O Bahia foi derrotado pelo Atlético-MG neste domingo (25), por 3×0, no Mineirão. O time de Dado Cavalcanti adotou uma estratégia de jogo mais cautelosa para o confronto, após o revés para o Flamengo na rodada anterior. Em entrevista pós-jogo, o treinador falou sobre essas mudanças e o desempenho da equipe no jogo.
— A condição técnica dos adversários que nós enfrentamos ultimamente precisa ser levada em consideração, na nossa dificuldade com a ausência de Daniel, no aspecto de jogar. Mas existe, principalmente, a condição de, em outro momento do jogo, que é quando a gente está sem bola. Hoje, diferente do jogo da semana passada, contra o Flamengo, nós entramos com uma proposta muito mais definida, em relação à contenção. Não dá para jogar tudo que a gente fez hoje no lixo. Tiveram muitas coisas boas, que aconteceram com essa formatação com três jogadores mais de contenção no meio. Óbvio que é o eterno cobertor curto do treinador. Às vezes, quando você quer reforçar sua defesa, abre mão um pouco da chegada ofensiva. E, quando você quer reforçar o lado ofensivo, às vezes, desguarnece a defesa. O placar elástico se deu, depois, por erros individuais, que fazem parte do jogo. Mas o coletivo, em cima da estratégia, não vou jogar tudo no lixo — afirmou.
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O técnico falou sobre a estratégia na escolha do meio-campo e acredita que o placar elástico foi um pouco ‘mentiroso’.
— A estratégia de povoar o meio surtiu efeito. Mas sabíamos que o Atlético-MG era um time que explora muito o meio. Num deslize nosso, num momento em que não preenchemos esse espaço, aconteceu o primeiro gol. Foi uma fatalidade nossa coletiva, mas uma qualidade do adversário. Os outros dois aconteceram em erros, que fazem parte. Os jogadores estão em campo, às vezes para errar, outras para acertar. Tentar corrigir o máximo possível os erros individuais, porque o placar de 1 a 0 no jogo de quarta-feira nos deixa vivos na Copa do Brasil. O placar de três, não. São completamente diferentes as condições que a gente entende. Vamos juntar os cacos, procurar o melhor para o Bahia para quarta-feira, mas volto a falar: não vou jogar tudo no lixo. O placar de 3 a 0 foi um pouquinho mentiroso em relação ao que as duas equipes apresentaram e, principalmente, ao que o Bahia apresentou de forma defensiva hoje — disse.
Apesar dos três gols sofridos, o treinador defendeu a estratégia adotada.
— Eu reconheci, no jogo passado, uma condição onde pus em campo os melhores jogadores que o Bahia tinha tecnicamente. Eles estavam em campo ao mesmo tempo. Deixar claro que melhores jogadores à disposição tecnicamente, no jogo contra o Flamengo. Isso foi prejudicial, nossa equipe acabou se expondo demais. Fiz a reflexão, até depois mesmo da coletiva, conversei com os jogadores. Entendi que não necessitaríamos de trocar tiros com o Flamengo. Entendendo que o Atlético-MG tem um dos melhores elencos da Série A, penso eu até melhor do que o Flamengo. Os três melhores elencos da Série A são Atlético-MG, Flamengo e Palmeiras. Entendo que o Atlético até supere os outros adversários. Então entendi que não precisava trocar tiros aqui contra o Atlético. Fizemos um jogo um pouco mais conservador. Um jogo onde a gente precisava se defender melhor — disse.
— Entendo que nos defendemos muito melhor do que no jogo passado, visto que o adversário teve pouquíssimas chances claras de gol. Concordo que acabou não tendo tantas chances claras, mas beliscamos um pouquinho nosso adversário, tivemos umas bolas paradas boas, umas bolas aéreas boas, mas longe daquilo que temos como ideal. Passo por um processo de evolução, reflexão. Entendo que a estratégia do jogo passado foi ruim, foi um erro. Mas a de hoje, não — completou.
O treinador também falou sobre a escolha do zagueiro Ligger, que cometeu falhas individuais no jogo.
— São condições muito específicas. Defender uma hipótese numa oportunidade como essa fatalmente faz um dos lados pesar um pouco mais. E eu não vou jamais, em hipótese alguma, falar a respeito de preferência em relação a um jogador ou outro. Porque todos os jogadores que estão no Bahia fazem parte de um elenco extremamente dedicado. São jogadores que fazem o melhor pelo clube, dão seu melhor. E eu, como comandante, vou valorizar todos eles. Essa avaliação é muito específica. Há bem pouco tempo, existiam questionamentos individuais sobre outros jogadores. E essa é uma condição com que sei que vou conviver durante muito tempo. A função de treinador é essa, tomar as decisões mais coerentes para o nosso clube, pensando sempre no melhor para o Bahia. Para o momento, optei pela entrada do Ligger. Vamos refletir sobre tudo. Única coisa que não vou fazer é generalizar ou associar quantidade de gols tomados a um jogador só, porque isso não funciona no lado do vestiário — comentou.
O tricolor apresentou pouca produtividade ofensiva na partida. Dado comentou sobre a falta de poder no ataque.
— É uma condição relativa. Citei muito o exemplo do jogo passado, também as ausências de algumas peças fundamentais, que fazem falta. Qualquer equipe no Brasil, quando perde um titular, sente. Algumas equipes sentem menos, como Atlético-MG, Flamengo, Palmeiras. O Bahia, sim, e as soluções precisam ser dadas. Mas o equilíbrio é o mais importante. Às vezes, se pensa muito na ofensividade. E o reforço ofensivo não acontece e a condição defensiva acaba sendo desguarnecida, como foi no jogo passado. Acho que tudo no tempo certo. Vamos fazer nosso trabalho bem feito para que, na quarta-feira, a gente tenha um resultado diferente — comentou.
O técnico comentou sobre a substituição de Rossi no segundo tempo. O jogador vinha sendo uma arma importante para o contra-ataque.
“A troca do Rossi não foi técnica, ele fazia uma partida de regular a boa. Apenas precisava dar uma oxigenada no nosso time. A gente perdia já por 1 a 0. Entendi que precisava fazer a troca de um dos lados para ganhar um pouco mais de profundidade. Ao mesmo tempo, a troca do outro lado também é salutar. Então, às vezes, as trocas não são técnicas, são buscando algo diferente. O Maycon Douglas, assim que entrou, já fez duas boas jogadas individuais, sofreu falta na entrada da área, nos proporcionou uma condição de finalização. Deu, num primeiro momento, aquele susto no adversário, fazer uns confrontos individuais. E jogar nossa equipe um pouco para o campo adversário. E isso só acontece, infelizmente, com trocas.”
“Se eu escolhesse, talvez, a troca por um outro atleta, eu cairia talvez na condição de erro de desguarnecer a defesa. E, contra um adversário tão qualificado quanto o Atlético-MG, é necessário medir muito bem as armas que temos à disposição e quais precisam ser usadas. Essa foi a minha opção. Rossi vinha fazendo uma boa partida. Mas nem sempre as trocas são por questão técnica. Existem questões físicas, táticas, e algumas situações estratégicas. O Atlético já voltou do intervalo com duas trocas muito rápidas e que poderiam mudar um pouco o desenho. Um a zero contra, pensei em dar uma oxigenada na nossa saída, ganhar dois jogadores velozes. O Maycon entrando com um pouco mais de gás, com tanque cheio, para tentar surpreender o adversário.”
Com a derrota, o Bahia estacionou nos 17 pontos no Brasileiro. Dado falou sobre o momento ruim e a condição na competição.
— A constância é uma condição de campeonato que dificilmente uma equipe consegue ter. As 20 equipes, incluindo os líderes… O Palmeiras, por exemplo, há umas cinco, seis rodadas atrás, vivia um momento de instabilidade muito grande. Hoje é a gente que vive. Ninguém aqui está fechando os olhos para isso. É ter tranquilidade. Foram três jogos pesados, três resultados muito ruins. Mas teremos, penso eu, uma condição de evolução com os próximos adversários no Campeonato Brasileiro. Talvez com mais opções de jogadores que estão chegando, em treinamento e tentando melhorar sua performance para que possam contribuir futuramente conosco. E o momento é de ter mais serenidade, reflexão. Mas é um momento que vai passar — disse.
O Bahia tem apresentado certa instabilidade e desequilíbrio em desempenho e elenco. O técnico comentou sobre essa situação e da busca por reforços para diminuir as carências da equipe.
— A explicação é muito simples. As mudanças de peças nos trouxeram algum desequilíbrio. As saídas de jogadores que estavam encaixados e faziam peças fundamentais. Não estou aqui chorando leite derramado, mas a saída do Daniel e Thaciano, na condição ofensiva, da construção, faz efeito muito grande, pelas reposições não terem as mesmas características e sermos forçados a mudar desenho. O Juninho, mesmo sendo zagueiro, também contribuía muito. Mas sem chorar o leite derramado, a gente precisa buscar as soluções. As minhas soluções talvez, para o momento, não estejam surtindo o efeito esperado. Tentei fazer uma equipe mais técnica contra o Flamengo, e tomamos de cinco. Hoje tivemos uma equipe mais de contenção. Volto a falar, enquanto estávamos com as guardas altas, tomamos um gol. penso eu que os outros dois poderiam ter sido evitados, sem menosprezar o que o adversário tem de qualidade. Mas também sem estabelecer uma condição de muita diferença em relação à questão técnica do que vai acontecer na quarta-feira. Terei o maior cuidado possível em buscar as soluções para o momento. é um momento ruim, de instabilidade, não quero passar pano em cima disso. São três derrotas seguidas. Mas sei também como as derrotas aconteceram, contra os adversários que elas aconteceram. Então a dificuldade de escalação da equipe. Entendo também que, num futuro próximo, o Bahia terá um pouco mais de opção, mais de jogadores à disposição. Com isso, vamos ganhar um pouco mais — disse.
— Temos muita consciência em relação ao nosso elenco e também à necessidade. Já falei que tem dois jogadores contratados que não estrearam, estão esperando a janela ser aberta. Mas temos ainda o Daniel, que vai agregar um pouco mais, após a punição do STJD. Já são três reforços. E nossa direção ainda tem buscado no mercado a possibilidade de contribuição maior para que a gente ganhe um pouco mais de firmeza num campeonato tão duro quanto o Brasileirão — afirmou.
O próximo compromisso do Bahia será novamente contra o Galo no Mineirão, na quarta-feira (28), pela Copa do Brasil. O tricolor volta a jogar no Brasileirão no próximo domingo (1), contra o Sport, em Pituaçu.