8 de março de 1917. Há 104 anos, mulheres russas protestavam por melhores condições de trabalho e de vida. Entretanto, foi apenas no ano de 1975 que a Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu o Dia Internacional da Mulher, após os movimentos feministas da década de 60. Neste dia tão relevante, sobretudo político, o Esporte News Mundo destaca a importância de Maria Esther Bueno, Serena Williams e diversas tenistas que ainda são diminuídas pelo machismo enraizado no esporte.
PIONEIRISMO
Nascida em 1939, em São Paulo, Maria Esther Andion Bueno brilhou durante os anos 50, 60 e 70, sendo uma das tenistas a conquistar títulos em três décadas diferentes. Apesar da grandiosidade de Maria Esther Bueno para o esporte mundial, em especial o feminino, a rainha brasileira não é reconhecida devidamente no país de origem. Primeira sul-americana campeã de um Grand Slam em simples, a Bailarina do Tênis conquistou, no total, 19 Majors e foi líder do ranking mundial em quatro ocasiões (1959, 1960, 1964 e 1966).
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Em Wimbledon, Maria Esther venceu três títulos de simples e cinco em duplas, enquanto ergueu oito troféus do US Open (quatro em simples e quatro em duplas). No ano de 1960, ela subiu ao lugar mais alto do pódio no Australian Open e duas vezes em Roland Garros, nas duplas femininas e mistas. O último campeonato internacional foi o Aberto do Japão (1974). Infelizmente, a tenista não teve oportunidade de participar de uma Olimpíada, que só teve a modalidade depois de 1984.
A maior tenista brasileira – entre homens e mulheres – está no Hall da Fama do tênis e era a convidada de honra de Wimbledon todos os anos. Muito respeitada e reverenciada internacionalmente, Maria Esther Bueno chegou a ser homenageada no palco de grama.
O esporte perdeu a Bailarina do Tênis em 8 de junho de 2018, aos 78 anos, após batalha contra um câncer.
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QUEM SÃO OS MAIORES RECORDISTAS?
Atletas como Roger Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic são tidos como os grandes donos de diversos recordes no tênis. Porém, é pouco comentado a magnitude de Martina Navrátilová, Margaret Court, Steffi Graf, Billie Jean King e Serena Williams.
Ignoradas por muitos, inclusive pela imprensa, algumas conquistas só são lembradas ou faladas quando vêm dos próprios jogadores do circuito masculino. Em 2017, Andy Murray, que defende a premiação igualitária, corrigiu uma pergunta sexista de um jornalista durante a coletiva de imprensa de Wimbledon. Um ano antes, o britânico já havia citado o feito de Serena e Venus Williams nos Jogos Olímpicos.
Andy Murray: “Eu acho que Venus e Serena já ganharam quatro medalhas de ouro cada.”
Martina Navrátilová
- 1442 vitórias;
- 177 títulos;
- 18 Grand Slams em simples;
- 31 Grand Slams em duplas femininas;
- Tenista mais velha a disputar os Jogos Olímpicos ao participar das Olimpíadas de Atenas com 47 anos.
Margaret Court
- 24 Grand Slams em simples;
- 11 Australian Open;
- 19 Grand Slams em duplas femininas;
- 21 Grand Slams em duplas mistas.
Steffi Graf
- 22 Grand Slams em simples;
- 107 títulos;
- 377 semanas na liderança do ranking mundial.
Billie Jean King
- Boicotou, ao lado de oito atletas, o Aberto de Los Angeles de 1970 devido a diferença dos prêmios pagos entre os gêneros;
- Em 1972, ameaçou não competir o US Open seguinte caso não igualassem o prêmio em dinheiro recebido entre homens e mulheres. No ano de 1973, o Grand Slam nova-iorquino se tornou o primeiro a pagar a mesma quantia (hoje, os quatro Majors oferecem o mesmo prêmio);
- Além de fundar a Associação de Tênis Feminino (WTA) após vencer a Batalha dos Sexos contra Bobby Riggs, autodeclarado sexista, Billie Jean King criou a Fundação de Esporte Femininos para promover o acesso ao esporte;
- Uma das primeiras atletas a se assumir homossexual publicamente;
- 11 Grand Slams em simples;
- 16 Grand Slams em duplas (tendo conquistado em 1965 Wimbledon ao lado de Maria Esther Bueno).
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Foto: Divulgação/WTA
Serena Williams
Pouco importa se é simples ou duplas, ou qual o piso, seja ele qual for, uma coisa é certa: Serena Williams é uma das mais vitoriosas em qualquer formato. Ao todo são 39 títulos de Grand Slam, sendo a líder do recorde na Era Aberta – entre homens e mulheres -, com 23 conquistas em simples. Serena está a um título de igualar Margaret Court, que também competiu na Era Amadora.
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Não é surpresa para ninguém que a estadunidense detém números espetaculares dentro de quadra, tendo conquistado sete vezes o Australian Open e Wimbledon, seis o US Open e três o Roland Garros (simples). Sem contar com as quatro medalhas olímpicas: uma de ouro em simples e três ao lado da irmã Venus Williams. Fora de quadra, Serena é importantíssima para o movimento feminista e negro.
“Seria bom reconhecer que as mulheres não devem ser tratadas de maneira diferente. Sou uma mulher negra. As mulheres, no geral, não recebem o mesmo tratamento que os homens que tiveram o mesmo êxito. E eu, por ser uma mulher negra, fazer algo histórico que nunca se tinha feito é indescritível”.
A irmã caçula das Williams deu à luz à filha Alexis Olympia em setembro de 2017, e, coincidentemente, foi neste ano que a tenista ergueu a última taça de Grand Slam, no Australian Open. Além de quase ter morrido após o nascimento de Olympia, por complicações pulmonares, a hexacampeã do US Open recebeu intensas críticas. Entre elas, a principal: que não seria capaz de jogar em alto nível pós-parto e aos quase 40 anos.
“Não há como fugir do medo. O medo de não voltar tão forte quanto eu era, o medo de que eu não possa ser ambos: a melhor mãe e a melhor tenista do mundo. Minha única opção é viver e descobrir.”
O marco da volta às quadras foi no ano seguinte, em Roland Garros – Grand Slam francês. Para amenizar os impactos do pós-parto, Serena Williams utilizou um macacão desenvolvido para ajudar na circulação e evitar a formação de coágulos na tenista. Porém, a roupa usada por Williams gerou polêmicas, e o presidente da Federação Francesa, Bernard Giudicelli, lastimou o uso. O dirigente, inclusive, chegou a declarar que o Aberto da França impediria que esse traje fosse permitido.
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Graças aos protestos da estadunidense, agora, as atletas têm até três anos para retornarem ao esporte sem perderem bruscas posições no ranking e em cabeças de chave dos torneios. Com isso, não será necessário o rebaixamento de atletas em posições nas chaves do campeonato baseado no ranking geral.
No último Australian Open, Serena Williams chegou à semifinal do Slam, sendo derrotada pela jovem Naomi Osaka. Depois da eliminação, a detentora de 23 Majors foi às lagrimas e deixou a coletiva de imprensa.
Gerações diferentes, pesos distintos, conquistas enormes. Duas coisas em comum: o amor pelo esporte e a busca por igualdade. Estas são algumas das maiores atletas da história. Que daqui a um tempo possamos celebrar a conquistas de muitas outras sem criticar e questionar os triunfos alcançados por elas.
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