O ex-técnico do Sub-20 do Corinthians, Dyego Coelho, fez duras críticas à gestão da base do Timão. Assim, em entrevista a Central do Mercado, do GE, o treinador falou sobre sua relação com os garotos e a sua passagem pelo Alvinegro.
“A gente sabe o quanto o Corinthians é político e o quanto de pessoas boas têm ali. O pior de tudo é que são essas pessoas que estão no topo. O problema são os funcionários sem capacidades para estar ali e gerir adolescentes com problemas, gerir situações táticas, ajudar a fazer o bem para o clube. Ajudar não é rede social, é parar de pensar em você, achar que sabe tudo, parar de tratar pessoas mal, humilhar algumas pessoas, e seguir em frente como se fosse normal. A maior joia do clube é a base. E o pior: não ligam para aquilo. É preciso contratar quem entende do ser humano, do futebol, para evoluir o ser e torná-lo grande atleta. Não querem ver isso, querem ver o próprio umbigo. Não merecem ter lugar ali. A gente vai perdendo jogadores, seres humanos com situações melhores”, disse Coelho.
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“Cuidar do ser humano primeiro não é fácil, mas sei que tem gente capacitada para isso. Não é só vitória que interessa na base, tem uma série de coisas. O Corinthians é estruturado, tem um CT fantástico, um clube que ainda funciona. Tem um nível muito alto nisso. De alguns profissionais, o sub-17 foi campeão paulista com o Gustavo, é um grande profissional, e outros que elevam o clube. Em nível técnico e tático, dos profissionais, hoje está muito abaixo dos grandes. Tem coisas a mudar drasticamente. Os eliminados são bons jogadores, talentos que precisam ser trabalhados”, completou.
Um dos atletas que Coelho teve mais convívio foi o volante Du Queiroz. O técnico teceu elogios ao atleta e sua história de vida, o colocando como exemplo de cuidado que é preciso ter com o aspecto pessoal dos meninos.
“Ele vem de uma dificuldade muito grande. Para o Du, é algo importante: o ser humano vem primeiro do que o atleta, e no Corinthians, às vezes, não acontecia isso. A gente começou a perguntar para os jogadores se estava tudo bem em casa. Quando a gente blindou o sub-20, o Du foi exemplo, porque falava dos problemas. Coisas pesadas. Vejo tudo que passou para chegar aonde está hoje é muito legal. Traz tudo aquilo que passou quando era reserva. Personalidade gigante, forte. Fico feliz em tê-lo ajudado a chegar onde está hoje. Sabemos o que passou. Roni e Xavier jogavam na função dele, ele sempre atrás. (Eduardo) Barroca (ex-técnico) me ligou um dia e falou: “O Du é f…”. Era o que a gente já tinha visto. Ele é f… mesmo. É a cara do Corinthians. Colocando a camisa do Corinthians, tem uma chance na vida. Isso é o Eduardo em campo”, falou o treinador.
Contudo, dentre as dificuldades que enfrentou gerindo os atletas das categorias de base do Corinthians, Dyego tratou de revelar as improvisações que teve de fazer, conseguindo ainda impedir a dispensa do lateral-esquerdo Lucas Piton, do Timão.
“A geração boa mesmo foi embora antes. Xavier, Roni, Vitinho… Os melhores já tinham ido embora, esses alguns estavam em lista de dispensa. Não tínhamos dinheiro para comprar, a gente tinha que peneirar para achar quem podia jogar no sub-20. O Piton estava em lista de dispensa, porque era do futsal e jogava na frente. Colocamos ele na lateral para tentar jogar em cima da linha. As coisas foram acontecendo e fomos aprimorando e evoluindo Du, Vitinho, Gabriel Pereira, Xavier, Piton, Janderson, Adson. Jogadores que no começo não jogavam muito. Tínhamos que trabalhar esses caras, mérito deles. Jogam acima do nível”.
Veja abaixo, outros trechos da entrevista de Dyego Coelho:
Cássio x Ivan
“Eu vejo assim: convivendo com o Cássio, as pessoas precisam entender que o profissionalismo dele é algo absurdo. Falo com absoluta certeza, pode ser o Ivan ou qualquer outro goleiro, ele não precisa de sombra. Não deixa a situação tomar conta, quer trabalhar. É um exemplo para todos ali dentro. Tem totais condições de jogar por muito mais tempo. Tecnicamente é evoluído, melhorou com os pés. Não deixa nada abaixar o nível. Trabalha muito e fará a mesma coisa com ou sem sombra. Ivan é um baita goleiro, geração bem mais nova, bom para o futuro. Mas não vejo como sombra.
*Nota da redação: Ivan deve ser anunciado nos próximos dias pelo Timão. Ele tem 24 anos e estava na Ponte Preta”.
Sylvinho
“Eu, às vezes, pego algumas situações de Corinthians, relembrando, a primeira situação é de ir para apagar um incêndio. A primeira passagem foi melhor do que a segunda. O Sylvinho é o treinador do Corinthians, eu não fui efetivado. Vejo nele um cara muito seguro nas decisões, por mais que tenha esse externo. Corinthians é gigantesco. Ele tem um respaldo muito grande. Vi que que ele tem um propósito no Corinthians e dá conta, tem nível alto, competente demais. É questão de tempo”, explicou, Coelho.
Experiência à frente do Corinthians
“A primeira passagem tinha uma organização do Carille muito grande ainda. Era colocar o time para frente, defensivamente já tinha organização. Quando ele sai, a gente sabe da qualidade. Só mudamos um pouco a chave para jogar um pouco mais ofensivo. Os jogadores compraram a ideia e fomos juntos”.
“Na segunda, já encontrei realmente um clube desorganizado. Leva tempo para organizar. Vem essa questão de mexer no carro andando. A gente tenta traçar uma linha, mas é complicado pela desorganização tática que encontrei. Era um estilo de mudança com outro treinador. O Carille vinha de uma linha de muito tempo já”, finalizou.