O Figueirense não marca um gol há quatro jogos, sendo três pela Série B e um pela Copa do Brasil. Esses números ilustram a má fase não só do setor ofensivo, mas do clube como um todo. A tensão chegou ao ápice quando, na tarde do último sábado (5), torcedores do Furacão invadiram o treino no Orlando Scarpelli e soltaram rojões na direção dos jogadores.
MÁ FASE NA TEMPORADA
Para entender a situação do Furacão, é preciso voltar ao Catarinense 2020. O clube perdeu para o Juventus por 4 a 1, em casa, após vencer o time de Jaraguá do Sul (por 2 a 1) no jogo de ida. A eliminação precoce nas quartas de final do estadual já mexeu com a torcida, uma vez que a atuação do time, até então comandado por Márcio Coelho, foi abaixo do que vinha apresentando antes da paralisação do futebol.
Depois, logo na estreia da Série B, o Figueirense perdeu por 3 a 1 para o Operário, totalizando sete gols sofridos em dois jogos. A defesa menos vazada da primeira fase do Catarinense deu lugar a um setor desorganizado e com muitos erros, tanto técnicos quanto táticos. O Furacão só alcançou sua primeira vitória na 5ª rodada, em cima do Botafogo-SP, fora de casa. Com um jogo a menos, o clube alvinegro soma cinco pontos em sete jogos, totalizando 23,8% de aproveitamento.
Quando foi possível observar uma certa e pequena evolução após a primeira vitória, a expectativa era de continuação do projeto. Mas o jogo seguinte, contra o Fluminense, pela Copa do Brasil, mostrou que o time tem muitas deficiências. Mesmo com a vantagem de 1 a 0 no jogo de ida da terceira fase, o Figueirense não conseguiu segurar o tricolor carioca e perdeu de 3 a 0, com uma atuação desastrosa. Muitos erros de passe, de posicionamento e até displicência foram alguns dos motivos para que o time não conseguisse jogar e saísse da disputa.
Logo em seguida, o técnico Márcio Coelho foi demitido. Elano chegou com a expectativa de fazer um bom trabalho, assim como na Inter de Limeira, mas vem sofrendo com o calendário apertado. O novo técnico do Figueirense chegou na quinta-feira à noite, 27 de setembro, e já tinha o primeiro jogo no sábado (29). Com apenas um dia de trabalho com Elano, o Figueirense empatou em casa, sem gols, com o Confiança.
A maratona de quatro jogos em 11 dias, com viagens longas para Recife e Cuiabá, está sendo um dos grandes desafios. No segundo confronto, uma derrota fora de casa para o Náutico. No terceiro, outra derrota, em casa, para o Paraná. O Figueirense não vence no Orlando Scarpelli desde março, quando bateu o Brusque por 1 a 0 pela primeira fase do estadual.
E os números pioram ainda mais quando o time não marca há quatro jogos. A falta de criatividade, a apatia em campo e as poucas e ruins finalizações são alguns dos problemas que fizeram com que o Furacão se encontre na 16ª colocação, com apenas dois pontos à frente do lanterna Oeste. Na próxima partida, o time catarinense enfrenta o Cuiabá, fora de casa. Mais um desafio para Elano, que precisará recuperar a moral de seus jogadores no vestiário após a invasão dos torcedores no treino do último sábado (5).
RECONSTRUÇÃO DO CLUBE
O Figueirense rompeu a parceria, em 2019, com o grupo Elephant, que comandava o alvinegro desde 2017. Quando assinou esse contrato, o Furacão abriu mão do poder de mandar no futebol do clube. Essa terceirização causou a maior crise financeira da história do Figueirense. Não foram apenas salários, direitos de imagem e CLT atrasados. O grupo desuniu os setores do clube.
Além de muitas promessas não cumpridas, como sanar as dívidas do Figueirense, começou a faltar alimentação e transporte para a base, além do corte do plano de saúde dos jogadores do profissional. Alguns fornecedores deixaram de prestar serviço por não serem pagos, como a lavanderia. A crise resultou na greve dos jogadores que, coincidentemente, não entraram em campo contra o mesmo adversário da próxima rodada: o Cuiabá. O W.O. foi, praticamente, o estopim para tomarem a decisão de romper o contrato.
O Figueirense, antes da Elephant, tinha um déficit mensal de R$ 500 mil, além de dívidas que giravam em torno de R$ 70 milhões. Após a saída do grupo, a dívida do clube alvinegro já passa dos R$ 165 milhões. Além disso, a base do Furacão, conhecida por revelar grandes jogadores como Firmino e Filipe Luís, foi duramente atingida e esfacelada nesses dois anos de contrato. Um cenário devastador para o clube quase centenário.
Por isso, o ano de 2020 foi nomeado como o ano da reconstrução. Clube e torcida lado a lado. Mas a impossibilidade de gastar muito nas contratações foi demonstrando que a diretoria precisaria “se virar” para montar um time competitivo. As contratações do goleiro Sidão, do volante Arouca e do meia Marquinho até animaram a torcida, mas os dois últimos acabaram não respondendo à altura.
Um aumento inesperado das dívidas também aconteceu em função da pandemia de Covid-19. Sem poder contar com o dinheiro arrecadado nos jogos e sem o apoio da torcida no estádio, o Figueirense luta aos poucos para se reestruturar.
VIOLÊNCIA
E, se já é difícil sem o apoio presencial da torcida, ficou ainda mais complicado após o episódio do último sábado. As manifestações de insatisfação após resultados e atuações ruins extrapolaram totalmente quando um grupo de torcedores invadiu o treino e usou da violência para cobrar o elenco.
Hoje, o Figueirense tem problemas extracampo muito maiores do que dentro das quatro linhas, mas que também influenciam diretamente nos resultados. A violência acaba desestabilizando ainda mais o clube que procura se levantar aos poucos diante da pior crise de sua história.
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