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Após derrota em casa para o Internacional, Abel assume que Fluminense não jogou bem e desabafa: “O que está acontecendo nesse momento é desumano”

FOTO: MAILSON SANTANA/FLUMINENSE FC

Neste sábado (23), o Fluminense teve sua primeira derrota no Campeonato Brasileiro, contra o Internacional, por 1×0, no Maracanã. Após o jogo, o técnico Abel Braga comentou sobre a partida e admitiu que o Flu não jogou bem, mas julgou que um empate seria um resultado mais condizente com a realidade do jogo.

– Nós tentamos jogar mas não conseguimos, essa é a grande verdade. O jogo merecia terminar empatado? Eu acho que sim. Você vê, os números de chances, praticamente nenhuma pra eles, nenhuma pra nós; tivemos uma aí com o Cano, com o Calegari, mas assim, não conseguimos conter… Até a chegada no último terço no nosso setor defensivo, ali nós estamos forçando o último momento deles, mas nós não conseguimos marcar a transição. Quando eles roubavam a bola, a movimentação do Maurício, do Edenilson, do Pena, e daquele garoto pelo lado esquerdo lá, garoto não, mas ele estreou hoje (Wanderson), é muito rápido. (…) Pra mim o jogo deveria terminar empatado, porque os dois times no último terço foram muito mal, tentamos tudo que podia, não foi possível.

O técnico também desabafou sobre o cansaço da equipe, que vem jogando dois jogos por semana, sem tempo para descanso.

– Eu não vou cair na tecla do cansaço, né. Mais uma vez, um jogador (Manoel), no primeiro tempo, eu perco com alguns minutos. Depois vai sustentando, sustentando… Você vê, o André ficou, por ter mais essa identidade, mas o Martinelli não conseguiu mais, é muito difícil cara, é muito difícil. Como o meu time não conseguiu jogar, isso é muito ruim, pro sentimento do torcedor, as vezes tem jogos que você perde e o cara aplaude, hoje não podia aplaudir. (…) Você analisa ai algumas partidas de alguns clubes, tem seis, sete jogadores diferentes, porque o que tá acontecendo nesse momento é desumano. Você vai para o clube amanhã e depois de amanhã você tem um treino sem fazer 48 horas pra jogar na terça. Se ganhar hoje, tava na liderança, se ganhar terça acho que fica na liderança (do grupo H da Sul-Americana), mas não aconteceu cara, então nós temos que nos questionar.

Essa maratona vem atrapalhando o desempenho da equipe, que está ruim.

– Agora, o que eu falei pra eles é, depois da conquista do Carioca, já são quatro jogos que nós ficamos devendo, nós tínhamos consciência disso, e temos que começar a rever as coisas, botar a mão na consciência. Todos nós, eu em primeiro lugar, porque sou eu que escalo. Por mais que a gente tenha mudado alguma coisa e tal, tá pouco. (…) Acho que no momento temos que ter consciência que caímos de produção, não estamos conseguindo ver vibração, aquele time leve, tá faltando alguma coisa. Sinceramente, vou tentar descobrir se estão precisando oxigenar de novo, porque terça é jogo contra um time argentino (Unión de Santa Fé), que é pegado, são jogadores que vem de uma sequência enorme- é o caso do Nino, do André, nós temos que rever alguma coisa quanto a isso.

Abel também comentou sobre as poucas alterações que tem disponível e como os jogadores estão sobrecarregados.

– Eu não vou comprometer aquilo que o clube tem como capacidade ou não, porque não sou eu que administro o clube, o Fluminense tá com esse plantel e aí vocês tem que analisar se dá ou não dá. (…) Eu, a cada jogo, estando certo ou errado, eu tô colocando aquilo que eu sinto, (aquilo) que eu converso com Marquinhos, preparador físico, com o Juliano, fisiologista, e com certeza eu sei que depois desse jogo, eles vão chegar pra mim e falar assim: “esse, esse e esse não põe”, e aí eu não vou por. Vou ver a configuração da equipe sem eles, e ver se a gente tenta alguma coisa diferente, porque não tem mágica né, vamos jogar contra um time relativamente novo (Unión de Santa Fé), mexe muito, muito forte, muita movimentação e nós temos que entrar preparados né, vamos ver no que vai dar. (…) Hoje eu vi, por exemplo, um pouco, meio tempo, do jogo do Bragantino com o São Paulo. Eu tava no vestiário assistindo, sete, oito reservas do Bragantino (jogando), o Bragantino é um clube que está estruturado pra caramba, mas ainda não tem uma camisa de um Palmeiras, de um Corinthians, de um Flamengo, de um Fluminense. Entrou com oito reservas em campo contra um grande clube que é o São Paulo. Por quê? Porque tem alguma coisa aí nessa semana, terça ou quarta, que eles precisam ganhar. Se eu soubesse que não ia ganhar o hoje, se soubesse que ia perder o jogo hoje, eu tinha poupado, porque terça eu tenho que ganhar também entendeu, e agora? Agora, o plantel, o negócio tá brabo. Em seis dias, três jogos, três noites de sono perdidas viajando, mas viajando assim, tipo, duas da manhã, saindo da onde tava pra chegar as seis, saindo quatro da manhã, pra chegar dez, é complicado, tá desumano pra todo mundo.

O treinador deixou claro que não vai mudar o esquema tático.

– Eu não vou abdicar dos três centrais, nós fomos campeões Carioca dessa maneira, contra um time que também joga com linha de três. Ficamos, acho, que nove jogos sem sofrer gol, então (perder) não é por questão de esquema não.

Após ser questionado se existe alguma prioridade em relação as três competições que o Fluminense está jogando, Abel afirmou que já conversou sobre isso com a diretoria, mas não existe um consenso ainda.

– Nós já conversamos e até agora não chegamos a denominador. Tipo, não tem controvérsia, o que tem é que nós estamos tentando sempre colocar aquilo que é melhor pra equipe. E vai continuar sendo assim, a não ser que se chegue (e fale): a prioridade agora vai ser isso e isso, é simples assim.

O técnico também expressou sua gratidão pelos dois clubes que mais lhe deram títulos na carreira

– É só gratidão, cara. A mesma gratidão que eu tenho ao Inter, eu tenho ao Fluminense, por ser Fluminense de coração. Foram esses dois clubes que me deram tudo aquilo que eu consegui no futebol até hoje, não falo em questão financeira, mas falo em títulos, falo em relação humana, amigos que eu fiz, que eu tenho aqui no Fluminense que eu tenho lá (Internacional)…

Por fim, Abel falou sobre Marlon e a confiança que tem no jogador.

– Assim, se você (repórter) lembra, foi em 2017 ou 2018, eu pedi a contratação do Marlon depois do jogo da Copa do Brasil. Eu confio plenamente nele. Quando eu cheguei, falaram que a possibilidade dele sair era grande, tinha estado fora do país, tinha estado em Portugal, sempre clubes interessados nele… E nós tínhamos 4 laterais: ele, o Danilo (Barcelos), o Pineida e o Cristiano (Silva). Então, dois jogadores foram contratados agora, procurei dar chance, procurei ajudar, procurei o melhor pra eles… O Marlon me entrou num momento difícil, em um jogo difícil e foi bem, a nível de ficar com um nível mental muito bom, muito forte pro jogo, então coloquei, não sei, tomara que que ele se sinta bem, provavelmente será escalado de novo na terça.

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