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De preterido até a torcida fazer o L: o primeiro ano de Germán Cano pelo Fluminense

FOTO: MAILSON SANTANA/FLUMINENSE FC

Se você perguntasse a qualquer tricolor, em dezembro de 2021, quem era o seu preferido entre Ricardo Goulart e Germán Cano para ser o novo reforço do Fluminense para a temporada de 2022, certamente que 95% responderia o primeiro. Ao ver que o argentino estava sendo cotado para ser contratado pelo Flu, muitos reprovaram, pois Cano estava vindo de um ano decepcionante em campo, assim como o time do Vasco em um todo, mas que estatisticamente falando, foi razoável.

Já Goulart era tratado como uma estrela, o jogador decisivo que tanto pediam, pelo fato do brasileiro naturalizado chinês ter tido passagens de sucesso por Cruzeiro e Guangzhou Evergrande. O atual camisa 14 chegava até a perder disputa de preferência contra Gilberto, atacante ex-Bahia, que estava no radar do clube na época também.

Goulart e Gilberto acabaram por não vir, sobrando espaço para Cano ser contratado. E assim se confirmou. No dia 13 de janeiro de 2022, ele era anunciado de forma criativa pelo Fluminense, inspirado em Mario Bros, clássico jogo de videogame do Super Nintendo. A partir disso, o resto é história.

O início do casamento

A relação de Cano com o Fluminense começou com uma derrota de 1 a 0 para o Bangu, pelo Campeonato Carioca. Entretanto, pouco pôde fazer, já que jogou apenas sete minutos daquela partida. Uma semana após o revés, o argentino marcaria seu primeiro gol pelo clube, contra o Audax. Era a primeira bola na rede das 44 do jogador em 2022.

Com menos de três meses de clube, Cano já havia marcado contra sua ex-equipe, o Vasco, e comemorou como se não houvesse amanhã. Fez o gol da classificação para a final do estadual no último lance do jogo, contra o Botafogo, em um dos momentos mais marcantes do ano tricolor. Além disso, os três tentos do Fluminense nas finais do Carioca, contra o Flamengo, vieram de seus pés.

Com os feitos citados acima, Cano, que não foi em nenhum momento unanimidade entre os torcedores, já começava a ganhar simpatia dos torcedores. Em tão pouco tempo de clube, ele já parecia estar identificado. Prova disso, é o vídeo que gravaram do atacante, em comemoração com o elenco após o título estadual, em que ele pula, vibra e canta sem parar a música que a torcida criou para ele e que provoca o rival Vasco.

Após toda a euforia, Cano continuou marcando, seja pela Copa do Brasil, contra o Vila Nova, na Copa Sul-Americana, fazendo seu primeiro hat-trick no jogo histórico contra o Oriente Petroleto, ou no Campeonato Brasileiro, onde demorou quatro rodadas para engrenar até marcar o seu primeiro contra o Palmeiras, em um confronto que marcou a reestreia de Fernando Diniz – substituindo Abel Braga, que não resistiu aos péssimos resultados e pediu demissão – pelo Flu na competição.

Alías, é com Diniz que o argentino começa a realmente engatar a marcha rumo ao seu ano mágico.

A conquista definitiva de todos os corações dos tricolores

Entre os meses de junho e julho, o Fluminense viveu aquele que talvez tenha sido o seu período mais mágico na temporada passada. O time começou a jogar um futebol vistoso e a torcida compareceu em peso no Maracanã para presenciar os últimos passos do ídolo Fred como jogador profissional. Nesse recorte, o clube disputou onze jogos, com Cano marcando sete vezes. Os jogos mais marcantes do argentino foram justamente os dois últimos de Fred, contra Corinthians e Ceará.

Contra o clube paulista, o argentino marcou duas vezes na goleada por 4 a 0. Já contra a equipe cearense, Cano colocou uma bola na rede e deu uma assistência. Nos dois jogos, fez questão de comemorar com o ex-atacante, e hoje diretor de planejamento esportivo do Fluminense, fazendo o gesto de coração que tanto fez sucesso no início da histórica passagem do antigo camisa 9 tricolor.

A relação que se foi criada entre os dois parecia uma passagem de bastão. E a torcida parece ter comprado isso, caindo definitivamente nas graças dela. Cano, que já tinha seus humildes 25 gols na temporada, virou unanimidade nas arquibancadas, e todos pareciam entender a torcedora vascaína que tatuou o argentino no braço, pois era impossível não gostar de Germán.

Recordes sendo quebrados e a sensação de um novo ídolo estar surgindo

Cano não parava de fazer gols. E mesmo com o Fluminense oscilando, ele dava um jeito de contribuir colocando bolas na rede. Seu tempo máximo de seca foi de apenas quatro jogos. Nisso, começou-se a olhar com mais atenção possíveis recordes que o argentino poderia quebrar pelo clube, no Campeonato Brasileiro e em sua carreira, caso continuasse a marcar.

Pelo Flu, em uma temporada, o camisa 14 poderia se tornar o jogador e o estrangeiro com mais gols, o maior artilheiro do clube pelo Brasileirão e o atleta que mais entrou em campo. Pelo Campeonato Brasileiro, a possibilidade de virar o “gringo” com mais bolas na rede e maior goleador da competição desde que assumiu o formato por pontos corridos com 20 clubes. Além disso, havia a possibilidade de fazer 2022 a sua temporada com mais tentos na carreira.

Cano conseguiu superar todos. O último veio na última rodada do Brasileirão, onde o único gol do Fluminense na partida contra o Red Bull Bragantino rendeu a ele o posto de maior artilheiro do Campeonato Brasileiro de 20 clubes. com 26 gols. Nada mal para o atacante fechar a melhor temporada de sua vida com o único feito que faltava para encerrar o ano com chave de ouro.

Como dito acima, a sensação é de que Fred passou o bastão para Cano. Claro que o argentino não é uma jovem promessa, pois todos sabem dos seus recém completados 35 anos. Porém, a identificação que foi criada com o torcedor e o clube, a quantidade de gols marcados e a importância do jogador dentro de campo fazem com que haja a sensação de que um novo ídolo está para surgir nas Laranjeiras.

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