Campeonato Carioca

Fla-Flus 1995 x 2020: Com técnicos campeões e ídolos, clássicos se comparam em campo; fora dele, são opostos

Arte: Esporte News Mundo

Flamengo e Fluminense fazem a final da Taça Rio nesta quarta-feira, no Maracanã, no que pode ser o último capítulo de um Campeonato Carioca repleto de polêmicas. Nessas 255ª páginas do clássico mais charmoso do Brasil no Cariocão, o Rubro-Negro leva vantagem com 92 jogos vencidos, contra 78 vitórias do Tricolor e 84 empates.

Mas será que o Fla-Flu desta quarta tem semelhanças com o duelo entre os times ocorrido há 25 anos atrás ? De um lado um time cheio de estrelas, com o técnico na “crista da onda” recém-campeão brasileiro e, por isso, candidato a papa-títulos; do outro, um time cheio de desconfianças, do torcedor à crônica esportiva da época, que não tinha um time estrelado como o do rival e contava com um ídolo experiente no comando do ataque.

À primeira vista, circunstâncias praticamente iguais, certo?

Porém, o jornalista gaúcho, André Baibich vê de outra maneira. Ele é o autor de “Reis do Rio”, livro-reportagem lançado há um mês, que de forma irreverente, conta a história do Campeonato Carioca de 1995 e a disputa simbólica pela coroa de “rei do rio”, travada pelos atacantes Romário (Fla), Renato Gaúcho (Flu) e Túlio Maravilha (Botafogo). O projeto teve a duração de ano e meio e dividido em pesquisa e entrevistas. As ilustrações da obra são do chargista Gilmar Fraga, do jornal Zero Hora.

“Reis do Rio”, André Baibicho está disponível em bit.ly/reisdorio| Divulgação .

Em um bate-papo exclusivo com o Esporte News Mundo, André analisou as semelhanças e diferenças envolvendo os “Fla-Flus” de 1995 e da final da Taça Rio deste ano.

Contexto dos Campeonatos

-As próprias circunstâncias do Campeonato Carioca são uma diferença significativa. Em 1995, já havia o sentimento de que o Fla-Flu encerraria um dos campeonatos mais marcantes da história, pelo lado positivo. Em 2020, temos também essa sensação de estarmos diante de um momento marcante, só que o aspecto extraordinário do torneio se dá por uma circunstância indesejada. É o campeonato da pandemia, cercado pela polêmica do retorno ao futebol que muitos julgam irresponsável. Será um Carioca marcado por discussões que vão além do campo, como direitos de transmissão, por exemplo, enquanto o Carioca de 1995 sempre é lembrado pelo brilho em campo que alimentou, também, discussões bem-humoradas e leves entre seus protagonistas.

Técnicos: Luxa x Jesus e Odair x Joel Santana

– Há a semelhança entre Vanderlei Luxemburgo e Jorge Jesus, ambos amplamente considerados, cada um em seu tempo, como os melhores do futebol brasileiro. Porém também há a diferença de que Vanderlei, quando chegou ao Fla-Flu, já sofria alguma contestação da torcida pelas oscilações do Flamengo naquele semestre – depois de uma das derrotas em clássico, chegou a ser alvo de protestos violentos da torcida. Quanto ao Fluminense, as diferenças são gritantes. Odair sofre com as críticas da torcida. É um técnico sem extenso currículo que passe confiança ao torcedor. Em 1995, Joel Santana era visto com bons olhos pela torcida desde a chegada ao clube- vinha do Bahia, onde conquistara o Baiano e chegara às quartas de final do Brasileirão de 1994, e já havia sido bicampeão carioca pelo Vasco. Essa confiança em Joel só aumentou durante a arrancada tricolor a partir do octogonal final. Como o grupo de jogadores tinha limitações, boa parte do crédito pelo sucesso do Fluminense caía na conta do treinador.

Atacantes trintões: Renato Gaúcho x Fred | Atacantes no auge: Romário x Gabigol

– As contratações de Fred e Renato têm semelhanças pelo momento da carreira dos dois. Renato tinha 32 anos e já havia até decidido se aposentar quando o Fluminense o procurou. A difícil situação financeira do clube também era parecida, assim como a necessidade de trazer um grande nome, mesmo com essas dificuldades de orçamento. Há, porém, algumas diferenças importantes: Renato veio no início do campeonato de 1995, e, quando veio o Fla-Flu decisivo, já era possível dizer que sua contratação havia sido um acerto (foi importantíssimo nas vitórias em outros Fla-Flus e na arrancada do octogonal até se lesionar). Fred chegou em meio ao campeonato. Outra diferença importante: Renato era o ex-ídolo do rival que chegava às Laranjeiras, enquanto Fred carrega consigo a narrativa da estrela que retorna. É um jogador com extensa trajetória vitoriosa no clube.

– De certa forma, é possível traçar um paralelo entre Fred-Renato e Gabigol-Romário. Com as devidas ressalvas dessas comparações, há a semelhança do ídolo nos anos finais de carreira do lado tricolor, enquanto a referência do lado rubro-negro é um jogador no auge de sua trajetória. Ainda assim, sob risco de soar um tanto saudosista, temos de ressaltar que, em ambos os casos, os craques de 25 anos atrás são bem superiores aos de agora, especialmente na comparação entre os artilheiros rubro-negros.

Gabigol, o “Rei do Rio” dos tempos modernos?

– Gabigol têm algumas características que o permitem ao menos uma “candidatura” à coroa “moderna” de Rei do Rio. A principal é sua inquestionável qualidade. É o melhor jogador em atividade no futebol brasileiro. Mostra também alguma marra em campo, aquela postura de autoconfiança que suas comemorações exemplificam. Suas declarações aos microfones, porém, são bem mais reservadas quando comparadas às de Túlio, Romário e Renato em 1995. Talvez um sinal dos tempos que interpretam alfinetadas bem-humoradas como provocações desrespeitosas.

Flamengo e Fluminense se enfrentam, às 21h30, no Maracanã vazio, devido as medidas combate ao coronavírus (Covid-19) e a transmissão fica a cargo do canal da FluTV.

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