OPINIÃO POR GABRIEL TASSI
Muito criticado pela torcida Coxa-Branca, o atacante Waguininho foi a primeira contratação anunciada pela gestão de Renato Follador, junto do meio-campista Jhony Douglas. O jogador de 31 anos não foi nenhuma unanimidade: desde que chegou, foi visto como um reforço furado, que não vingou nos ex-clubes e dificilmente contribuiria no Alto da Glória. Mas já no segundo jogo com a camisa Alviverde, no Paranaense, contra o Maringá, Waguininho mostrou a que veio e marcou o gol da vitória do Coritiba.
Mesmo assim, foi o pouco que produziu ao longo de todo o campeonato, balançou as redes pela segunda vez contra o Athletico-PR, mas não conseguiu evitar a derrota. O excesso de gols perdidos fez com que muitos torcedores o apelidassem de “Novo Robson”, e muitos pedissem sua saída. Mas Gustavo Morínigo insistiu (e ainda insiste), e o atacante entrou em campo em dez dos onze jogos do Campeonato Paranaense. Ele também jogou as quatro partidas do Coxa na Copa do Brasil e entrou em todos os duelos da Série B até aqui. Muito criticado, Waguininho já foi defendido pelo treinador em duas oportunidades nas coletivas de imprensa, mas será que a insistência em escalá-lo tem surtido efeito?
+ Morínigo destaca a boa estreia e defende Waguininho: ‘torcedores foram injustos com ele’
Na Série B
A estreia do Coxa na Série B já teve gol de Waguininho, e não só: a vitória por 2×0 contra o Avaí garantiu uma vaga ao atacante na Seleção da Rodada. Depois, ele foi fundamental para o Coritiba bater o Vila Nova por 1×0: saiu do banco, entrou e fez a assistência para Igor Paixão marcar, num passe certeiro. Por fim, a terceira vitória Alviverde no Brasileirão Série B também foi conquistada com gol dele: dessa vez, Igor Paixão retribuiu o favor e fez a assistência para Waguininho marcar de carrinho.
No total, ele começou jogando em quatro duelos, passou em média 65 minutos por jogo dentro de campo, e participou ativamente de todas as vitórias do Coritiba até aqui. Waguininho é o artilheiro do Coxa na competição, chuta aproximadamente 1.6 vezes por partida, e acerta o alvo em 50% das tentativas.
+ Para ficar ligado em tudo o que acontece com o Coritiba, siga o Esporte News Mundo no Twitter, Instagram e Facebook.
Waguininho x Lewandowski
Para ilustrar melhor, vou comparar o atacante do Coritiba com o polonês, atual melhor jogador do mundo, Robert Lewandowski, em sua atuação na Eurocopa. Lewa já entrou em campo em três jogos, marcou em dois deles e coleciona três gols na competição (2 contra Suécia e 1 contra Espanha). Ele precisa de 90 minutos para participar de um gol, enquanto Waguininho precisa de pouco mais: 108 minutos. Mas vale ressaltar que o polonês ainda não fez nenhuma assistência na Eurocopa, enquanto o jogador Coxa-Branca já fez um passe para gol.
Agora, enquanto Waguininho finaliza 1.6 vezes por jogo e acerta metade no alvo, o atacante do Bayern chuta mais: são 4 chutes por jogo, e ele encontra o gol em 32% das tentativas. Em número de passes por jogo, o Coxa-Branca acerta 77%, enquanto Lewandowski acerta 70% dos passes que tenta. Na defesa, o jogador do Coritiba tem a média de 0.6 interceptações por jogo e rouba 1.2 bolas. O melhor jogador do mundo tem 0.3 interceptações por jogo e ainda não roubou nenhuma bola na Eurocopa.
Ou seja: Lewandowski marcou mais gols e precisa de menos tempo para participar de jogadas decisivas. Contudo, é mais ‘pé torto’ nas finalizações e nos passes, e contribui menos na defesa do que Waguininho. Cada jogador se destaca de sua forma e contribui para as equipes em que jogam: enquanto o europeu foi decisivo no empate contra a Espanha, o atacante Alviverde garantiu os importantíssimos três pontos contra o Vitória.
Claro que a resposta para a pergunta ‘Quem é melhor?’ é óbvia: estou comparando o atual melhor do mundo com um atacante da Série B do Campeonato Brasileiro. Ainda assim, é inegável que Waguininho, com todas as limitações e carências, tem sido fundamental no Coritiba. Erra muitos passes, muitos chutes e posicionamento, mas rende mais que Dalberto e Tailson, e acredito que a insistência de Morínigo no atacante se dê por isso: pode não ser o ideal, mas enquanto não chega o tão aguardado extremo de velocidade que reforçará o Coxa, é ele quem deve jogar. Talvez não como titular, mas alternar com Igor Paixão na titularidade e como reserva imediato no setor ofensivo. Todo o protagonismo do atacante denuncia quanto o Coritiba precisa de novos jogadores, referências no ataque, para poder brigar pelo acesso e melhorar o desempenho dentro de campo, já que venceu sem convencer nas duas últimas partidas e tomou sufoco para sair com os três pontos.