Formado nas categorias de base do Corinthians, o volante Maycon deixou saudades na Fiel Torcida depois que fechou com o Shakhtar Donestk, da Ucrânia, em 2018. Mesmo de longe, o jogador de 23 anos segue acompanhando o Timão, seja ao vivo ou assistindo aos melhores momentos, contou em entrevista exclusiva ao Esporte News Mundo.
“Acompanho o Corinthians sempre que eu posso. Sempre vejo os jogos, os melhores momentos. Às vezes eu vejo o jogo ao vivo, mas, como tem a diferença de horário, algumas vezes o jogo fica tarde, passa de madrugada aqui. Aí, eu não consigo acompanhar, mas sempre vejo os melhores momentos, os resultados, sempre busco acompanhar bastante o Corinthians”, disse.
Maycon faz parte da lista de principais revelações alvinegras dos últimos anos e foi um dos destaques nos títulos do Campeonato Paulista e do Brasileirão de 2017, sob o comando do técnico Fabio Carille. O volante destacou a importância da utilização dos jogadores vindos da base, já que, segundo ele, as jovens crias do Terrão “sabem o que é o Corinthians”.
“Eu acho muito importante sempre ter jogadores da base no elenco profissional de grandes clubes do Brasil, mas principalmente do Corinthians. Eles sabem o que é o Corinthians. No meu caso, eu tinha seis, sete anos de clube quando eu subi para o profissional. Conheci jogadores que tinham dez, onze anos de clube quando eles subiram. Então, eles sabem exatamente o que é o Corinthians, eles viveram vários momentos. Não no profissional, exatamente, mas acompanharam de perto vitórias, derrotas, como a torcida age. Eles sabem que a torcida do Corinthians, às vezes, aceita uma derrota, porque vê o time se entregando, correndo os 90 minutos, lutando até o último minuto. É isso que eles cobram, e o jogador da base sabe exatamente o que é isso, que vão apoiar até o último minuto, que querem entrega, que querem dedicação ao clube, que querem amor à camisa”, declarou o autor do gol decisivo na conquista da Copa São Paulo de Juniores de 2015, contra o Botafogo-SP.
“Às vezes, um jogador contratado leva algum tempo para entender. Mas é claro que tem que ter uma uma responsabilidade com os jogadores da base, porque às vezes não estão preparados para o que o Corinthians pede ou o futebol profissional pede. Digo, profissionalismo, abrir mão de algumas coisas que você não precisava abrir na base. Então, eu acho muito importante, principalmente com a situação hoje do clube, que eu acompanho um pouco, mas tem que ter um certo cuidado com alguns jogadores. Alguns já estão prontos, já têm bagagem, já dá para utilizar, outros podem levar algum tempo para desempenhar o que se espera”, acrescentou.
A falta de oportunidades aos atletas vindos das categorias inferiores vem sendo uma das críticas ao trabalho de Vagner Mancini no Corinthians. Com o rodízio implementado pelo comandante, as revelações passaram a ganhar mais oportunidades em jogos do Campeonato Paulista. Em partidas da Copa do Brasil e da Copa Sul-Americana, porém, o treinador deu preferência aos jogadores mais experientes.
Outro troféu conquistado por Maycon durante sua passagem pelo Corinthians foi o Campeonato Paulista de 2018, contra o rival Palmeiras, nos pênaltis, em pleno Allianz Parque. No último dia 8 de abril, o título completou três anos, e o volante não deixou de acompanhar a repercussão. Responsável pela última cobrança, ele guarda o momento com carinho.
“É uma data que ficou marcada na história, principalmente da minha carreira. Foi um momento mágico. Quando dá essa data, eu sempre recebo muitas mensagens, é um momento muito legal, muito marcante de ser relembrado. É um momento que eu nunca vou esquecer. Eu fico muito feliz e muito contente de ter vivido esse momento no Corinthians, de ter passado tudo que passamos, como foi aquele Campeonato Paulista. Aconteceram muitas coisas que foram a cara do Corinthians, e isso me deixa muito feliz. Claro que todos os títulos têm a cara do Corinthians, mas esse foi especial. Acho que foi um momento mágico, sempre vai ficar guardado na memória, e eu fico muito feliz de ter vivido esse momento”, finalizou.
Promovido ao time principal no início de 2016, Maycon soma 107 jogos disputados e oito gols marcados com a camisa do Corinthians. Nesta temporada, o meio-campista atuou em 27 partidas pelo Shakhtar Donetsk, com um tento e três assistências.
CONFIRA TODAS AS RESPOSTAS DO VOLANTE MAYCON AO ESPORTE NEWS MUNDO:
O Dínamo de Kiev se sagrou campeão ucraniano neste domingo (25) com três rodadas de antecedência, ao vencer por 5 a 0 o Inhulets Petrove. O que você acha que faltou ao Shakhtar para levar o título mais uma vez nesta temporada?
“No meu ponto de vista, acho que foi uma temporada muito irregular. Tivemos ótimos momentos e tivemos maus momentos. E isso prejudicou na temporada, prejudicou no campeonato. Infelizmente, perdemos muitos pontos depois dessa pausa que tivemos em dezembro. E isso acabou deixando o campeonato muito distante. Nossa disputa com o Dínamo normalmente é bem, bem acirrada, mas nesse ano não conseguimos ter a regularidade que tivemos o ano passado e por isso perdemos o campeonato. Infelizmente aconteceu isso. A temporada passada foi muito boa pra nós. Fomos campeões com vinte pontos, ou quase vinte pontos, de vantagem, chegamos na semifinal da Liga Europa, tivemos grandes resultados. Nessa temporada já foi o inverso. Trabalhamos bastante, trabalhamos firme para tentar vencer o campeonato novamente, mas, infelizmente, essa irregularidade num campeonato acirrado nos prejudicou bastante”
Você vem já atuando há algum tempo mais recuado no meio-campo, como um primeiro volante. Sente-se completamente adaptado?
“Sim, me sinto adaptado. Eu já estou jogando e treinando há algum tempo nessa função. Em alguns jogos, principalmente os últimos, eu voltei para a minha posição de segundo volante, mas eu venho treinando e jogando já faz praticamente uns dois anos. Então estou adaptado, sim. Já também fiz essa função na base do Corinthians, em alguns jogos. No profissional foram poucos momentos, mas principalmente quando jogava com o Camacho, em 2017, não exatamente da forma que eu faço aqui, até porque o esquema era diferente, mas eu fazia essa função também de primeiro homem do meio-campo. Na Seleção Olímpica fui convocado para essa função, então não tem segredo. Eu me adaptei bem, eu me sinto bem nessa função. Mas, como eu falei, nos últimos jogos eu venho jogando de segundo volante, mais adiantado um pouquinho, podendo chegar mais na área, que foi onde eu me destaquei mais no Corinthians. Me sinto bem nas duas funções, podendo ajudar da melhor forma”
Mesmo em um grupo difícil na Liga dos Campeões, vocês conseguiram a terceira colocação e a classificação para a Liga Europa, com duas grandes vitórias sobre o Real Madrid. Dava para ter conseguido mais e avançado ao mata-mata da Champions?
“Acredito que fizemos uma grande Champions League. Era realmente um grupo muito difícil. A gente pega o Real Madrid, que é o maior vencedor da competição, a Inter de Milão, que dois ou três meses antes eliminou a gente na semifinal da Liga Europa (com uma vitória por 5 a 0), e um time alemão, que sabemos que é muito forte, sempre muito organizado, sempre taticamente muito bem disciplinado. Então foi um grupo muito complicado. Acho que foi uma ótima Champions League. Não conseguimos passar por um detalhe, o nosso último jogo foi em Milão contra a Inter, que se ganhassem, poderiam avançar. E fizemos um belo jogo contra eles, acho que foi o melhor jogo que nós fizemos contra eles. Conseguimos o empate, que nos classificou para a Liga Europa. Claro que queríamos vencer, mas sabíamos da dificuldade do grupo, sabíamos da dificuldade do último jogo. Tivemos grandes vitórias contra o Real Madrid, infelizmente nosso jogo não encaixou contra o Borussia Monchengladbach. Mas é o futebol, lutamos, fizemos uma boa campanha, grandes partidas, demonstramos a força do Shakhtar. Principalmente nesses momentos de Champions League, acho que foi um momento muito bom da nossa equipe, tirando as duas derrotas que foram muito complicadas para nós. Mas os outros quatro jogos, os dois contra o Real e os dois contra a Inter, acho que a gente conseguiu. Tivemos um ótimo resultado e desempenhamos bem também, não fizemos só um jogo de marcação, conseguimos propor em alguns momentos dos jogos, colocar a nossa forma de jogar. Queríamos muito ter ido (para o mata-mata), faz três anos que batemos na trave, com chance de classificar, e infelizmente escapa. Mas estamos trabalhando muito forte para, nas próximas Champions, não deixarmos essas oportunidades escaparem”
Você esteve no grupo que garantiu a vaga do Brasil em Tóquio no Pré-Olímpico e até usou a faixa de capitão. Depois, foi convocado novamente por Jardine para amistosos preparatórios. Você vive a expectativa de integrar a Seleção Olímpica em Tóquio? É o seu grande objetivo neste momento?
“Claro que sim, a Seleção Olímpica é um grande objetivo. Todos os jogadores que trabalham para estar na Seleção. Claro que isso depende muito de como você é no clube, de como você representa o seu clube, só assim você consegue representar a Seleção. Todos os jogadores, acredito eu, têm essa vontade de estar na Seleção Brasileira, sonham com isso, e comigo não é diferente. É claro que precisa fazer bons jogos pelo seu clube, assim você ganha merecimento para estar na Seleção. Mas eu fico feliz com meu ano, acho que foi um grande ano, tive bons jogos e bons momentos. Eu sei da concorrência, da dificuldade que é estar numa Seleção Olímpica, até porque são 18 jogadores apenas, algumas peças têm que fazer mais de uma função. Enfim, são muitos critérios que tem que ser decididos pela comissão olímpica. Mas é claro que é um grande objetivo, é um sonho pra mim, sempre deixei bem claro isso. Trabalhei e estou trabalhando muito forte para realizá-lo, principalmente aqui no meu clube, porque só assim a gente ganha credenciais para estar na Seleção”
Taison, seu ex-companheiro, acabou de voltar para o Brasil, para jogar no Internacional. Acha que ele pode “sobrar” no futebol brasileiro?
“O Taison é um grande jogador. É um jogador que tem muitos pontos positivos, é extremamente veloz, tem um ótimo passe, e eu acredito que pode agregar muito para o time do Inter, como fez aqui no Shakhtar durante oito, nove anos. É um jogador que foi muito importante para a equipe, que saiu daqui muito exaltado por tudo que ele conquistou. Fez diversos jogos importantes, fez grandes competições, disputou uma Copa do Mundo, e isso o credencia a ser um jogador diferente. É claro que os jogos no Brasil são um pouco diferentes, a cobrança é diferente. Tem que entender que ele deve se adaptar, leva algum tempo para isso. Pode ser que ele chegue e se adapte rápido, mas tem que entender que o jogador precisa se adaptar aos novos companheiros, ao estilo de jogo. Mas acredito que ele pode ser uma peça muito importante para o Inter esse ano”
Sobre carreira e futuro, o que pretende ainda alcançar? Qual é o próximo passo?
“Eu não tento pensar num futuro muito distante, eu tento pensar num futuro próximo. E o futuro próximo, para mim, é terminar essa temporada bem no Shakhtar, buscar essas quatro vitórias que não restam dessa temporada e buscar estar entre entre os convocados para as Olimpíadas, que é um objetivo claro que eu tenho. Eu procuro não pensar num futuro muito distante, porque futebol é muito dinâmico, muitas coisas podem acontecer, boas ou ruins. Eu busco pensar no hoje, pensar no meu futuro mais próximo. A Olimpíada talvez seja o futuro mais longo que eu possa pensar, que já está em cima também. Esses quatro jogos, que são importantes para mim, e as Olimpíadas. Depois a gente vê o que acontece”
Mesmo de longe, você segue acompanhando o Corinthians?
“Acompanho o Corinthians sempre que eu posso. Sempre vejo os jogos, os melhores momentos. Às vezes eu vejo o jogo ao vivo, mas, como tem a diferença de horário, algumas vezes o jogo fica tarde, passa de madrugada aqui. Aí, eu não consigo acompanhar, mas sempre vejo os melhores momentos, os resultados, sempre busco acompanhar bastante o Corinthians”
Uma das críticas ao técnico Vagner Mancini neste início de temporada tem relação com a pouca utilização dos jovens da base. Como alguém que foi promovido e se destacou no time principal, ao lado de outros jovens (Arana, por exemplo), qual você acha que é a importância do trabalho com as crias da base em um time como o Corinthians?
“Eu acho muito importante sempre ter jogadores da base no elenco profissional de grandes clubes do Brasil, mas principalmente do Corinthians. Os jogadores da base sabem o que é o Corinthians. No meu caso, eu tinha seis, sete anos de clube quando eu subi para o profissional. Conheci jogadores que tinham dez, onze anos de clube quando eles subiram ao profissional. Então eles sabem exatamente o que é o Corinthians, eles viveram vários momentos. Não no profissional, exatamente, mas acompanharam de perto vitórias, derrotas, como a torcida age. Eles sabem quando a torcida do Corinthians, às vezes, aceita uma derrota, porque vê o time se entregando, correndo os 90 minutos, lutando até o último minuto. É isso que eles cobram, e o jogador da base sabe exatamente o que é isso, que vão apoiar até o último minuto, que querem entrega, que querem dedicação ao clube, que querem amor à camisa. A torcida pede isso, e acho que o jogador da base entende melhor isso. Às vezes, um jogador contratado leva algum tempo para entender. Mas é claro que tem que ter uma uma responsabilidade com os jogadores da base, porque às vezes não estão preparados para o que o Corinthians pede ou o futebol profissional pede. Digo, profissionalismo, abrir mão de algumas coisas que você não precisava abrir na base. Então, eu acho muito importante, principalmente com a situação hoje do clube, que eu acompanho um pouco, mas tem que ter um certo cuidado com alguns jogadores. Alguns já estão prontos, já têm bagagem, já dá para utilizar, outros podem levar algum tempo para desempenhar o que se espera”
Desses jovens que estão surgindo, muitos foram emprestados a outras equipes para adquirir experiência. No seu caso, como você encarou o empréstimo para a Ponte Preta? Fez bem para você a experiência em outro time?
“O meu empréstimo para a Ponte Preta me fez muito bem. Eu pedi pra ser emprestado, tinha uma concorrência muito forte no Corinthians naquele momento, tinha jogador de Seleção Brasileira, jogadores mais experientes, jogador chegando contratado. Eu via que seria um pouco complicado para eu atuar o tanto que eu gostaria de atuar no Corinthians, então eu pedi para ser emprestado para a Ponte Preta. Na época, o treinador Eduardo Baptista me queria lá. O Corinthians não queria me liberar, e eu pedi para ser emprestado porque eu achava que era um momento para ganhar experiência. Eu achei que eu poderia jogar uma Série A e voltar melhor para o Corinthians, principalmente na parte de bagagem. No meu caso, foi muito bom. Às vezes o empréstimo é visto com maus olhos por jogadores, torcedores, enfim… No meu ponto de vista, foi um momento bom para mim, mas é claro que, às vezes, não dá certo, o jogador não consegue desempenhar. Mas, no meu caso, foi uma grande experiência. Sou muito grato à Ponte por ter me aberto as portas, e poder ter jogado uma Série A foi muito importante para a sequência da minha carreira”
Recentemente, o título do Campeonato Paulista de 2018, diante do Palmeiras, completou três anos. Você chegou a ver a repercussão do aniversário entre os torcedores do Corinthians? Qual foi o sentimento de marcar o pênalti decisivo?
“Cheguei, sim, claro. É uma data que ficou marcada na história, principalmente da minha carreira. Foi um momento mágico. Quando dá essa data, eu sempre recebo muitas mensagens, é um momento muito legal, muito marcante de ser relembrado. É um momento que eu nunca vou esquecer. Eu fico muito feliz e muito contente de ter vivido esse momento no Corinthians, de ter passado tudo que passamos, como foi aquele Campeonato Paulista. Aconteceram muitas coisas que foram a cara do Corinthians, e isso me deixa muito feliz. Claro que todos os títulos têm a cara do Corinthians, mas esse foi especial. Acho que foi um momento mágico, sempre vai ficar guardado na memória, e eu fico muito feliz de ter vivido esse momento”
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