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Além da quadra: Nenê confirma aposentadoria e Ginóbili relembra carreira na NBA

NBA House Digital Ginóbili
Foto: Reprodução/NBA House Digital

O jogo 4 entre Phoenix Suns e Milwaukee Bucks aconteceu na última noite, mas a NBA House Digital trouxe mais um grande pré-jogo com muito bate-papo entre as estrelas e ex-atletas da liga. Em mais uma edição do evento, a programação trouxe grandes nomes como os brasileiros Raul Neto, do Washington Wizards, Nenê Hilário, ex-jogador, e também Manu Ginóbili.

Para abrir a programação, Raul Neto relembrou a grande temporada que fez com o Washington Wizards. Depois de um ano com o Philadelphia 76ers, o brasileiro foi contratado pelo Washington Wizards e rapidamente ganhou destaque. Com as lesões dos titulares Russell Westbrook e Bradley Beal, o armador conseguiu ter minutos importantes que deram credibilidade para entrar mais vezes em quadra.

— Acho que foi a minha temporada mais consistente. Eu tive momentos bons em Utah, em Philadelphia, mas nada que manteve durante a temporada inteira. A maneira que o ano terminou também comigo de titular ao lado do Westbrook, jogando os minutos finais das partidas foi o que ficou mais marcado pra mim. Tirando os números, que são consequências do trabalho, ajudar o time em um geral é o principal — afirmou Raulzinho.

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Um dos momentos mais importantes da carreira do brasileiro foi o grande encontro com Kobe Bryant. Adversários no último jogo do lendário armador, Raulzinho destacou como foi o duelo entre os dois e a atuação de gala do Mamba, que não havia começado tão bem, mas foi impulsionado pela torcida.

— Não sei se foi coincidência ou destino. A maneira em que o jogo aconteceu foi como cena de filme. Ele começou errando alguns lances, muita gente deve ter pensado que seria vergonhoso e de repente, ele começou a acertar todas as bolas. A torcida também ficava maluca com os lances e ajudou demais ele a virar aquele jogo no final.

Tão criticado, a NBA realizou mais uma edição do play-in, torneio que define os últimos classificados aos playoffs da liga. Apesar de não ter gostado da ideia, Raulzinho definiu a sensação de disputar a competição e ainda aproveitou e cutucou o astro LeBron James, que havia se mostrado favorável a disputa, mas teceu fortes aspas ao ter que participar para tentar vaga na pós-temporada.

— É muito estranho porque é um jogo que você não sabe como vai ser. Pode ser o último da temporada, mas se ganharmos temos mais duas semanas pelo menos. Para os fãs é ótimo, mas para os jogadores nem tanto. Até o LeBron reclamou, mas só quando o time dele estava naquela situação porque quando estava em terceiro ele não falou nada. Para gente que joga tem muita adrenalina, e eu gosto disso. A sensação é como se fosse jogar uma Olimpíadas ou uma semifinal de Copa do Mundo, se você ganha pode disputar medalhas e se perde ninguém lembra mais de você — encerrou o brasileiro.

Outro grande da noite foi Manu Ginóbili. Tetracampeão com o San Antonio Spurs, o argentino foi entrevistado pelo amigo e ex-companheiro Tiago Spilitter e passou a limpo a grande carreira na NBA. A lenda da liga atuou na competição por 16 anos e desfrutou de momentos excepcionais e fez parte de times históricos na franquia de Gregg Popovich.

— 2005 foi muito porque me senti consolidado, uma referência, uma pessoa importante na NBA. Nós ganhamos um campeonato tão importante, com tanta pressão em um jogo 7 contra os Pistons foi incrível. Nós vimos a equipe virar história com três campeonatos em cinco anos jogando muito bem. Ganhamos do Cleveland por 4 a 0 e sofrendo pouquíssimo.

Por falar no treinador, Ginóbili destacou a grande importância de Pop na sua carreira. Conhecido por ser linha dura, o veterano é um dos maiores nomes da história da liga e construiu grande caminhada na competição devido a postura tanto em quadra como fora dela.

— É tão difícil resumir o Popovich em poucas palavras porque a pessoa é muito grande. São muitos pontos para falar e você sabe disso. É o treinador mais rígido que eu já tive. Um treinador que faz responsável cada jogador, que quer e espera o seu melhor em cada jogo. O que eu percebi em 82 jogos, tem jogadores que tomam facilmente 10, 15 pontos, mas com o Popovich isso não era possível.

Uma das grandes inspirações na liga, Ginóbili foi fundamental para a entrada de outros jogadores não-americanos na NBA. Mesmo não sendo o primeiro nome, o argentino virou referência e destacou a importância de ter atletas que sejam consagrados e venham de mercados fora dos EUA para “criar proximidade” com os fãs de outras nações.

— Todos sabemos que a NBA é uma liga global, mas no início dos anos 2000 não era bem assim. Começou a mudar com a chegada de Stojakovic, Tony Parker. Eu fui um dos pioneiros da América do Sul, mas foi o início pra outros argentinos, brasileiros, sul-americanos no geral, que acabaram chegando na liga, fazendo um bom trabalho e ganhando campeonatos. E isso trouxe muita aproximação com fãs da NBA em outros lugares que acompanhavam, mas tinham muita distância. Acho que o que fizemos foi criar essa proximidade, e fazer com que o sonho NBA que pra muitos é inalcançável, ficasse mais perto.

Para o Brasil, um dos grandes que passaram pela NBA está Nenê Hilário. O pivô que atuou por 18 temporadas na competição confirmou para o jornalista Bruno Lawrence a aposentadoria das quadras. Apesar de não ter conquistado nenhum título na liga, o brasileiro entende que é o momento para descansar após mais de duas décadas dedicadas ao basquete.

— Eu trabalhei durante quase 22 anos como profissional, desde os 15 anos jogando em alto nível no Brasil e depois para fora. São quase duas décadas impactando pessoas, passando o processo. Foi no meio disso que a gente conquista muita sabedoria.

Se teve tanto sucesso por equipes e a Seleção Brasileira, Nenê relembrou o começo de sua carreira. Com o “pai” Meneghelli, o pivô conseguiu ser observado e aprendeu muito com um dos grandes entusiastas do basquetebol brasileiro. Mesmo com tantos momentos importante, o veterano ainda desfruta de ensinamentos de seu professor, que regem a vida do agora ex-jogador.

— Eu vim de uma família simples, da Vila São José, e ele via que eu dominava muito o handebol. Então ele achou justo eu tentar o basquete e com 10 anos eu comecei a ter mais contato. O Meneghelli é como um pai pra mim e eu costumo a dizer que eu tenho as digitais dele. Ele sempre me colocava no caminho certo, sempre com as “punições” que ele me dava, eu levo até hoje comigo.

Para encerrar o bate-papo, Nenê lembrou do dia em que marcou Michael Jordan. Considerado o maior jogador de todos os tempos, Jordan enfrentou o brasileiro ainda no começo da carreira e não teve vida fácil. Junto de Lawrence, o brasileiro relembrou a partida com muito carinho e deu dicas de como marcar jogadores em situações opostas.

— Se você for alto e marcar alguém mais baixo, tem que nivelar de algum jeito. Naquele lance, eu estava focado na bola, mas com o ombro ao lado dele e acho que até roubei a bola dele. Depois do jogo ele foi até a musculação e falou comigo e o Carmelo, e disse que eu jogava bem, que gostava da minha marcação. Essas pequenas coisas empurram demais a gente.

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