A virada do ano mudou completamente os ares no São Paulo. Líder do Brasileirão durante todo o mês de dezembro, chegou a construir uma vantagem de sete pontos na tabela. Com a passagem para 2021, veio a queda brusca de rendimento: três derrotas em quatro jogos, duas por goleada, a última, custou a liderança para o Internacional, em pleno Morumbi. No entanto, o desempenho ruim dentro de campo estaria ligado aos bastidores do clube. Com a transição das diretorias, demissões e acúmulo de dívidas, o São Paulo vive um princípio de crise.
O ano de 2021 começou conturbado para o São Paulo. Com a troca de gestão na virada do ano, o clube passou por uma complexa mudança estrutural, que teria abalado a relação entre elenco e diretoria. As saídas de Diego Lugano, do cargo de Superintendente de Relações Internacionais, e Alexandre Pássaro, que atuava como Gerente de Futebol, são as mais sentidas nos bastidores do Morumbi.
ALEXANDRE PÁSSARO
Após a vitória de Julio Casares, nas eleições para presidente do São Paulo, o nome de Alexandre Pássaro já era descartado para a próxima gestão. No entanto, ao contrário do que aconteceu com Raí, que teve seu vínculo prorrogado até fevereiro, quando acaba a temporada, Pássaro foi desligado do clube já na virada do ano.
A saída de Pássaro, com as competições em andamento, causou mobilização e comoção entre boa parte do elenco são-paulino. Nomes como o de Tiago Volpi, Bruno Alves, Reinaldo e Dani Alves, todos considerados lideranças entre os jogadores, foram os que se despediram publicamente do dirigente e levantaram suspeitas sobre o ambiente nos bastidores do clube.
O goleiro Tiago Volpi usou suas redes sociais para homenagear o dirigente. No post, o atleta agradece os esforços de Pássaro para trazê-lo ao clube e conclui dizendo: “Você é um pilar muito importante do que foi construído até aqui”.
Em entrevista coletiva realizada nesta semana, Daniel Alves se manifestou contrário a saída de Pássaro do clube, com as competições em andamento:
“A única falta que sinto, que eu gostaria que tivesse continuado, era do Pássaro. Uma pessoa que batalhou com a gente, não gostaria que tivesse saído neste momento. Foi uma pessoa que tomou porrada para caramba, como a gente tomou, e no momento que a gente estabilizou, ele teve que nos deixar. Particularmente falando, gostaria que ele tivesse continuado até o final com a gente. Mas enfim, as decisões foram tomadas e a gente tem que respeitar”.
Daniel Alves, em coletiva realizada na última quinta-feira (21).
Ao lado de Raí, Alexandre Pássaro comandava o departamento de futebol do Tricolor, fazendo o papel de ligação entre diretoria e elenco. A não continuidade do dirigente teria abalado a confiança dos jogadores, que viam Pássaro como um pilar entre o gramado e os cartolas do clube.
Carlos Belmonte, conselheiro do clube, foi o designado pelo presidente para assumir o cargo deixado por Alexandre Pássaro. No entanto, o novo dirigente não teria a mesma aprovação do grupo, que preferia ter Pássaro, ao menos, até o final do Brasileirão.
DÍVIDAS
Segundo informações do UOL, o São Paulo estaria enfrentando problemas financeiros para manter o acordo de alguns pagamentos com seus atletas. De acordo com o portal, as dívidas teriam relação com parte dos direitos de imagem e pendências contratuais. O salário em carteira, no entanto, estaria em dia.
Além disso, o Tricolor Paulista já vem sofrendo com problemas financeiros há algum tempo. De acordo com um estudo sobre a saúde financeira dos clubes brasileiros, o São Paulo foi a equipe que a dívida geral sofreu o maior crescimento de 2018 para 2019: de R$ 312 milhões, passou a R$ 526 milhões.
O balanço de 2020 sairá apenas em 2021, mas a expectativa é de que a dívida esteja ainda maior por conta dos agravantes ocasionados pela pandemia.
REFLEXOS DENTRO DE CAMPO
As confusões nos bastidores parecem ter pesado no desempenho dos atletas dentro dos gramados. Desde que a nova gestão assumiu, em 01 de janeiro, o São Paulo ainda não venceu uma partida e de quebra, viu a liderança escapar após sete rodadas seguidas na ponta.
Desde a virada do ano, são quatro partidas disputadas e três derrotas, duas por goleada – 4 a 2 para o RB Bragantino e 5 a 1 para o Internacional – além de outro empate. Com a sequência ruim, o Tricolor perdeu a liderança da competição, depois de abrir mais de sete pontos de vantagem em dezembro.
Restando sete jogos para o término do Brasileirão, o São Paulo (57) está dois pontos atrás do Internacional (59) e pode ser ultrapassado pelo Flamengo (55), que tem uma partida a menos.
Para tentar escapar da crise, o Tricolor volta a campo no sábado (23), diante do Coritiba, às 19h, no Morumbi. O Coxa é o 18º colocado do Brasileirão e, junto do Goiás, é a equipe que tem menos vitórias na competição, com seis.
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