O lateral-esquerdo Alan Ruschel, uma dos sobreviventes ao trágico acidente aéreo sofrido pelo time da Chapecoense em 2016, foi as redes sociais em um misto de revolta e tristeza após ter acesso ao conteúdo de defesa do clube. após o atraso do pagamento, foi argumentado para que ele não recebesse a quantia proveniente de danos morais pelo fato de que ele “não ter sido vítima, mas sim um sobreviente”.
A defesa ainda completou: – efetivamente, o acidente deu notoriedade ao reclamante e alavancou seus ganhos, bastando-se verificar o histórico em sua carteira de trabalho, sua imagem valorizou e passou a ter notoriedade mundial – argumentou a defesa do clube.
O jogador respondeu a posição do clube, que trata como se o atleta tivesse “seguido sua vida de forma normal”, após a recuperação:
– Eu tive acesso a defesa do clube, e eles alegam que eu não sou vítima do acidente e, sim, um sobrevivente. Afirmam que a tragédia me trouxe benefícios. Estão sendo levianos e despreparados na condução de um assunto tão importante. A minha vida precisava continuar, mas isso não tira responsabilidade do clube. Só eu sei os traumas que carrego comigo, o esforço, a luta para voltar a jogar. Hoje tenho oito parafusos nas costas, não quero me vitimizar, mas apenas para deixar essa situação clara. Afirmar que minha vida seguiu normal é um absurdo, não só comigo, mas também com os familiares das vítimas do acidente.
Com a repercussão e indignação dos torcedores, a Chapecoense divulgou uma nota oficial (confira no final da reportagem).
Em sua passagem pela Chapecoense, Alan Ruschel disputou 99 partidas e seis temporadas (2013, 2016, 2017, 2018, 2019 e 2020). O lateral esquerdo encerrou o vínculo contratual com a equipe alviverde em 2020. Durante a passagem pelo Verdão, Alan se tornou um dos maiores símbolos da reconstrução do clube, além de um exemplo de superação. Foi o capitão das últimas conquistas recentes da Chapecoense – o Campeonato Brasileiro da Série B e o Campeonato Catarinense de 2020 – e esteve presente nas campanhas do acesso de 2013 e 2020 e na conquista do campeonato estadual e da Taça Sul-Americana em 2016.
O Acidente
O avião que levava a delegação da Chapecoense para a disputa do primeiro jogo da final da Copa Sul-Americana caiu na madrugada do dia 29 de novembro de 2016, na Colômbia. Foram 71 vítimas fatais, entre jogadores, funcionários, convidados e jornalistas. Houveram seis sobreviventes, quatro deles brasileiros: Alan, Neto, Jakson Follmann e o jornalista Rafael Henzel.
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Nova nota da Chapecoense
“A Associação Chapecoense de Futebol vem a público a fim de manifestar-se acerca da exposição dos argumentos de defesa referente à ação trabalhista proposta pelo atleta Alan Ruschel. Quanto a isso, o Clube reitera que:
– Quaisquer manifestações acerca do assunto serão feitas exclusivamente nos autos do processo. O Clube não comentará nem discutirá argumentos processuais por meio da imprensa ou em redes sociais;
– Independentemente de qualquer situação, a atual gestão do Clube deseja manter diálogo com todas as famílias das vítimas e demais envolvidos na tragédia de 29 de novembro de 2016.”