Alecsander Heinrick e Lucas Barbosa
Qualquer mineiro apaixonado por futebol que nasceu depois dos anos 50 sabe que a maior rivalidade do estado é entre Atlético e Cruzeiro. Desde essa época, o América foi colocado como terceira força do estado. Nos dias de hoje, o Coelho é quem rivaliza com o Galo, já que a Raposa parece estar em um poço sem fundo. O confronto entre os alvinegros e os alviverdes marcou o início da era do futebol em Minas Gerais, sendo chamado de “Clássico das Multidões”.
Atlético e América foram os primeiros times de Belo Horizonte, fundados em 1908 e 1912, respectivamente. Foram eles dois dos organizadores do primeiro torneio do estado (que depois viria a ser o Campeonato Mineiro) em 1915. O Galo foi o primeiro campeão, mas o Coelho conseguiu um incrível decacampeonato (1916-1925). A rivalidade entre os dois surgia como o primeiro clássico do estado, com ambos tendo as maiores torcidas, os principais jogadores e um clima de rivalidade desde cedo. Após o decacampeonato, o Coelho enfrentou um grande período sem títulos, que durou até 1948. Com isso, outros times começaram a ganhar espaço, como o Villa Nova e o Palestra Itália (atual Cruzeiro).
Com o América tanto tempo na seca, o Cruzeiro ganhou mais notoriedade e já fazia frente com o Atlético. Em 1966, quando a Raposa venceu a Taça Brasil, ficou claro que a maior rivalidade do estado já não era mais Atlético e América. O que também contribuiu para o clássico principal ser Atlético x Cruzeiro, foi a construção do Mineirão, em 1965. Desde então, o América nunca mais conseguiu recuperar o posto entre os dois principais times do estado. Mas a história começou a mudar nos últimos dois anos quando, afundado em dívidas, o Cruzeiro foi rebaixado para a segunda divisão, parecendo se afundar cada vez mais, sem conseguir voltar a elite do futebol nacional. O Atlético, com muitos investimentos e construção de estádio próprio, se consolidou como principal força do estado.
AMÉRICA: CRESCIMENTO E VÁCUO DO RIVAL
O início do século XXI foi muito duro para o Coelho. Dívidas, derrotas e rebaixamentos levaram o América-MG a parar no Módulo II do Campeonato Mineiro. Contudo, de 2009 em diante o clube seguiu numa guinada de reconstrução, apesar de alguns tombos.
Aos poucos, o alviverde foi se reestruturando, montando bons times, recuperando sua saúde financeira e, consequentemente, recuperando espaço. Tudo isso, ademais, acontece no momento em que o Cruzeiro “sai de cena” e deixa, por hora, livre a vaga de segunda força de Minas Gerais para o Coelho. Desta forma, o time americano tem sabido aproveitar a lacuna e ganha, a cada dia, maior protagonismo no cenário competitivo estadual e nacional, tendo chegada na semifinal da Copa do Brasil em 2020.
ATLÉTICO: RESSURGIMENTO APÓS INÍCIO RUIM NO SÉCULO
O Atlético é o único time do estado que não deixou de protagonizar a principal rivalidade local. O início do século XXI foi complicado para o Atlético, com campanhas muito ruins e o rebaixamento para a segunda divisão em 2005. O clube conseguiu se reestruturar apenas em 2012, quando foi vice campeão brasileiro. Conquistou na sequência a primeira Libertadores (2013) e a primeira Copa do Brasil (2014) da história do clube. Apesar disso, sempre via o Cruzeiro também no topo, não conseguindo ser o único protagonista do estado.
Nos últimos anos, viu o Cruzeiro mais forte, mais bem preparado e vencendo duas vezes a Copa do Brasil. Mas o rombo de dívidas e a queda para a segunda divisão da Raposa, devolveram ao Galo o posto de protagonista no estado. Além disso, com ajuda de investidores atleticanos, montou um super time e espera voltar a ser campeão de algo grande – algo que não acontece desde 2014.
Segundo os dados do Atlético, ao todo foram 410 partidas disputadas entre as equipes, com o Galo levando a melhor por 204 vezes e o Coelho por 104, somando mais 102 empates. O clássico acontece neste domingo (04), às 16h, no Mineirão. Ambos os times dividem a ponta da tabela (15 pontos casa), com o Galo levando vantagem no saldo de gols.
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