Após pouco mais de 90 minutos de bola rolando entre Corinthians e Retrô, pela segunda fase da Copa Brasil, o placar do estádio Elcyr Resende, em Saquarema-RJ, marcava 1 a 1. Com esse empate, a equipe de Vagner Mancini alcançou a marca de nove jogos seguidos sem perder, algo que, observando fora de contexto, é uma marca muito positiva.
A disputa de pênaltis que veio em seguida ainda colaborou para que se pense que o Timão só tem o que comemorar. Depois de Gelson chutar sua cobrança de penalidade no travessão, o Alvinegro paulista bateu a equipe pernambucana por 5 a 3 e selou sua classificação para a terceira fase do torneio nacional.
Porém, ao analisar o desempenho das duas equipes ao longo do jogo, fica nítido que, se houve algum time que mereceu mais sair classificado de Saquarema, foi o Retrô. Tirando a cobrança de falta perfeita de Otero e duas jogadas aéreas que Jemerson não conseguiu completar para o gol, as maiores chances de vitória e o domínio do duelo foi todo da Fênix.
Mesmo com o campo pesado, que prejudicou a criação de jogadas das duas equipes, o clube pernambucano, como seu diretor executivo, Gustavo Jordão, já havia adiantado, não ficou retraído. O integrante da Série D marcou alto, sufocando a saída de bola da adversária, trabalhou com 61% da posse de bola e chegou a 14 finalizações, seis a mais que o Corinthians.
Assim, com méritos, chegou ao seu gol de cabeça, com Mayco Félix se antecipando à defesa corinthiana após escanteio cobrado por Kauê. Apesar da superioridade, no final das contas, acabou prevalecendo o melhor aproveitamento do Timão na marca da cal para definir a equipe a avançar na competição.
Tudo dando certo?
E esse é o grande paradigma do time de Mancini. Até que ponto a invencibilidade e os resultados positivos refletem um bom desempenho de sua equipe?
Dos nove jogos, o Alvinegro paulista saiu com a vitória em quatro oportunidades e empatou as outras cinco partidas, marcando 10 gols e sofrendo 4 tentos. Por muitas vezes, os comandados de Mancini não têm o controle da partida e ficam reféns de alguns valores individuais, exemplificado pelo gol de falta de Otero.
Essa situação ficou nítida no confronto desta sexta-feira (26). Não é de hoje que o Corinthians produz menos ofensivamente que o adversário — com menos finalizações, menos grandes chances criadas e menos posse de bola na maioria dos jogos até aqui na temporada — e, contra o Retrô, essa diferença chegou ao seu ápice.
Vale lembrar que, na atual temporada, o Corinthians construiu essa invencibilidade enfrentando adversários de divisões inferiores à sua e, com exceção ao jogo contra o Salgueiro, venceu esses times por apenas um gol de diferença.
Logo, essa maré boa pode ser uma grande armadilha para o Timão. Caso não sejam feitos ajustes nos próximos jogos, o time pode se surpreender com a diferença técnica dos adversários, ainda mais quando enfrentar equipes da mesma “prateleira” que a sua.
Cabe a Mancini exaltar a melhor marca da equipe desde que ele assumiu o comando do elenco, mas alertá-los de que essa invencibilidade não é sinônimo de futebol bem jogado.
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