Futebol americano

No coração, Steelers vencem e colocam um pé nos playoffs

Foto: Divulgação / Pittsburgh Steelers

Tem dias que o esporte te entrega tanta coisa que fica impossível analisar friamente e deslanchar apenas números e estatísticas sobre um passado que se encerrou há minutos: hoje é um desses dias. Foi um tarde fria no M&T Bank Stadium, em Baltimore, e a derrota não interessava nem aos Ravens, os mandantes, e nem aos Steelers, os visitantes. Mesmo com a vitória, era necessário a sorte sorrir para a equipe vencedora, com combinações improváveis de resultados que nem o melhor dos roteiristas saberia planejar.

E com a vitória dos Steelers por 16 a 13 diante dos maiores rivais, no que muitos apontavam ser o último jogo da carreira do lendário quarterback Ben Roethlisberger, a combinação parecia mais fácil – ou melhor, menos difícil. E o mais improvável dos resultados aconteceu, que era a vitória do Jacksonville Jaguars, que já pensava no próximo Draft, diante do Indianapolis Colts, que estava em uma onda de crescimento, mas que morreu em alguma praia do norte da Florida.

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O próximo resultado improvável que faz a empolgação em Pittsburgh ir por água abaixo é um empate entre Los Angeles Chargers e Las Vegas Raiders, que duelam pela última vaga da AFC neste domingo às 22:15 (horário de Brasília). O que anima é que a rivalidade Chargers e Raiders ainda existe, portanto é muito mais interessante eliminar o rival em horário nobre diante de toda a América assistindo do que se preocupar em fazer um “jogo de compadres” mirando a improbabilidade. E para que o tal desastre do empate aconteça, é necessário passar pela prorrogação, assim como Steelers e Ravens passaram hoje após o empate persistir em 13 a 13 no tempo regulamentar.

Talvez o motivo deste texto estar saindo em formato de crônica seja para maquiar o péssimo jogo técnico e tático que fora nos 60 minutos anteriores à prorrogação. Com uma infinidade de punts, interceptações do quarterback Tyler Huntley (que substituiu o ídolo Lamar Jackson, mas sem o mesmo brilho) e ataques mal chamados por Mike Tomlin e John Harbaugh, o 13 a 13 até que foi muito pelo que os dois os times podem entregar. Chris Boswell e Justin Tucker acertaram dois field goals e dois extra points cada, Latavius Murray correu para um touchdown dos Ravens e Chase Claypool recebeu para outro dos Steelers. Ademais, apenas o recorde de T.J. Watt de mais sacks em uma única temporada merece destaque: 22,5 e voltando ao topo das apostas para jogador defensivo do ano.

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E quando o cronômetro do tempo regulamentar zerou, ainda parecia que a sorte ficaria em Baltimore e dependeria de ainda mais resultados: no cara ou coroa, foi decidido que os Ravens teriam a primeira posse de bola. Mas de nada adianta ter a posse se não souber o que fazer com ela, e a falta de brilho de Tyler Huntley foi crucial para que a bola voltasse às mãos de Big Ben, que por boa parte da temporada o corpo falhou ao corresponder a mente, mas que neste drive sobrou coração e motivos para colocá-lo ainda mais entre os maiores.

Duas terceiras descidas longas, uma quarta para OITO jardas na prorrogação, fora de casa e valendo sua aposentadoria: nada pôde parar o gigante Benjamin Todd Roethlisberger, que, além de acender várias velas em gratidão ao Jacksonville Jaguars, ainda precisa espantar a possibilidade de empate que existe no Sunday Night Football para sua luta ter valido a pena – mas independente do que ocorra, nada mais diminui sua vitoriosa e bicampeã carreira. Ajudando seu comandante, Boswell ainda anotou o field goal que eliminou os rivais dentro de seus domínios e colocou o Pittsburgh Steelers a uma vitória (de Chargers ou Raiders) da pós-temporada.

Você, João, que pegou apenas o final da carreira de um dos maiores quarterbacks que o futebol americano já viu. Você, Maria, que literalmente vestiu a camisa aurinegra e torceu como se fosse uma cidadã de Pittsburgh até que Boswell colocasse os pingos nos Y. Todos que tiveram o privilégio de testemunhar parte da história ser escrita hoje, saiba que dias assim precisam de muita garra e muito coração, coisas que jamais faltaram ao Pittsburgh Steelers nessas 15 temporadas de Mike Tomlin (que jamais teve uma temporada com mais derrotas do que vitórias). Mas claro, há de saber ser sortudo também, e isso todos nós somos por viver na era de “Big” Ben Roethlisberger, que provavelmente se despedirá contra os Chiefs de Mahomes na próxima semana, mas sem o fim melancólico que uma eliminação em temporada regular proporcionaria e com o caminho muito mais digno que o levará ao Hall da Fama – e lá, permanecerá por toda a eternidade!

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