. Dessa forma, terminou o campeonato na 4ª posição, com 54 pontos, e não conseguiu o tão esperado acesso. Certamente um dos momentos mais constrangedores da história do clube.
RODADA TRÁGICA
Na última rodada da Segundona, todos os jogos foram disputados simultaneamente e o Hamburgo já chegou em uma situação delicada. Para terminar em terceiro e ter a oportunidade de disputar o playoff de acesso, o clube precisava ultrapassar o Heidenheim, que tinha um ponto a mais.
E as esperanças aumentaram quando o já campeão Arminia Bielefeld abriu 3 a 0 contra o Heidenheim. Assim, o Hamburgo precisaria apenas empatar, em casa, contra o 12º colocado Sandhausen e garantiria a 3ª posição. Parece simples, né?
Não para o Hamburgo. Com 20 minutos de jogo, o clube já perdia por 2 a 0, com direito a um gol contra. Aos 17’ da segunda etapa, Hunt diminuiu de pênalti e deixou a equipe a apenas um gol da salvação. A partir daí, o time foi todo para o ataque e viu o Sandhausen marcar mais três gols, fechando o caixão de forma melancólica.
Além do campeão Bielefeld, o tradicional Stuttgart terminou em 2º lugar e garantiu o acesso de forma direta para a elite do futebol alemão, um ano após ter sido rebaixado. Já o Heidenheim vai disputar um playoff com o Werder Bremen, o 16º da primeira divisão. Quem sair vitorioso no confronto de ida e volta garante vaga na Bundesliga em 2020/21.
DETALHE FATAL
O Hamburgo fazia uma campanha irregular, mas chegou na penúltima rodada do torneio em um cenário confortável. Estava em terceiro, com 54 pontos – apenas um a menos que o segundo colocado Stuttgart – e ainda sonhava com o acesso direto. No entanto, o compromisso na 33ª rodada era justamente um confronto direto com o Heidenheim, que tinha 52 pontos e estava na 4ª posição.
Mesmo fora de casa, o Hamburgo saiu na frente no início do segundo tempo e, assim, chegava aos 57 pontos, se garantindo matematicamente na terceira colocação. Mas, faltando apenas 10 minutos para o fim da partida, o drama teve início. Primeiro, o lateral Beyer marcou um gol contra, aos 35′, igualando o placar. E no último lance do jogo, aos 50 minutos, a situação complicou de vez. No apagar das luzes, o Heidenheim marcou o gol da virada, ultrapassou o Hamburgo na tabela e garantiu a vantagem que foi essencial na rodada final.
FILME REPETIDO
Na temporada anterior (2018/19), o cenário foi parecido. Ainda com um elenco de primeira divisão – Lasogga, Arp, Holtby e Douglas Santos -, o Hamburgo passou 24 rodadas na zona de classificação direta para a primeira divisão. Mas, com uma sequência assombrosa nas últimas rodadas, o clube foi ultrapassado por Padeborn e Union Berlim no fim do campeonato, e terminou na quarta posição – de novo sem a possibilidade de disputar o playoff de acesso.
7 ANOS DE DESESPERO
Apesar de ter sido rebaixado pela primeira vez apenas em 2018, o Hamburgo vive um drama desde o início da década. Por duas temporadas seguidas (2013/14 e 2014/15), o clube acabou a Bundesliga na 16ª posição e o rebaixamento inédito bateu na trave. O Hamburgo teve que disputar dois playoffs contra o terceiro colocado da segunda divisão e se salvou em ambas ocasiões. No entanto, a diretoria não aprendeu a lição desses sustos.
Nas temporadas 2015/16 e 2016/17, mais duas campanhas irregulares, terminando em 10º e 14º, respectivamente. Até que em 2017/18, não teve jeito. Com apenas 31 pontos, o clube amargou a 17ª posição e foi rebaixado de forma direta para a segunda divisão.
MANCHA NA HISTÓRIA
A fase atual é disparadamente a pior de toda a história do Hamburgo. Fundado em 1887, o clube tem a terceira maior torcida da Alemanha, apenas atrás de Bayern e Borussia Dortmund. Além disso, é conhecido internacionalmente pelas suas conquistas. Na sala de troféus, acumula: uma Copa de Europa (1983), seis Campeonatos Alemães, três Copas da Alemanha e duas Copas da Liga.
Durante muitos anos, o Volksparkstadion – casa do Hamburgo – exibiu um dos maiores símbolos do futebol alemão. Um relógio enorme entre as arquibancadas indicava, com orgulho, o tempo que o clube permanecia na Bundesliga. No total, foram 54 anos, 261 dias, 00 horas, 36 minutos e 02 segundos.
Já desativado e removido, o relógio ficará exposto no Museu do Futebol Alemão, em Dortmund, a partir de 2021. Enquanto isso, a diretoria do Hamburgo precisa reconhecer a realidade atual, deixar o passado glorioso de lado e começar a olhar para o futuro. O clube busca um novo recomeço a partir da próxima temporada e conta com o apoio da torcida apaixonada, que, mentalmente, conta os dias e as horas para voltar à primeira divisão.
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