Afastado desde o último dia 11 de janeiro devido às acusações de assédio sexual denunciadas pela empresária de jogadoras Sonia Souid, Noël Le Graët encerrou de forma definitiva sua trajetória à frente da Federação Francesa de Futebol (FFF). Nesta terça-feira (11), após reunião do Comitê Executivo (Comex) da entidade, o dirigente oficializou sua renúncia em meio à sua situação ficar cada vez mais insustentável em relação ao cargo ocupado.
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Le Graët foi eleito em 2011 após o mandato interino de Fernand Duchaussoy e tinha como principal objetivo recolocar a seleção da França no mais alto nível novamente. Em 11 anos e meio de mandato, atingiu o objetivo ao promover condições para que a estrutura melhorasse o trabalho a ponto de dar títulos. Tanto no masculino como no feminino, foram 11 títulos conquistados pelas seleções e seis finais de torneios internacionais disputados. Além disso, a FFF abriu 26 centros esportivos ao redor do país para reforçar pré-formação e formação de talentos junto aos clubes profissionais, além de aumentar a quantidade de mulheres que praticam o futebol feminino, tendo o Lyon como uma das principais equipes do mundo, com inúmeros títulos nacionais e internacionais.
Além do futebol profissional, o reforço ao futebol amador também foi algo destacado com investimentos recordes anos após ano. Na atual temporada, foram 104 milhões de euros, valor duplicado em relação ao que era antes. Segundo comunicado oficial da FFF, o órgão regulador do futebol gaulês tem 56 milhões de euros como patrimônio. Com totais investimentos e sucessos no futebol, a gestão de Noël Le Graët é avaliada como esportiva no âmbito esportivo e financeiro.
Personagem controverso
Porém, as polêmicas tornaram sua permanência insustentável. Apenas na primeira semana de 2023, duas situações desconfortáveis. Primeiro, ao confirmar a permanência de Didier Deschamps no comando dos Bleus até a disputa da Copa do Mundo de 2026, afirmou que Zinédine Zidane, especulado como possível sucessor de Deschamps após o vice-campeonato mundial em 2022, não teria nenhuma chance e que as equipes interessadas deveriam ser solidárias em montar um projeto esportivo para contar com Zizou. Tais falas repercutiram mal, inclusive do atacante Kylian Mbappé, que pediu ‘mais respeito à lenda’.
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Entretanto, o causo mais controverso veio dias depois. Em entrevista exclusiva ao L’Équipe e ao BFMTV, ambos veículos de comunicação franceses, a empresária Sonia Souid denunciou o agora ex-presidente sob acusações de assédio sexual iniciadas em 2013. Responsável pela contratação das técnicas Helena Costa e Corinne Diacre ao Clermont, Souid afirmou que Noël Le Graët armou diversas situações para ter encontro a sós, mandou mensagens com frequência até 2017. Foram tais denúncias que resultaram no afastamento do mandatário por meio do Comex na época, reiterada novamente.
Futuro da federação
Em comunicado divulgado em seu site oficial, a FFF afirmou que condena quaisquer atitudes de violência e abuso contra mulheres, além de manifestar apoio em denunciar e reprovar qualquer comportamento.
“Concernente à auditoria da Inspeção Geral da Educação, Esporte e Investigação (IGESR, em francês), a FFF nota que este relatório não menciona qualquer falha sistêmica nem qualquer violação das suas missões soberanas. A FFF, no entanto, constata que este relatório se baseia menos em fatos objetivos do que em avaliações que, por vezes, levaram a uma difamação desproporcional do órgão. A FFF lamenta também a falta de um verdadeiro contraditório e não levar em consideração muitas observações feitas pela Federação sobre os assuntos que lhe dizem respeito em termos de governança e luta contra a violência sexista e sexual. A FFF deseja, portanto, reafirmar seu forte compromisso contra a violência sexual e de gênero como parte de sua política de proteção de licenças. Este compromisso foi e continua a ser uma prioridade. A FFF também continuará trabalhando para reformar sua governança nos termos da Lei de 2 de março de 2022. Esse trabalho foi realizado antes mesmo do início da auditoria. No entanto, a FFF compromete-se a manter todas as recomendações úteis desta auditoria.”
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Embora não tenha mais ligação com qualquer função na Federação Francesa de Futebol, Noël Le Graët segue no escritório da Fifa em Paris. Le Graët foi nomeado pelo atual presidente da Fifa, Gianni Infantino, como representante da entidade máxima do futebol mundial. E não existem planos para sua saída por causa de sua saída do órgão francês. Na FFF, o vice-presidente Philippe Diallo, que assumiu a presidência de forma interina, continua na mesma função até a próxima assembleia federal, marcada para o próximo dia 10 de junho.